És mesmo cínico, Real. Calma, é um elogio| SC Braga 1-2 Real Madrid CF

    A experiência e o cinismo superaram a capacidade de luta. O SC Braga jogou bem e sem medo, mesmo ciente dos riscos que corria, e não foi na qualidade técnica ou tática que cedeu. Os bracarenses utilizaram Vítor Carvalho, em momento defensivo, como terceiro central, no meio de Saatci e Niakaté, mas seria tremendamente injusto dizer que a turma de Artur Jorge jogou para defender ou “a medo”.

    Pelo contrário, colocou muitas vezes a sua linha defensiva alta – frente a uma equipa com Rodrygo e Vinícius Júnior na frente – e não só tentou, como conseguiu colocar em desconforto o Real Madrid CF. Como o próprio Ancelotti referiu na Conferência de Imprensa, isso permitiu aos merengues encontrar espaço nas costas da defesa bracarense, é certo, mas também permitiu ao SC Braga ter mais bola e bola mais perto da baliza do que se calhar se previa antes da partida.

    Na segunda parte e depois do 0-2, os arsenalistas foram ainda mais ambiciosos, fazendo entrar Bruma e Abel Ruiz para imprimir velocidade e técnica na frente. Conseguiram-no, mas não o suficiente para quebrar pela segunda vez o Real Madrid CF, que, após sofrer o 1-2, vestiu a sua pele mais cínica e de equipa rodada, sem permitir que o SC Braga e as bancadas se empolgassem na busca do empate.

    Os minhotos bem queriam acelerar a partida, mas os madrilenos não deixavam. Ora quebrando o jogo sem bola, ora esticando o jogo com bola, procurando Vini Jr. na frente, os espanhóis souberam conter o ímpeto bracarense e não deixar fugir uma vitória muito suada. No final, ganhou quem é melhor, mas, acima de tudo, quem tem muito, mas muito mais experiência nestes palcos. E, diga-se, quem mais soube ser cínico no melhor dos sentidos futebolísticos da palavra.

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    BnR: O SC Braga jogou 65 minutos com uma linha de cinco quando defendia, mas era uma linha, muitas vezes, pouco “larga”, com os cinco jogadores muito por dentro, fruto da muita gente que o Real Madrid CF colocava no corredor central. Com isso, os merengues iam encontrando com alguma frequência jogadores nos corredores exteriores. Fazia parte da estratégia obrigar o adversário a jogar por fora? E pergunto-lhe se dessa forma evitavam dar espaço nas costas da defesa, uma vez que Ancelotti disse que foi assim que o Real Madrid CF feriu o SC Braga?

    Artur Jorge: Nós tínhamos essa amplitude, mas a nossa linha de cinco era constantemente desdobrada no momento em que o nosso lateral acabava por encurtar no lateral contrário e, dessa forma, aquilo que era uma linha de cinco passava a uma linha de quatro, porque o nosso lateral do lado da bola acabava por ser um jogador mais adiantado em relação a essa mesma linha. Portanto, não fomos uma linha de cinco encostada à área, procurando fechar os caminhos para a baliza. A verdade é que tivemos muitos momentos com a nossa linha defensiva mais alta. Mas isto é nós procurarmos aquilo que eu tinha pedido aos jogadores, termos a ambição de procurar condicionar, de obrigar a errar, recuperar bolas em zona mais alta para, dessa forma, estar mais próximo da baliza adversária. Sabíamos que tínhamos essa exposição. De qualquer forma, era um risco que tínhamos e em momentos essa linha mais adiantada facilitou a procura do jogador sem oposição para lançar para as costas da nossa linha defensiva.

    Outras declarações:

    “Não gosto de pôr os jogos na sorte ou no azar. Fizemos um jogo de grande personalidade”.

    “Não era o resultado que pretendíamos, mas retiro muito mais coisas positivas”.

    “O Vítor Carvalho foi o nosso terceiro médio, que em linhas mais baixas recuava para fazer uma linha de cinco. Poupámos o trabalho defensivo a jogadores mais ofensivos”.

    “Queremos manter esta dinâmica nos próximos três jogos”.

    “O que fizemos em termos de jogo jogado deixa-me muito orgulhoso. Os jogadores entregaram-se de corpo e alma”.

    “Com Bruma e Abel procurámos ter mais velocidade na frente”.

    Declarações de Carlo Ancelotti:

    “Jude Bellingham está bem, apenas cansado, como todos”.

    “Este golo vai ajudar Rodrygo nos próximos jogos”.

    “Gostei de ver Camavinga como médio defensivo, fez um grande jogo”.

    “Conseguimos aproveitar o espaço atrás da defesa do SC Braga, que jogou com uma linha alta na primeira parte. Foi assim que fizemos o primeiro golo”.

    “O SC Braga ataca com muitos e é difícil recuperar a bola contra uma equipa que joga assim”.

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.