Real Madrid 3-1 FC Barcelona: Estilos antagónicos, vitória real

    la liga espanha

    E à jornada 9 o Santiago Bernabéu engalanou-se para receber o Barcelona – de um lado, o monstro ofensivo Real Madrid (liderado por Cristiano Ronaldo), com incríveis 30 golos em 8 jogos; do outro, a muralha Barcelona, sem ter sofrido ainda qualquer golo e com o registo de apenas um empate na Liga Espanhola!

    Ainda muitos e bons se acomodavam nas poltronas, e com as pipocas a esquentar para a assistir ao maior espectáculo do mundo (futebolístico) e já Neymar adiantava os culés no reduto do maior rival. Estavam decorridos somente 3 minutos, na verdade. A história? Simples: Messi a recuar no terreno, deambulando em pleno espaço central, entrega a bola a Suarez, na direita, que trata de variar completamente o jogo para a esquerda e para o génio do ex-Santos que, perante a passividade de Carvajal e Pepe, tratou de inaugurar o marcador. Sim, Suarez foi titular e veio tornar o ataque do Barça ainda mais feroz (mas sem morder); tudo o resto, foi a equipa-base do Barcelona, apenas com o destaque para a inclusão de Mathieu no lado esquerdo da defesa (Jordi Alba ficou no banco).

    Do outro lado, sem Bale, o Real dispôs-se quase sempre num 4-4-2 clássico, com a linha intermediária composta por Isco e James nas alas, Modric e Kroos no espaço central e com Ronaldo e Benzema no último terço do campo, sempre activos, sempre dinâmicos.

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    Disposição táctica de Real Madrid e Barcelona
    Fonte: soccerway.com

    Sem acusar o golo da equipa catalã, o Real reagiu muito bem, privilegiando as incorporações de Marcelo no processo ofensivo (Daniel Alves passou um mau bocado esta tarde), com Cristiano Ronaldo, James e Benzema ligados à corrente – o francês, aliás, esteve perto de empatar num lance em que enviou, por duas vezes, a bola à trave. A cada oportunidade que tinha de colocar velocidade no jogo, o Real não o regateava, e era desta forma que colocava em sobressalto um Barça que, assentando o seu futebol na posse de bola, o ritmo que ia impondo tinha como propósito imediato mais adormecer o jogo do que propriamente dilatar a vantagem. Na verdade, o outrora tiki-taka que fazia do Barcelona uma máquina de jogar futebol, levando os adversários a cair no seu engodo para, no momento certo, virar o jogo de forma rápida e apoiada, por forma a atacar o último reduto dos seus oponentes, há muito que sofreu um downgrade – de qualquer forma, perante um Real com apenas dois elementos no espaço intermediário central, Busquets, Xavi, Iniesta e Messi foram controlando as operações, com o astro argentino a ser, simultaneamente, o 4º médio e o 3º avançado. Foi, aliás, o ‘10’ culé quem desperdiçou uma soberana oportunidade (23’), antes de mais uma jogada do ‘extremo’ Marcelo que redundou num penalty cometido por Piqué e concretizado por Ronaldo (34’). Chegava assim o 1-1 e, pouco depois, o intervalo.

    Se se presumia que a 2ª parte iria oferecer um jogo de desfecho imprevisível, os primeiros 15 minutos da mesma trataram de desmentir tal cenário – o golo de Pepe, na sequência de um canto, aos 50’, adiantou o Real Madrid no marcador e, 10 minutos volvidos, haveria de ser Benzema a dar a estocada final no Clássico. Se há enorme sabedoria futebolística na forma como Isco, Ronaldo e James interpretam e conduzem a jogada até à conclusão do ‘9’ do Real, a verdade é que a génese do lance é um disparate monumental de Iniesta logo após um canto a favor … do Barcelona.

