«O exemplo de Cristiano inspirou-me a ajudar os mais afetados por esta pandemia» – Entrevista BnR com Martunis

    Quando ouvimos o nome Martunis, é inevitável associá-lo ao trágico tsunami que devastou a Indonésia em 2004. Mas, 16 anos depois, aquele para quem Cristiano Ronaldo é um herói, nele se inspirou para ser ele mesmo um herói em tempos de pandemia, leiloando uma camisola autografada por CR7 para ajudar os mais afetados. Com muitos “Okey, okey” à mistura, ouço a sua história e apercebo-me que a criança encontrada no meio dos destroços com a camisola da seleção portuguesa é já um homem feito, casado e com a ambição de regressar a Portugal para ser jogador de futebol profissional. Com o sorriso de alguém em quem cabem todos os sonhos do mundo, desfaz-se em elogios ao seu ídolo e mentor, e quem melhor que Cristiano Ronaldo, para muitos o melhor do mundo, para lhe ensinar como tornar os seus sonhos realidade?

    – Nunca desistir, aconteça o que acontecer –

    Bola na Rede [BnR]: Martunis, how’s everything?

    Martunis [M]: Good, good. You look like Paixao [Martunis não diz o til e abre um sorriso genuíno].

    BnR: Miguel Paixão?

    Martunis: Sim, o amigo do Cristiano Ronaldo.

    BnR: Já sei, já sei. Vou aceitar isso como um elogio.

    Martunis: Ehehe.

    BnR: Quando foi a última vez que estiveste em Portugal?

    M: [Sai o primeiro “Okey, okey”] Foi em 2016.

    BnR: Quando estiveste na formação do Sporting?

    M: Sim, quando estive na Academia.

    BnR: Aprendeste a falar português enquanto cá estiveste?

    M: Não muito, era difícil para mim.

    BnR: Que tal a experiência na Academia de Alcochete?

    M: Foi um tempo muito feliz para mim, poder jogar futebol e aprender no Sporting. Mas, infelizmente, durante essa época tive um problema no joelho.

    BnR: Foi um problema grave?

    M: Sim, dava-me muitas dores e impedia-me de jogar. Depois voltei para a Indonésia e parei de jogar por uns tempos. Foi um problema do qual demorei a recuperar. Mas agora já estou bem.

    BnR: Foi difícil a tua adaptação a Portugal?

    M: Muitas pessoas em Portugal, sobretudo na Academia, receberam-me muito bem e olharam por mim. Foram muito bons e ajudaram-me a adaptar a uma nova realidade. Portugal é o meu segundo país. Tenho muitas saudades de Portugal, foram ótimas memórias e claro, é o país do Cristiano [Ronaldo].

    BnR: O que é que ele te disse quando foste para a Academia do Sporting?

    M: Ele é uma grande pessoa e ensinou-me muitas coisas.

    BnR: Tens a ambição de voltar para Portugal?

    M: Sim, agora que já recuperei quero voltar para Portugal. Quero voltar a jogar e posso trabalhar em qualquer coisa.

    BnR: O que é que impede o teu regresso a Portugal?

    M: É difícil, muito difícil pela questão financeira. Mas tenho muitas saudades de Portugal e quero muito voltar.

    BnR: Para ti ainda é um sonho seres jogador profissional de futebol?

    M: Sim, é o meu sonho. Esta lesão atrasou o meu percurso, mas vou dar tudo o que tenho para voltar a jogar. Adoro o futebol.

    BnR: Que conselho é que o Cristiano Ronaldo te deu relativamente a seres jogador de futebol?

    M: A minha comunicação com o Cristiano é normalmente feita através dos seus assistentes, Ricky [Regufe] e Miguel [Paixão]. Mas às vezes estou com ele pessoalmente e ele deu-me um conselho que jamais esqueci: “Nunca, nunca, desistas, porque o sucesso é um processo. E a escolha de nunca desistir é tua, aconteça o que acontecer.” Nunca sabemos quando é que vamos ter sucesso, mas pelo processo conseguimos ver se vamos ter sucesso ou não.

    BnR: Já foste a Turim vê-lo jogar?

    M: Sim, fui em agosto passado, patrocinado pela Shopee Aplications. Gostei muito do Allianz Stadium, é muito bonito.

    BnR: Assististe a que jogo?

    M: Foi contra o Nápoles. O Cristiano marcou um golo e a Juventus ganhou 4-3.

    BnR: Desde que regressaste à Indonésia, o que é que tens feito?

    M: A minha vida aqui tem sido muito difícil, não é fácil ganhar dinheiro e a lesão ainda me incomoda de vez em quando. Mas tenho um canal de Youtube.

    BnR: É verdade, descobri o teu canal ao preparar esta entrevista. Quando é que o criaste?

    M: Em 2016.

    BnR: É algo em que gostavas de trabalhar no futuro, por exemplo?

    M: Sim, era bom ganhar algum dinheiro com o canal. Gostava muito de arranjar um trabalho a sério, mas é algo que não consigo neste momento. Gostava que alguém me pudesse ajudar a comprar um bilhete para Portugal e ajudar a arranjar um trabalho. Quem sabe, ter o meu próprio programa.

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    Frederico Seruya
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