«Ida de Renato Sanches para o Bayern foi prematura. Agora já vemos a sua qualidade» – Entrevista BnR com Patrik Andersson

    «RICARDO QUARESMA ERA UM GRANDE JOGADOR»

    Bola na Rede: Vamos falar da tua final de Liga dos Campeões, em 2000/01. Depois de ganhares tudo na Alemanha na tua primeira época, tens o teu maior sucesso nessa final, na tua segunda época no clube. Tinham uma grande equipa com Oliver Kahn, Lizarazu, Effenberg, Élber… Mas do outro lado também havia um grande CF Valencia. Lembras-te bem do adversário? 

    Patrik Andersson: Completamente. Mesmo no ano anterior, quando eles perderam na final com o Real Madrid CF, nós já tínhamos jogado com eles na fase de grupos da Champions. Foram jogos muito complicados. Uma mistura de jogadores espanhóis com argentinos. Era uma equipa de topo na Europa e sabíamos que ia ser um jogo equilibrado. Não íamos ter muitas oportunidades.

    Bola na Rede: Em quem é que pensaste antes da final? Estava em jogo uma possível conquista da prova, 25 anos depois…

    Patrik Anderson: Bom, lembro-me de entrar em San Siro e ver uma tarja dos adeptos a dizer: “Hoje é um bom dia para fazer história”. Acreditámos em nós mesmos, ficámos concentrados no nosso jogo e íamos com tudo. Começámos mal, com um penálti concedido logo nos primeiros minutos [Mendieta, 3′, g.p.], e sabíamos que ainda ia ficar mais complicado porque eles eram muito fortes defensivamente e fortes no contra-ataque. Mas fizemos de tudo para dar a volta e conseguimos.

    Bola na Rede: Nessa final estiveram presentes também dois jogadores que passaram pelo Futebol português: Pablo Aimar e Zlatko Zahovic…

    Patrik Anderson: É verdade. Que equipa incrível. Também estava o Mendieta, que foi meu colega no FC Barcelona depois…

    Bola na Rede: Boa, pegando no FC Barcelona, o teu próximo passo de carreira, após essa final. Noutras entrevistas já referiste que a experiência não correu bem devido às lesões. Foi a principal razão para não conseguires manter o nível?

    Patrik Anderson: Estive no auge da minha carreira em 2001, mesmo na primeira metade da época em Espanha. Mas depois, em fevereiro de 2002, lesionei-me no joelho. Foi antes do Mundial e fiz de tudo para regressar a tempo da prova. Voltei, joguei alguns jogos e voei para o Japão. Mas, na noite antes da estreia na competição, lesionei-me na perna esquerda e essa lesão custou-me oito meses da minha carreira. Depois disso, não consegui jogar mais Futebol como jogava anteriormente. Já não atingi outro nível, a partir daí estava sempre com dores. Foi um tempo complicado, mas arranjei grandes amigos em Barcelona e apoiaram-me muito.

    Bola na Rede: Ainda vais acompanhando a realidade do clube?

    Patrik Anderson: Ainda hoje faço questão de os visitar, uma ou duas vezes por ano. Mas tenho pena de não ter mostrado a minha melhor face no clube.

    Bola na Rede: Acredito que tenham sido tempos muito duros… Corrige-me se estiver equivocado, mas é no FC Barcelona que tens o teu primeiro e único colega português: Ricardo Quaresma.

    Patrik Anderson: Sim! Sentava-me junto ao Ricardo no balneário. (risos) Ele chegou com o Frank Rijkaard [treinador] e o Henk ten Cate [treinador-adjunto] no meu último ano lá. Ele era um grande jogador, tinha mesmo muita técnica…

    Bola na Rede: Ainda joga em Portugal, está no Vitória SC…

    Patrik Anderson: Incrível, tem uma grande carreira, sem dúvida.

    Bola na Rede: Depois de Espanha, voltaste ao Malmo FF, um regresso ao ponto de partida. Tinhas idealizado terminar a carreira na Suécia?

    Patrik Anderson: Na verdade, não era o meu plano voltar a jogar na Suécia. Mas os tempos em Barcelona, com lesões, deixaram-me abalado e pensei: “Não posso terminar a carreira desta forma”. E, como sabia que havia uma boa estrutura em Malmo e que os adeptos estavam com a equipa, pensei: “Sim, quero voltar a fazer parte disto. Quero fazer parte do clube que me deu oportunidade aos 17 anos de idade”. Felizmente, tudo correu bem. Deram-me uma oportunidade, ganhei o título em 2004 e ainda partilhei o balneário com o meu irmão mais novo [Daniel Andersson], que tinha acabado de sair de Itália.

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    Mário Cagica Oliveira
    Mário Cagica Oliveirahttp://www.bolanarede.pt
    O Mário é o fundador do Bola na Rede e comentador de Desporto. Já pensou em ser treinador de futebol por causa de José Mourinho, mas, infelizmente, a coisa não avançou e preferiu dedicar-se a outras área dentro do mundo desportivo.