Em defesa de Pep Guardiola

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    Antes de mais, e para que não restem dúvidas, quero esclarecer que sou um admirador do trabalho que Pep Guardiola tem vindo a desenvolver ao longo da sua carreira, quer no Barcelona, quer agora no Bayern.

    Após o jogo no Dragão, em que o Porto venceu, e bem, por 3-1, muito se tem escrito sobre o trabalho, bom ou mau, dependente das perspetivas, que o treinador espanhol está a realizar à frente do colosso alemão.

    Pois bem, vamos então aos factos: desde que assumiu o cargo, Guardiola tem 74,3% de vitórias, 16,5% de empates e 9,2% de derrotas; é certo que, e tendo em conta a dimensão e o domínio interno do Bayern, estes números são uma obrigação. Relativamente a títulos, o Bayern foi campeão na temporada passada – e diga-se que, apesar da já referida obrigação, fê-lo com bastante autoridade – e na actual temporada para lá se encaminha. Guardiola juntou também ao título de campeão alemão a conquista da taça da Alemanha.

    A derrota na meia-final da Liga dos Campeões com o Real Madrid, que posteriormente viria a triunfar na Liga dos Campeões, é, até agora, a grande derrota do espanhol. Contudo, e a este respeito, gostava de referir que se existe equipa capaz de bater o Bayern de Guardiola essa equipa é o Real Madrid; o jogo em posse dos Alemães, com uma linha defensiva bastante subida no terreno, encaixa na perfeição nas transições ofensivas dos espanhóis; prova disso mesmo são os 4-0 da segunda mão na Alemanha.

    Feita esta pequena análise da temporada transata, gostaria agora de destacar aquelas que, na minha opinião, são as grandes lacunas deste Bayern. Não existem – desenganem-se os que pensam o contrário – modelos/ideias de jogo perfeitos.

    O jogo em posse que Guardiola pretende, aliado, quase de forma obrigatória, a uma pressão estendida a todo o terreno, não permite que se cometam erros, por exemplo, como os que Dante, Boateng e Xabi Alonso cometeram no dragão – o próprio Guardiola já o reconheceu.

    Trocado por miúdos: uma perda de bola na fase inicial de construção é a morte do artista. Ora, esta lacuna fica ainda mais exposta quando os centrais, que, na equipa de Guardiola, são quem inicia o processo ofensivo, são bastante fracos; Dante, Boateng e/ou Benatia, e aqui a culpa é inteiramente do treinador espanhol, visto que foi ele que os escolheu, não tem as características necessárias para jogarem neste Bayern.

    Guardiola tem um desafio dificil frente ao Porto Fonte: Facebook do Bayern de Munique
    Guardiola tem um desafio difícil frente ao Porto
    Fonte: Facebook do Bayern de Munique

    Outro dos grandes problemas com que Pep se tem deparado, e talvez aqui fique explicada a irritação para com a equipa médica, e a consequente demissão da mesma, é a falta de largura do jogo dos alemães. Posto isto, e penso que será unânime, Ribery e Robben são os únicos jogadores capazes de emprestarem essa mesma largura. Como anteriormente já foi referido, se há críticas que possam ser feitas a Guardiola – e é certo que há – a responsabilidade é inteiramente de Guardiola. O anterior treinador do Barcelona é responsável pela construção do plantel, logo – e é certo e sabido que o Francês e o Holandês têm bastantes problemas físicos – deveria ter acautelado esta situação.

    Outro dos pontos essenciais que temos de ter em mente quando fazemos uma análise do trabalho de Guardiola, e é este ponto que a grande maioria das pessoas não consegue entender, é o porquê da contratação do espanhol. É importante recordar que os alemães na temporada anterior à chegada de Guardiola tinham ganhado tudo o que havia para ganhar.

    Contudo, os responsáveis do Bayern, e mesmo tendo em linha de conta que Jupp Heynckes já tinha anunciado que iria abandonar o comando técnico dos Alemães, independentemente do desfecho da temporada, queriam marcar a história do futebol mundial, não só pela conquista de títulos, mas também pelo estilo de futebol que a equipa pratica. Compreendo que – e inclusive eu próprio – a maioria dos amantes do desporto-rei tenha alguma dificuldade em acompanhar tal linha de pensamento. Todavia – e a verdade é que o Barcelona de Guardiola já ficou na história – gostando-se ou não, faz sentido que o Bayern tenha semelhantes objetivos.

    O jogo da passada quarta-feira frente ao Futebol Clube do Porto, de resto, como já tinha acontecido contra o Wolfsburgo, e sem querer tirar qualquer mérito aos comandados por Lopetegui – porque o tem -, é o espelho das fragilidades do Bayern. As ausências de Robben, Ribery e Alaba – pelo menos para mim – são as que causam mais dores de cabeça a Guardiola e contribuíram, sem qualquer margem para dúvidas, para o desfecho da partida. Em abono da verdade, será indispensável referir que o Porto (versão Liga dos Campeões) não é uma equipa qualquer, longe disso.

    Posto isto, e tentando perceber aquilo que se vai passar na próxima terça-feira, penso que será bastante difícil ao Porto conseguir manter a vantagem conquistada em solo português. Não digo isto por ser um amante do trabalho de Guardiola, até porque, antes de algo mais, sou Português e, consequentemente, desejo a vitória do Futebol Clube do Porto. No entanto, existem alguns factores que, a meu ver, farão desequilibrar a eliminatória: as ausências de Danilo e Alex Sandro, os prováveis regressos de Robben e Ribery, ou pelo menos de um deles, e ainda o facto de os alemães já estarem alertados para a qualidade da equipa do Porto.

    Relativamente a Danilo e Alex Sandro, penso que a privação de ambos se fará sentir sobretudo no processo ofensivo. Os laterais Brasileiros seriam importantíssimos para esticar o jogo portista – processo que vai ter de fazer, de outra forma acabará por sair goleado da Alemanha. No que diz respeito aos possíveis regressos de Ribéry e Robben, vêm colmatar – como já aqui foi referido – uma das grandes lacunas do Bayern: a falta de largura da equipa de Guardiola, principalmente quando algum destes dois não está presente.

    Em jeito de conclusão, e desejando os mais sinceros votos de sucesso ao Futebol Clube do Porto, prevejo que o Bayern acabe por conseguir a qualificação para a próxima fase. A equipa de Guardiola, apesar das lacunas que tem, é, em condições normais, a equipa mais forte. O futuro de Guardiola? Pois bem, apesar do próprio já ter vindo a público afirmar que na próxima época continuará no comando técnico dos alemães, penso que estará muito em jogo na próxima terça-feira. Caso seja eliminado, penso que a conquista de campeonatos alemães, com toda a autoridade que possa ter, não será suficiente para a continuidade do treinador espanhol no Bayern.

     Foto de capa: Facebook do Bayern de Munique

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