Como não fazer um Fulham

    “Fazer um Fulham”: expressão cunhada em maio de 2019, que significa gastar uma quantidade avultada de dinheiro no mercado de transferências para depois ser despromovido.

    O caso do Fulham Football Club é um que o Bola na Rede já analisou, e que hoje serve como um aviso para todas as equipas recém chegadas à Premier League. Os cottagers gastaram, em 2018/2019, mais de 80 milhões de euros numa série de contratações. O objetivo era claro: garantir a segurança e sonhar com os lugares da metade superior da tabela. Mas, em maio deste ano, o clube já estava de volta ao sítio de onde viera. Em 2019/2020, já muitos apontaram para outra equipa promovida como um Fulham 2.0. Mas erá que é disso que se trata o Aston Villa Football Club?

    Neste verão, apenas a Juventus, o Real Madrid, o Barcelona e o Atlético de Madrid gastaram mais que o Villa em novos jogadores. De acordo com o Transfermarkt, o clube já conta com 127 milhões dispendidos neste defeso. Além das dez contratações, há outras dez saídas. Olhando para estes dados, podemos tirar conclusões muito negativas: uma equipa em mudança, um investimento desmesurado e recrutamento com pouco critério. O Aston Villa é mesmo capaz de estar a fazer um Fulham.

    O miúdo que virou capitão
    Fonte: Aston Villa FC

    Mas, quando vemos para lá destes dados superficiais, surgem outros contornos. Recuemos à época passada: o Aston Villa tinha uma equipa cheia de jogadores emprestados. Estrelas como Anwar El Ghazi, Tammy Abraham e Tyrone Mings tinham, portanto, os seus dias contados no Villa Park. O plantel nunca teria o privilégio da estabilidade. Era impossível, com tantos jogadores a voltar aos clubes de origem e outros tantos com idade já avançada, preparar a próxima época sem grandes gastos. Mas desengane-se quem pensa que este gasto foi apenas para inglês ver (literalmente).

    Deu-se prioridade a manter um núcleo duro da equipa. Assim, El Ghazi e Mings foram contratados de forma permanente, por nove e 22 milhões respetivamente. O pagamento de 15 milhões de euros por Matt Targett, lateral esquerdo suplente do Southampton, levantou algumas sobrancelhas. Ainda assim, estamos a falar de um jogador competente, com experiência na Premier League, algo que certamente será importante. Isto porque o plantel foi renovado e muitos da velha guarda foram despachados. Entre eles, destaca-se Mile Jedinak, lendário jogador australiano que serviu o Aston Villa durante três anos, tendo passando antes pelo Crystal Palace.

    A contratação mais cara, porém, foi também a mais duvidosa. Wesley, ponta de lança de 22 anos, vem do Club Brugge, da Bélgica, a troco de 25 milhões de euros. Chega sem grande nome no futebol europeu, com um registo de 17 golos e 10 assistência em 48 jogos na época passada. Certamente será comparado com Lukaku na Premier League: forte fisicamente, ameaçador no ar, mas peca pela técnica, nomeadamente na finalização. A idade permite-lhe ter margem de progressão, mas será que terá espaço e tempo para crescer na liga mais competitiva do mundo? De Bélgica a Inglaterra são cerca de 400 km, mas para o brasileiro esta distância também representa um degrau muito grande para subir.

    O maior gasto – e maior risco – da direção do Aston Villa este ano
    Fonte: Aston Villa FC

    Douglas Luiz, contratado ao Manchester City, é outra transferência interessante. O  médio brasileiro chegou a Inglaterra vindo do Vasco da Gama, do Brasil. Pelos citizens, não registou qualquer golo ou assistência em dois anos, e vai agora à procura da sorte no Aston Villa.

