Há um mês ninguém sonhava com uma meia hora assim

    cab premier league liga inglesa

    21 de Novembro de 2015, 18h05 GMT, Manchester. Há um mês, era impossível sonhar-se com isto. A grandeza do clube estava recheada de feitos incríveis, com vitórias inolvidáveis que deixaram a marca em adeptos espalhados pelo globo. A década de 70, sobretudo. A Champions de 2005, depois. A mística, sempre. Mas chegar ao Etihad, ao terreno de um dos grandes favoritos ao título e que em casa costuma destroçar os seus adversários, e estar a ganhar 3-0 volvidos 30 minutos de jogo é algo que não cabia nas (sempre grandes) ambições do comum adepto do Liverpool em meados de Outubro do ano passado.

    Mas aconteceu.  Os reds entraram com tudo, com toda a crença que adquiriram sob o comando de Jürgen Klopp, de quem desconfiaram primeiro (dois empates consecutivos do alemão nos primeiros jogos em Anfield Road), mas a quem concederam, depois, autorização para acreditar nas próprias capacidades. E isso ficou bem reflectido na forma como a equipa entrou no jogo, pressionando, a toda a largura do terreno, a saída de bola dos citizens… aliás, foi assim que chegaram ao primeiro golo, intimidando o adversário com a crença de que este iria falhar, Coutinho pressionou Sagna, ganhou espaço e assistiu Firmino, que cruzou para o auto-golo de Mangala.

    A dupla brasileira não ficaria por aqui e, outra vez alimentados pela crença, foram em busca de bolas que pareciam perdidas. Firmino acreditou até ao fim e assistiu, de uma forma brilhante, Coutinho para o 2-0, que retribuiria o favor no 3-0. Nos festejos, ninguem deixou de reparar na união do grupo a emergência de um líder em Martin Skrtel, que pareceu pedir concentração face aos perigos que a descontracção pudesse trazer.

    A dupla brasileira destruiu a defesa do City Fonte: Facebook do Liverpool
    A dupla brasileira destruiu a defesa do City
    Fonte: Facebook do Liverpool

    A equipa viria a sofrer um golo, por Aguero, e a marcar outro, perto do final, pelo capitão, mas a história estava feita e o efeito Klopp perfeitamente explicado em apenas meia hora: um feito incrível, conseguido em tão pouco tempo, sustentado pela capacidade de Klopp de fazer os jogadores acreditarem neles mesmos. O exemplo maior é o de Firmino, que foi forçado pelo alemão a acreditar nele mesmo e a confiar mais no seu técnico, que, apesar da tinta escorrida pela imprensa inglesa, sentou Benteke no banco. O brasileiro respondeu, justificando, em cada golo da primeira parte do encontro com o City, o investimento por ele feito, contando com a colaboração de Coutinho, que já acreditava nele mesmo, mas andava farto de ser o único.

    Skrtel e Sakho emergiram como autenticos líderes do balneário, algo que a equipa parecia acusar desde a saída de Steven Gerrard. Aí, Klopp também tem dedo, porque não potencia só qualidades técnicas, mas também pessoais, e as de liderança, tão precisas num clube com o peso histórico do Liverpool, foram tomadas por quem merece esse estatuto.

    Nem tudo são rosas, ainda. O Liverpool continua a sofrer muitos golos para uma equipa de top 6 da Liga inglesa, e falta-lhe saber mandar no jogo quando se encontra em desvantagem ou tem a absoluta necessidade de abrir as hostilidades (lacunas mais evidentes na zona de construção do meio-campo, mesmo contando com as descidas de Coutinho). Falta, aos reds, a arrogância de quem se acha grande. Porém, Klopp já pode mostrar dois exemplos (3-1 em Stamford Bridge e 4-1 no Ethiad) do quão grandes os seus jogadores podem ser. Eles não duvidarão. Porque, agora, acreditam no seu líder, e porque, há um mês, era impossível sonhar-se com isto.

    Foto de Capa: Facebook do Liverpool

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