    O Real entrou forte no 2º tempo, é certo; porém, foi bafejado pela sorte, na medida em que, numa altura em que o jogo estava equilibrado, conseguiu capitalizar um lance de bola parada e um erro do seu adversário. Perante o descalabro, Luís Enrique tentou reagir, lançando, num espaço de 12 minutos, Rakitic, Pedro e Sergi Roberto nos lugares de Xavi, Suarez e Iniesta, respectivamente. De todo em todo, os resultados práticos foram escassos – o que se via era um Barça a manter a superioridade ao nível da posse da bola, quase sempre em organização ofensiva, mas, com poucos índices de criatividade, a desperdiçar e a errar passes de forma gratuita, acusando em demasia o terceiro golo do Real e demonstrando muita insegurança e pouca concentração no que estava e no que tinha de fazer. Pior: a equipa perdia com frequência a bola e, ao contrário de tempos idos, não tinha capacidade para pressionar e estancar, desde logo, a saída rápida do Real – o maior dos trunfos do conjunto de Ancelotti.

    Do outro lado, com Isco e James muito afoitos no processo defensivo (mais o primeiro do que o segundo, ainda assim), o Real teve inúmeras oportunidades para, em transição, chegar a um resultado mais volumoso, algo que não aconteceu ora por más decisões de vários protagonistas (Ronaldo, por exemplo, teve um par de situações em que poderia e deveria ter feito melhor), ora por cortes in extremis de Piqué e Mascherano – na 1ª parte, o número de situações deste tipo foi muito menor porque o Barça se expunha muito menos defensivamente e porque Busquets esteve sempre no lugar certo à hora exacta.

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    Neymar marcou mas esteve apagado
    Fonte: marca.com

    Nesta toada de iminência do quarto golo do Real – que acabou por nunca chegar –, o jogo arrastou-se até ao final, com Carlo Ancelotti a gerir muito bem os últimos 10 minutos da partida, altura em que o Barça pressionou de forma mais efectiva, aproveitando algum do desgaste que o Real acusou (o conjunto madrileno havia jogado Quarta-Feira no sempre difícil Anfield Road). O técnico italiano lançou Illarramendi, Khedira e Arbeloa, que substituíram, respectivamente, Isco, Benzema e Modric, fazendo com que o Real acabasse o jogo num 4-1-4-1, com Ronaldo sozinho na frente de ataque.

    Tudo somado, o resultado assenta de forma natural ao Real Madrid, se bem que o Barcelona tenha disposto de oportunidades para chegar ao 2º golo em algumas etapas do jogo. A equipa madrilena, à excepção do período inicial, revelou segurança defensiva (Pepe e Ramos acabaram o jogo em alta) e acabou por aproveitar os erros do adversário, ficando a dever a si mesma um diferencial no marcador mais elevado. Por outro lado, o outrora Barça impositivo e fiável com bola e asfixiante sem ela raramente foi visto esta tarde no Santiago Bernabeu, cometendo demasiados lapsos, principalmente nos segundos 45 minutos de jogo.

    A Figura

    Karim Benzema – Foi decisivo na vitória. Para além da finalização imaculada no 3º golo, enviou duas bolas à trave e foi sempre o mais inteligente dos jogadores madrilenos. Sabe estar em campo, atacar a profundidade ou dar apoios centrais, fazendo tudo isto e muito mais em função daquilo que o jogo lhe pede. Está no melhor momento da carreira.

    O Fora-de-Jogo

    Luis Suárez – Depois do (pesado e injusto) castigo de que foi alvo, regressou hoje à competição. Só isso, para quem gosta de futebol, seria uma boa noticia. Porém, talvez até de forma natural, Suárez passou ao lado do jogo, apresentando-se sempre muito longe deste e desenquadrado da equipa. Treinar nao é o mesmo que jogar e Luís Enrique erro ao lançar o uruguaio em pleno Santiago Bernabéu.

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    Ao ritmo do Penta e enquanto via Jardel subir entre os centrais, o Filipe desenvolvia o gosto pela escrita. Apaixonou-se pelo Porto e ainda mais pelo jogo. Quando os três se juntam é artigo pela certa.                                                                                                                                                 O Filipe não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.