Franceses querem ajuste de contas | Barcelona x PSG

    No dia 8 de março de 2017, aconteceu o impossível. O Barcelona virara uma eliminatória, que para muitos seria impossível, ao ganhar 6-1 em Camp Nou depois de uma derrota no Parc des Princes por 4-0. É um jogo que fica para história como uma das maiores expressões de esperança e transcendência. Uma figura muito importante desse dia foi Luis Enrique, na altura, treinador da formação catalã, atualmente, comanda os parisienses.

    Hoje, o PSG continua a dominar internamente, como há sete anos (se bem que em 2016/17 o campeão francês foi o AS Monaco) e a ter ambições altas na Europa sem ter muitos resultados positivos por mostrar. Desde o “Desastre de Barcelona”, o PSG já conseguiu chegar à final (2019/20) e às meias-finais (2020/21), mas as duas últimas campanhas europeias acabaram cedo – oitavos-de-final. Depois das saídas de Lionel Messi e Neymar, tentaram uma nova abordagem com uma política de contratações menos “galáctica” e Luis Enrique a trazer uma metodologia de jogo mais vincada. Ao leme do técnico espanhol, há mais foco na manutenção da posse e no controlo do jogo com bola. No início da temporada, surgiram muitas críticas face às dificuldades na criação de oportunidades e à abordagem defensiva, mas justo será dizer que se tem notado uma evolução gradual com o treinador a mostrar capacidade de adaptação, visível na eliminatória com a Real Sociedad, com Luis Enrique a usar Ousmane Dembélé num meio-campo a 4 na segunda mão, depois do extremo ter sido solicitado como extremo-direito no primeiro jogo. Acima de tudo, esta época é marcada por uma maior valorização do coletivo.

    Luis Enrique PSG
    Fonte: Paris Saint-Germain FC

    Apesar disso, a figura principal do clube é uma das melhores individualidades do mundo e se o PSG quer continuar a progredir na competição e, precisará de Kylian Mbappé em todos os jogos e esquecer a gestão de minutos presente nos jogos do campeonato. Mas não tem sido apenas Mbappé a brilhar. Vitinha foi desbloqueado por Luis Enrique e é peça fundamental no meio-campo. Já era conhecido pela sua capacidade na construção e criação, mas é algo desvalorizado no jogo sem bola. Tenaz, combativo, inteligente e eficiente apesar da sua constituição física. Warren Zaïre-Emery tem 18 anos, mas dispõe-se em campo como se tivesse 30. Maturidade, qualidade técnica e inteligência tática garantem-lhe a titularidade numa das melhores equipas do mundo. Gianluigi Donnarumma ficou marcado pelo erro em Madrid há dois anos que começou o descalabro e eventual eliminação parisiense, mas sempre foi confiável entre os postes e pode definir uma eliminatória numa competição com estas características – à semelhança de Courtois.

    Já o Barcelona tem sofrido alguma turbulência esta época (mais nacionalmente do que na Liga dos Campeões). Os atuais campeões nacionais estão a oito pontos do rival da capital no campeonato e falharam os outros dois objetivos domésticos (Taça do Rei e Supercopa Espanhola). A Europa tem servido de escape, com a equipa a terminar em primeiro no seu grupo à frente do FC Porto e eliminando o Napoli na ronda mais recente. Mas, para surpresa de ninguém, as lesões têm sido peça-chave para uma época menos tranquila dos catalães e Xavi Hernández não tem contado com Pedri, Gavi, Frenkie de Jong, Alejandro Baldé e Andreas Christensen. Face a estas e a outras indisponibilidades, o clube tem olhado para a formação com alguns jovens a ganharem uma preponderância inesperada. Lamine Yamal (16 anos) e Pau Cubarsí (17 anos) são jogadores de afirmação imediata, a mostrarem que não jogam por necessidade, mas pela qualidade que exibem – autênticos talentos geracionais.

    Pau Cubarsí a treinar pelo Barcelona
    Fonte: FC Barcelona

    Há um decréscimo evidente no jogo defensivo. Uma equipa que foi campeã pela segurança defensiva, de repente abre espaços entre linhas que antes não existiam. Isto é fruto da saída de jogadores importantes e o impacto (ou a falta dele) dos seus sucessores. Sergio Busquets que não teve um substituto à altura e as entradas de João Cancelo e de João Félix oferecem menos rigor na defesa.

    Em casa, o PSG parte como favorito aproveitando um bom momento (27 jogos invencível) e tendo o jogador mais decisivo em campo. Esperam-se variações de 1-4-3-3 de ambas as partes com as características dos jogadores escolhidos a serem determinantes para a interpretação de cada posição. O Barcelona quererá levar a eliminatória viva para a Catalunha e para isso Xavi tem de traçar um bom plano para minimizar o impacto de Mbappé. Provavelmente, com Ronald Araújo ou Jules Koundé a fazer de lateral baixo para deixar o lado direito da defesa sempre protegido. Num contexto tão equilibrado, as individualidades podem fazer a diferença.

    Nada ficará decidido na primeira mão, como o jogo de 8 de março de 2017 bem indica, mas olhando para a emparelhagem das meias-finais, ambas as equipas, em caso de apuramento, evitam os quatro “tubarões” na próxima fase, e isso será motivante para ambas aspirarem a levantar o título em Wembley.

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