À saída do metro, dei de caras com uma zona mais degradada, que em nada corresponde ao fantástico e ao carisma da cosmopolita Londres, mas, no meio daquele bairro claramente menos favorecido, ergue-se, desde 1899, o mítico White Hart Lane.
Já na bilheteira, bati com o nariz na porta. Eram quase 11 da manhã, e o levantamento de bilhetes só é permitido duas horas antes do jogo. Ora, estando agendado para as três da tarde, muito tinha eu que esperar para ver finalmente a bola rolar, e sentir em primeira mão a magia de ver ao vivo algo que desde pequeno apenas acompanho num ecrã de televisão.
Mas estava enganado, e o tempo voou. Ao lado da loja oficial do clube, está o Tottenham no. 8, um pub que em dias de jogo se destina apenas a membros do clube.
Demorou algum tempo, mas lá consegui convencer o segurança a entrar no pub, tendo em conta que dentro de momentos começava o jogo grande do fim-de-semana, City vs. Chelsea. Assim que entrei, percebi o porque de Match Day.
Adeptos dos Spurs, de muitas idades, já lotavam aquele acolhedor pub em com todos feito em madeira escura, a trocar impressões sobre os mais variados temas, desportivos e quotidianos, de olhos postos no ecrã no qual esperavam ver um empate entre dois dos candidatos ao título de campeão inglês. Tive a felicidade de poder travar conhecimentos com dois grandes adeptos dos Spurs e amigos de longa data, na casa dos 40.
Já viram muitos momentos do clube, uns melhores que outros, mas nunca tiveram a oportunidade de ver o seu Tottenham levantar o título de campeão, apesar de já terem assistido a algumas conquistas do clube. Como benfiquista, logicamente que veio à conversa o duelo dos oitavos-de-final da Liga Europa 2013/2014, em que recordaram com alguma melancolia a derrota imposta pelo Benfica, a quem reconheceram um enorme estatuto histórico, mas reprovaram, como muitos de nós os polémicos acontecimentos que envolveram Jorge Jesus, Tim Sherwood, Raul José e Shéu, num momento menos digno do então treinador encarnado.