Este título lacónico serve, ao mesmo tempo, como homenagem por um ser humano que faleceu de uma forma brutal, mas também como sinal de respeito por todos os que partiram das mais cruéis maneiras.
Paulistão. O Estadual mais famoso do Brasil. Jogaço. São Paulo versus Santos. Tem (ou tinha) tudo para ser uma festa. O encontro acaba empatado 0-0. Placard final. Foi um bom jogo, com oportunidades, mas a bola acabou por não seguir o rumo do golo. Mas o pior foi o que aconteceu a seguir. Adeptos do tricolor espancaram um adepto do Santos até à morte.
Depois do encontro, como é óbvio, os fãs de ambas as equipas seguiram, não errantes, o caminho até casa. Numa paragem de autocarro, Márcio Barreto de Toledo esperava pacientemente pelo gigante de oito rodas que nunca mais vinha. E, para ele, acabaria por nem sequer chegar. Márcio foi espancado, ao ponto de ficar estropiado e morrer num hospital da capital paulista. O santista tinha 34. Provavelmente ainda teria alguns sonhos. Uma família que beijar quando chegasse a casa. Mas o que interessa se ele era santista, ou paulistano ou outra coisa qualquer?
Noutro incidente, um jovem, também do Santos (isso não interessa, é meramente uma informação) também foi brutalmente esmurrado, pontapeado e outros particípios passados nada agradáveis. Desta vez foi no subsolo; no Metro. Está em estado grave.
Sabemos que gente boa e gente má há em todo o lado. Piedade já é pedir muito. Compreensão? Talvez seja suficiente. E como não me quero alongar mais, peço a quem comanda esta vida, lá de cima, sobrenatural ou não, que tenha piedade de nós aqui em baixo. Que até já nos matamos por um simples espetáculo desportivo. A todos aqueles que faleceram em vão deixo estas palavras. Depois? Nada mais. Apenas silêncio.