Força da Tática: O vendaval ofensivo da apaixonante Atalanta BC

    Sob o comando de Gian Piero Gasperini, a Atalanta BC tem-se assumido como a grande sensação das competições europeias nesta temporada. O melhor ataque do campeonato italiano (com 70 golos!) e o quinto melhor ataque da liga dos campeões apresenta tendências inovadoras e interessantes, que merecem um olhar mais profundo.

    A disposição tática da Atalanta varia entre o 3-4-1-2, o 3-4-2-1 e o 3-5-2, algo que acaba por estar relacionado com o posicionamento de um dos homens de maior destaque da equipa italiana, Papu Gómez. Acaba por ser a peça chave de todo o processo ofensivo da equipa, não só pelas qualidades técnicas evidentes, mas principalmente pelo entendimento do jogo acima dos demais e pela liberdade que tem para criar e ligar o jogo ofensivo da equipa.


    Algo interessante e que já tínhamos referido nesta mesma rubrica no caso do Sheffield United FC é a subida dos centrais, que interpretam o papel de laterais como uma abordagem ofensiva diferente! Aliás, a rotatividade posicional é um dos princípios que melhor define a Atalanta. Com uma construção deveras peculiar, os comandados por Gasperini colocam dois dos centrais como laterais (ficando um central no meio), um ou dois dos médios descem e posicionam-se entre central do meio e central que se encontra aberto junto ao corredor.

     A equipa raramente ataca pelo corredor central, apostando nomeadamente no ataque pelos corredores laterais. Este funcionamento de centrais quase como laterais permite também o avanço dos próprios laterais (Hateboer e Gosens), que funcionam como extremos. Com o apoio dos médios e de um dos avançados, a equipa italiana consegue criar um losango e uma superioridade numérica importante para combinar e progredir no terreno.


    O trio do meio-campo caracteriza-se pela mobilidade dos seus jogadores e pela constante inversão do triângulo. Um aspeto fundamental que contribui para esta variabilidade ofensiva é a troca posicional entre médio e avançado. Normalmente, um dos avançados baixa para participar na criação ofensiva e o outro oferece profundidade à equipa. Quando um dos avançados baixa para zonas de criação, um dos médios avança no terreno e ocupa a posição do avançado. Esta rotatividade posicional permite criar espaços e torna difícil para a equipa adversária encaixar defensivamente nesta Atalanta.

    Um dos pontos chave no ataque posicional da Atalanta é a formação de estruturas ofensivas fluídas e rotativas nos corredores laterais. Em momento de criação ofensiva, a equipa italiana coloca 4 jogadores junto aos corredores, formando um losango, e à medida que combinam, têm a liberdade de alternar posicionamentos. A equipa de Bérgamo consegue colocar jogadores suficientes para criar indefinição posicional na linha defensiva. As constantes desmarcações em espaço curto levam a desposicionamentos e à abertura de espaços que são, de forma inteligente, aproveitados pelos comandados de Gasperini.


    Quando não conseguem combinar de um lado, de imediato, criam condições para atacar pelo lado oposto de forma rápida e eficiente. Porque, no lado contrário, a estrutura ofensiva está já preparada para que quando a bola lá chegar a equipa consiga acelerar e chegar rápido a zonas de perigo.

    Por atacarem de forma tão compacta, a equipa consegue colocar sempre 3 ou 4 homens em zonas de finalização. O lateral do lado contrário ao da bola, um ou dois dos médios e um avançado aparecem na área para finalizar.

    A Atalanta é uma equipa que ataca com linhas próximas e que consegue preparar de forma eficiente a perda de bola. Quando chegam a zonas de finalização, a distância entre a primeira linha e a última linha é de apenas 30 metros! Esta compactação ofensiva e o posicionamento de 3 ou 4 homens mais recuados, responsáveis pela marcação a referências de transição do adversário, permitem à equipa italiana manter o equilíbrio no momento pós-perda.

    Com jogadores como Ilicic, Gómez, De Roon, Freuler, Pašalić, Gosens ou Zapata, e com todas as dinâmicas completamente assimiladas, a Atalanta de Gasperini é já uma das principais equipas italianas e promete futuramente marcar uma posição no cenário europeu, e continuar a conquistar um espaço de cada vez mais relevo no campeonato italiano.

    Uma equipa que privilegia um futebol associativo, com constantes relações entre jogadores, e que está a fazer as delícias dos amantes do futebol espetáculo! Vejam o vídeo para perceberem como funciona toda a organização ofensiva da Atalanta.

    Artigo revisto por Joana Mendes
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    Diogo Coelho
    Diogo Coelhohttp://www.bolanarede.pt
    Natural de Rio Maior. Adepto do bom futebol desde que se lembra. Gosta de dedicar o seu tempo à análise de jogo e dos seus intervenientes. Admirador do estilo de jogo de Guardiola e partilha da ideia que no futebol destacam-se aqueles que mostram mais inteligência.                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.