A CRÓNICA: CINCO GOLOS E DUAS REVIRAVOLTAS EM 120 MINUTOS DE MUITO ESPETÁCULO ENTRE REAL MADRID E CHELSEA
“Neste momento, não estamos vivos na eliminatória”, afirmou Thomas Tuchel na 1ª mão. Esta noite, a mentalidade foi outra. O Chelsea FC não tinha nada a perder e vinha fazer tudo menos turismo em Madrid.
Nos primeiros 15 minutos, os blancos entraram em modo gestão de resultado, ao baixar o ritmo sempre que dispunham do esférico. Foram ingénuos e permitiram ao adversário a construção de algo muito perigoso: esperança. Numa belíssima jogada, Mason Mount atira a contar e reduz a desvantagem (0-1) – o despertador que acordaria um Real Madrid passivo até ao momento.
Depois, o filme foi outro. O Real Madrid CF queria, mas não conseguia. Estava a ser dominado pela equipa britânica. Sufocado, aliás. O objetivo era sobreviver até ao intervalo e talvez mudar a estratégia para a segunda parte.
Não mudaram e por isso, puseram-se a jeito. Ao minuto 51, o Chelsea FC confirmou duas coisas: a reviravolta (0-2) e que apenas os Blues estavam a ter “cabeça”. E não falo apenas do golo de Antonio Rudiger. Contudo, parece que este novo despertador acordou finalmente o Real Madrid CF. Ainda se assustaram com um grande golo de Marcos Alonso que seria revertido pelo VAR, mas a verdade é que conseguiram equilibrar a balança e aproximarem-se da baliza de Mendy, recordando um cabeceamento perigoso de Benzema à trave. Tudo estava em aberto.
Werner foi o “pesadelo” merengue. Apareceu entre-linhas na grande área e ultrapassou ainda Casemiro, Alaba e Carvajal no caminho para uma reviravolta épica (0-3). E é justamente quando estamos agarrados a um possível desfecho que a Liga dos Campeões nos surpreende. Luka Modric trivelou e Rodrygo saltou do banco para o golo, para a felicidade (1-3). E continuava tudo em aberto, seguindo para prolongamento.
Nesta época, um filme de Champions não seria legitimo sem Karim Benzema. Tinha chegado a sua hora. Frente-a-frente com Thiago Silva, Vinícius Jr. pica a bola e Benzema envenena a baliza inglesa de cabeça. É a festa do Real Madrid.
O Chelsea ainda tentou, mas a história já estava escrita. Em duelo de campeões, o maior de sempre revirou a reviravolta e foi feliz: Real Madrid CF.
A FIGURA
🇫🇷 Karim Benzema = first French player to score 12 goals in a Champions League campaign (group stage to final) 👏
⚽️1⃣2⃣ Karim Benzema (2021/22)
⚽️0⃣8⃣ David Trezeguet (2001/02)
⚽️0⃣8⃣ Wissam Ben Yedder (2017/18)
⚽️0⃣8⃣ Kylian Mbappé (2020/21)#UCL pic.twitter.com/oD8qTs5Hi1— UEFA Champions League (@ChampionsLeague) April 12, 2022
Karim Benzema – Vou ser direto. Para mim, Mason Mount foi claramente o melhor jogador nestes 120 minutos, mas foi Karim Benzema quem decidiu a eliminatória e colocou a sua equipa nas meias-finais, além de ainda ser importante na construção ofensiva (três passes-chave, três bolas longas e 82% de eficácia de passe).
O FORA DE JOGO
🔵 Chelsea lead at the break…
👀 First-half thoughts?#UCL pic.twitter.com/D144iBbTGl— UEFA Champions League (@ChampionsLeague) April 12, 2022
Primeiros 50 minutos do Real Madrid CF – Ganharam, é verdade. No entanto, não foi a melhor abordagem para iniciar a partida. Pretendiam gerir o resultado na esperança que fosse um jogo mais tranquilo e isso dificultou-lhes imenso a vida. Sofreram o primeiro, estavam completamente sufocados e mesmo assim, não alteraram a estratégia para a segunda parte. Foi preciso o Chelsea concretizar a reviravolta (0-2) para realmente acordarem.
ANÁLISE TÁTICA – REAL MADRID CF
A estratégia de jogo do Real Madrid CF foi claramente de gestão de resultado: controlar defensivamente os Blues; quebrar o ritmo de jogo com uma circulação de bola mais tranquila, demorada e lateralizada, aquando (sem bola) colocavam mais intensidade na partida. O tiro saiu-lhes pela culatra e o golo prematuro de Mason Mount desfez a ideia de jogo merengue. Até ao intervalo, jogando muitas vezes em 5-4-1, revelaram grandes dificuldades em pressionar o homem com bola e em sair a jogar através de transições rápidas. Não tinham espaço, foram completamente dominados.
No retomo da partida, mantiveram a estratégia e só quando foram surpreendidos pelo segundo golo, é que subiram as linhas e conseguiram se libertar do sufoco britânico. Verificou-se uma maior chegada ao último terço e perigo à baliza do Chelsea FC, mas os forasteiros continuaram em superioridade.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Thibaut Courtois (6)
Ferland Mendy (6)
David Alaba (6)
Nacho Fernández (6)
Daniel Carvajal (7)
Toni Kroos (7)
Casemiro (6)
Luka Modric (7)
Vinícius Júnior (7)
Karim Benzema (7)
Federico Valverde (6)
SUBS UTILIZADOS
Eduardo Camavinga (5)
Rodrygo (7)
Marcelo (6)
Lucas Vázquez (6)
Dani Ceballos (-)
ANÁLISE TÁTICA – CHELSEA FC
O Chelsea FC de Thomas Tuchel estruturou-se num 4-3-1-2 na procura da reviravolta. Sem bola, defenderam em 5-2-3 e apresentaram uma ótima reação à perda pautada pela antecipação e intensidade defensiva, impossibilitando espaço para os ataques rápidos do Real Madrid CF. No panorama ofensivo, procuraram instalar a equipa toda no meio-campo espanhol e demonstraram uma ótima capacidade de leitura e invenção de espaços, muito pelo tempo de bola que o adversário permitia (sobretudo no primeiro tempo).
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Edouard Mendy (6)
Marcos Alonso (7)
Antonio Rudiger (8)
Thiago Silva (7)
Reece James (8)
Mateo Kovacic (7)
N´Golo Kanté (6)
Ruben Loftus-Cheek (7)
Mason Mount (8)
Timo Werner (8)
Kai Havertz (5)
SUBS UTILIZADOS
Christian Pulisic (5)
Hakim Ziyech (7)
Jorginho (5)
Saúl Ñíguez (6)