O futebol sob o ponto de vista de um Feiticeiro

    Apareceu o Besiktas de Bernard Schuster, que consciente do talento que tinha em mãos, deu-lhe “carta branca” em campo. Era tudo o que precisava para voltar a ser o Quaresma fantasista.  O cigano recuperou a alegria de jogar e transformou-se em Deus para os exigentes e fanáticos adeptos turcos. Nesses dois anos fez golos que só podiam ter saída da sua varinha, assistiu, deu espetáculo e encantou tudo e todos. O Harry Potter estava de volta, ou pelo menos assim parecia. No entanto, apenas conquistou uma Taça da Turquia, tendo depois saído para o Al Ahli dos Emirados Árabes Unidos, onde apenas realizou 12 jogos num ano. Haveria de dizer, mais tarde, sobre esta aventura das arábias: “Não sei o que me passou pela cabeça”.

    Finda esta inexplicável aventura no Médio Oriente, seria resgatado pelo clube do seu coração: o FC Porto. Não obstante tudo o que fazia em campo, o carinho e reconhecimento de toda a massa associativa do clube, acabaria por sair volvidos dois anos, em virtude de um desentendimento com Lopetegui.

    O destino era novamente o Besiktas, onde acabaria por se sagrar campeão turco.

    Já numa fase descendente da carreira, mas com maior maturidade competitiva foi, aos 33 anos, absolutamente decisivo na caminhada triunfal de Portugal no Europeu de França, e inscreveu o seu nome na lista dos imortais. Não poderia ser de outra maneira.

    Portugal vence a França em Paris por 1-0 e sagra-se Campeão Europeu Fonte: http://ricardoquaresma27.blogspot.pt
    Portugal vence a França em Paris por 1-0 e sagra-se Campeão Europeu
    Fonte: http://ricardoquaresma27.blogspot.pt

    Para Quaresma o futebol sempre foi muito simples. No seu maravilhoso mundo de encantar nunca escondeu aquilo que lhe vai na alma: “Quando me encontro numa situação com três opções, escolho sempre driblar ou fintar em vez de passar para trás. A vida tem a ver com assumir riscos, e no futebol é igual. Quando às vezes tento algo ousado e quase consigo, o público aprecia – isso dá-me esperança que da próxima vez vai dar certo”. É um jogador especial, já dizia Boloni.

    Tentar compreender Quaresma não é um exercício fácil, mas nem tem de o ser. Basta-nos apreciar aquilo que faz, e rendermo-nos ao seu talento. Não há muitos como ele, aliás, não há ninguém como o cigano. Não tem problemas em admitir que fez “escolhas erradas em momentos-chave da minha carreira. Queria tudo demasiadamente rápido, e isso acabou por me prejudicar”.

    Mas para a história ficará sempre a memória de uma varinha de condão em forma de jogador, e a legítima pergunta que deve ser feita: o que nos terá reservado para o Mundial de 2018?

    Foto de Capa: Facebook Oficial de Ricardo Quaresma

    artigo revisto por: Ana Ferreira

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    Nuno Pássaro
    Nuno Pássarohttp://www.bolanarede.pt
    Licenciado em Direito, faz da advocacia a sua profissão, sem nunca descurar o maior vício de todos: o futebol! Seja a competir, a escrever ou simplesmente a contemplar, azul e branco é o coração.                                                                                                                                                 O Nuno não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.