Liverpool FC | O gigante que parece (novamente) estar a adormecer

    O Liverpool FC é um dos grandes clubes de Inglaterra e também um dos maiores do mundo. Com 19 campeonatos conquistados, aos quais juntam seis Ligas dos Campeões, três Ligas Europa, oito Taças de Inglaterra, nove Taças da Liga Inglesa, entre outros troféus não tão importantes, são um dos símbolos mais titulados da história do futebol inglês.

    Apareceram, com o virar do século, num nível bastante inferior àquele a que a sua grandiosa história nos habituou, mas em 2015 o paradigma, por esses dias atual, do clube pareceu começar a alterar-se, quando se decidiu contratar Jurgen Klopp, o treinador alemão que havia sido, alguns anos antes, bicampeão nacional com o BVB Dortmund.

    A partir daí começou uma reconstrução que, como se veio a provar, demorou alguns anos, mas que acabou por dar frutos em 2019, com a conquista da Liga dos Campeões. Pela frente apareceu um Guardiola com super-equipas e super-ideias, algo que dificultou muito a vida nas competições internas. Ainda assim Klopp foi, aqui e ali, tendo sucesso e praticado, durante muito tempo, um futebol objetivo e difícil de bater.

    Foram anos bastante prósperos para o clube, e era expectável que tudo se mantivesse mais ou menos parecido, mas a realidade é que as coisas não estão, aos dias de hoje, a correr bem para o símbolo do noroeste inglês. Mas afinal, o que é que aconteceu?

    Quando há uma quebra de rendimento tão grande de um ano para o outro, não nos podemos cingir a um só acontecimento, uma vez que um clube é uma máquina demasiado grande e poderosa para se deixar afetar por uma única coisa. A verdade é que, para quem vê de fora, a razão que nos salta logo à vista é a saída de Sádio Mané, que, depois de muitos anos na frente de ataque dos Reds, deixa o lugar e ninguém parece conseguir ocupá-lo com a mesma qualidade e efetividade com que o senegalês o fez. Era o jogador ideal para a forma como o Liverpool FC jogava, sempre disposto a atacar o espaço para onde os seus colegas lhe colocavam a bola.

    A par dele, também Salah parece ter-se evaporado, mas este com a diferença de ainda continuar lá e a titular, semana após semana. O egípcio está, nesta temporada, muito abaixo daquilo que tem mostrado noutros anos e a sua equipa está claramente a ressentir-se disso, uma vez que está ali o grande goleador das épocas passadas. Este ano tem cinco golos, dois dos quais marcados de grande penalidade, algo que evidencia a falta de confiança que o Faraó vai atravessando dentro das quatro linhas.

    Uma outra questão que vem tirando o sono aos adeptos do Liverpool FC foi a solução que o clube encontrou para colmatar a saída de Sádio Mané. Não tanto a solução, talvez, mas o valor que por ela se deu, que parece demasiado elevado para aquilo que ela pode efetivamente valer. Refiro-me a Darwin Nunez que, apesar do que mostrou no SL Benfica, parece estar longe de valer os 100 milhões que a transferência pode atingir mediante o cumprimento de objetivos. A solução poderia ter passado por usar esse dinheiro de forma mais comedida e razoável, tentando contratar dois ou três talentos que reforçassem toda a equipa, algo que se vem mostrando necessário aos dias que correm.

    Isto é algo sempre difícil de prever, mas a equipa de Klopp tem sido assoberbada com muitas lesões e o plantel parece, nesta fase, algo curto em relação a outros que vemos nomeadamente na Liga Inglesa. Começou com Thiago e Jota, que estiveram afastados dos relvados durante as primeiras semanas (e logo dois jogadores cruciais para a manobra da equipa). Agora, a mais recente lesão – e com alguma gravidade – é a de Luis Díaz, o extremo colombiano cujas características não serão fáceis de igualar face aos jogadores disponíveis no plantel. Klopp tem, semana após semana, de pensar em estratégias diferentes mediante os jogadores que tem disponíveis, e essa instabilidade também estará a deixar o treinador bastante revoltado, tendo ele já admitido que a conquista do campeonato não é, este ano, uma possibilidade.

    Este é um golpe duro para os adeptos que estão habituados a estarem em todas as frentes e que, de repente, se veem afastados do grande objetivo anual do clube. A Liga dos Campeões também não parece, para já, uma possibilidade bem real. Uma equipa que em oito jogos no campeonato conseguiu duas vitórias e quatro empates, não está em condições de se afirmar candidata à conquista da maior competição da Europa, já para não falar do 4-1 perante o SSC Napoli que, apesar de ter uma grande equipa, não é, ainda, um tubarão europeu.

    São, de facto, as muitas coisas a acontecerem no seio do Liverpool que não lhe permite atingir os resultados esperados. Tudo está ainda muito longe do fim, e já vimos equipas darem grandes reviravoltas em meia época, mas o cenário não se prevê, neste momento, muito favorável ao barco de Klopp. Ainda assim o treinador conseguiu, há muitos anos atrás, o mais difícil – voltar a colocar o Liverpool FC onde a sua história o exige, pelo que se espera que consiga voltar a dar a volta por cima. Se, infelizmente, sentir que é uma luta que não consegue vencer, então estará na hora de dar lugar a outro que, como ele, fará tudo para reerguer este gigante do futebol mundial.

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    Guilherme Vilabril Rodrigues
    Guilherme Vilabril Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O Guilherme estuda Jornalismo na Escola Superior de Comunicação de Comunicação Social e é um apaixonado pelo futebol. Praticante desde os três anos, desde cedo que foi rodeado por bola e por treinadores de bancada. Quer ser jornalista desportivo, e viu no Bola na Rede uma excelente oportunidade para começar a dar os primeiros toques.