Campeonato da Arábia Saudita | O que esperar da liga dos milhões?

    O início do campeonato árabe dá-se no próximo dia 11 de agosto, com o Al-Ahli a receber o Al-Hazm no estádio King Abdullah para a jornada inaugural da Roshn Saudi League. (Se alguma vez pensei começar um artigo assim? Não.).

    Antes de mais, para algum contexto histórico do campeonato árabe, e não só, sugiro que leias o belo artigo do Carlos Pedro (redator BnR) aqui: “O Jogo dos Milhões: Arábia Saudita, futebol e muitos petrodólares”.

    A verdade é que a liga saudita parece ter vindo mesmo para ficar (pelo menos até o budget acabar, o que parece ainda longe de acontecer) e o mais provável é enquanto eu estou a escrever este artigo mais alguma estrela do futebol internacional estar a ser anunciada num clube saudita.

    Comecemos então pela estrutura e algumas regras específicas do futebol árabe. No topo da pirâmide está a Roshn Saudi League (Roshn é o patrocinador da liga) que é agora constituída por 18 equipas, em vez das 16 do ano passado. De seguida está a First Division League, que apesar de ter “First” no nome equivale à segunda divisão árabe, também com 18 equipas.

    Abaixo dessa existe a Second Division League, constituída por 32 equipas que se dividem em dois grupos de 16 equipas (equivale à terceira divisão). A “quarta divisão” é a Saudi Third Division, constituída por 40 equipas que se dividem em quatro grupos de 10. Por fim, na base da pirâmide, vem a Saudi Fourth Division onde militam os restantes clubes.

    Ao contrário daquilo que seria de pensar o futebol árabe não tem grandes condicionantes ou regras próprias (a MLS dos Estados Unidos da América tem mais para que se tenha noção), mas tem uma que pode vir a ser um grande entrave para o projeto saudita: limitação de jogadores estrangeiros.

    Neste momento o limite de jogadores estrangeiros é de oito por equipa, o que já se provou ser uma dor de cabeça na época passada quando o Al-Nassr teve que dispensar Vincent Aboubakar para poder inscrever Cristiano Ronaldo.

    Tudo indica que esta regra vai ser retirada ou alterada num futuro a curto/médio prazo. Ou isso ou o projeto saudita fica por aqui, e não me parece que a segunda opção exista sequer.

    Passando agora aos clubes e às estrelas confirmadas. O campeonato árabe é composto por 18 equipas, sendo elas: Abha Club; Al Fateh; Al Hilal; Al Khaleej; Al Nassr; Al Raed; Al Taawon; Al-Ahli Jeddah; Al-Akhdoud; Al-Ettifaq; Al-Fayha; Al-Hazm; Al-Ittihad Jeddah; Al-Riyadh; Al-Shabab; Al-Tai; Al-Wehda; e Damac FC. Vamos dividir isto em dois grupos: os quatro “grandes” comprados por um fundo saudita (que também possui o Newcastle) e as outras 14 equipas.

    Nas outras 14 equipas destacam-se jogadores como Jordan Henderson, Moussa Dembélé ou Vitinho – Al-Ettifaq; Uros Matic (sim, esse Uroš Matić) e Felipe Caicedo – Abha Club; Cristian Tello e Denayer – Al-Fateh; Ever banega – Al-Shabab; Bernard Mensah e Alfa Semedo – Al-Tai; Tozé (sim, também esse mesmo) – Al-Hazm; Fábio Martins. Pedro Rebocho, Ivo Rodrigues e Lisandro López – Al-Khaleej; entre tantos outros. A estes craques acrescentam-se ainda treinadores como os portugueses Pedro Emanuel e Filipe Gouveia (Al-Khaleej e Al-Hazm, respetivamente), Marcel Keizer (Al-Shabab) ou Steven Gerrard (Al-Ettifaq).

    Passemos então agora aos quatro poderosos do futebol saudita. O Al-Hilal, de Jorge Jesus, reforçou-se com Rúben Neves, Kalidou Koulibaly, Sergej Milinković-Savić e Malcolm, que se juntam ainda a jogadores como Carrillo (ex- Sporting CP e SL Benfica) e Michael (que já se tinha cruzado com JJ no Flamengo). Já para não falar das propostas milionárias que o clube fez tanto a Lionel Messi como a Kylian Mbappé. Além de um avançado diz-se que o clube saudita estará perto de assegurar a contratação de Marco Verratti. Al-Hilal com um meio-campo a três composto por Rúben Neves, Milinković-Savić e Verratti, imagine-se.

    O Al-Ahly treinado por Mathias Jaissle, alemão de 35 anos, ex-Salzburg, reforçou-se com Edouard Mendy, Alan Saint-Maximin, Riyad Mahrez e Roberto Firmino. Um quarteto que veio diretamente da Premier League, mas o que impressionou mais foi o trio ofensivo que se formou aqui. Já estou a imaginar… Mahrez encostado à linha no lado direito do ataque. Bola longa para a direita e o argelino “mata-a” com uma receção perfeita. Firmino vem buscar curto como ele tão bem faz e triangula com o ex-City. Mahrez vai para dentro em condução e vê do lado esquerdo Saint-Maximin a pedir bola. Faz o passe a rasgar. O francês vai no um para um, puxa para dentro, golo. Al-Ahly 1, Manchester City 7 (é pena não se cruzarem). Prosseguindo.

    O Al-Nassr de Cristiano Ronaldo que é agora treinado por Luís Castro reforçou-se com Marcel Brozovic, Seko Fofana, Alex Telles, e deve estar para breve a confirmação de Sadio Mané. Reforços de peso para a equipa do internacional português que prometeu ajudar a tornar o campeonato saudita num dos mais competitivos do mundo.

    Por fim, o Al-Ittihad de Nuno Espírito Santo que se reforçou com o atual Bola de Ouro, Karim Benzema, com N’Golo Kanté, “Jota” e Fabinho. Reforços de luxo para o atual campeão saudita.

    Quanto a uma antevisão ou previsão sobre o campeonato… Sim, vai ser giro, vai ser giro ver que mais jogadores vão parar a Arábia, acho que a antevisão mais realista que se pode fazer é essa mesma, a de que ainda vão lá parar muitos jogadores e craques do futebol europeu.

    Ah, quanto ao campeonato em si e ao possível campeão? Ui essa é complicada, mas mais difícil deve ser para os donos do fundo saudita… que têm quatro equipas para apoiar.

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    Renato Alexandre Soares
    Renato Alexandre Soareshttp://www.bolanarede.pt
    O Renato é natural de Aveiro mas atualmente reside em Lisboa. Está, neste momento, a tirar uma licenciatura em Ciências da Comunicação no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Tem no futebol a sua maior paixão, mas é um aficionado pelo mundo do desporto. Desde futebol até à Fórmula 1, passando pelo basquetebol e andebol, se for um desporto, tem lugar garantido na vida do aveirense.