    Outro foco desta época recairá certamente sobre Jack Grealish. O anglo-irlandês apresentou um enorme talento desde o momento em que subiu à equipa principal, em 2013. Apresentou, igualmente, uma série de problemas com a sua atitude e profissionalismo. Durante muito tempo, a sua capacidade de se assentar na equipa do Aston Villa foi colocada em causa. Mas o número 10 cresceu, e hoje é o capitão da equipa de Birmingham. A nível futebolístico, é talvez o jogador mais talentoso daquele plantel. É também dos poucos que estavam lá em 2016, quando uma das piores épocas que a Premier League já viu lançou o Aston Villa para o Championship.

    E é precisamente essa época que os villans vão evitar repetir. Os gastos são muitos, mas necessários para construir uma equipa que chegava para a promoção mas nunca iria render no principal escalão do futebol inglês. Para o adepto neutro, será certamente interessante ver se o Aston Villa “faz um Fulham”.

    Foto de Capa: Bola na Rede

    artigo revisto por: Ana Ferreira

    Sabe Mais!

    Sabe mais sobre o nosso projeto e segue-nos no Whatsapp!

    Bola na Rede é um órgão de comunicação social de Desporto, vencedor do prémio CNID de 2023 para melhor jornal online do ano. Nasceu há mais de uma década, na Escola Superior de Comunicação Social. Desde então, procura ser uma referência na área do jornalismo desportivo e de dar a melhor informação e opinião sobre desporto nacional e internacional. Queremos também fazer cobertura de jogos e eventos desportivos em Portugal continental, Açores e Madeira.

    Podes saber tudo sobre a atualidade desportiva com os nossos artigos de Atualidade e não te esqueças de subscrever as notificações! Além destes conteúdos, avançámos também com introdução da área multimídia BOLA NA REDE TV, no Youtube, e de podcasts. Além destes diretos, temos também muita informação através das nossas redes sociais e outros tipos de conteúdo:

    • Entrevistas BnR - Entrevistas às mais variadas personalidades do Desporto.
    • Futebol - Artigos de opinião sobre Futebol.
    • Modalidades - Artigos de opinião sobre Modalidades.
    • Tribuna VIP - Artigos de opinião especializados escritos por treinadores de futebol e comentadores de desporto.

    Se quiseres saber mais sobre o projeto, dar uma sugestão ou até enviar a tua candidatura, envia-nos um e-mail para [email protected]. Desta forma, a bola está do teu lado e nós contamos contigo!

    Subscreve!

    PUB

    Artigos Populares

    Rui Abreu eleito novo presidente do Paços de Ferreira

    O Paços de Ferreira já tem novo presidente. Rui Abreu era candidato único e acabou por vencer as eleições para suceder a Paulo Meneses.

    Boavista está novamente impedido de inscrever jogadores pela FIFA

    O Boavista está novamente impedido de inscrever jogadores pela FIFA. Os axadrezados voltam a constar na lista de impedidos pela entidade que rege o futebol.

    Nigéria, Argélia, Costa do Marfim e Gana vencem na qualificação de África para o Mundial de 2026

    A qualificação africana para o Campeonato do Mundo de 2026 continuou nesta sexta-feira. Nigéria, Argélia, Costa do Marfim e Gana venceram os respetivos jogos.

    Ryan Giggs volta a sair em defesa de Ruben Amorim: «É altura de apoiá-lo e ficar com ele por muito tempo»

    Ryan Giggs voltou a deixar elogios para Ruben Amorim. O antigo avançado galês do Manchester United falou da importância do técnico português.

    Conselho de Disciplina da FPF arquiva processo à SAD do Boavista por alegados sacrifícios de animais para rituais de bruxaria

    O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol decidiu arquivar o processo que estava instaurado ao Boavista. A equipa axadrezada tinha sido acusada de estar envolvida em sacrifícios de animais para rituais de bruxaria.
    Gonçalo Taborda
    Gonçalo Tabordahttp://www.bolanarede.pt
    O Gonçalo vem de Sacavém e está a tirar o curso de Jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social. Afirma que tem duas paixões na vida: futebol e escrita. Mas só conseguia fazer uma delas como deve ser, por isso decidiu juntar-se ao Bola na Rede.                                                                                                                                                 O O Gonçalo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.