Com um 4x4x2, Juan Antonio Pizzi desenhava um losango a meio campo, diferente nuance do mesmo esquema utilizado por Portugal, que preferia uma linha de 4 a meio-campo. Cedo soaram os alarmes: Vargas a soltar-se nas costas da defesa portuguesa e a surgir, no mano a mano com Patrício, que com a coxa defendeu o remate do avançado chileno, aos 6 minutos. Um minuto depois, repetição de sinal alarmante, mas na baliza contrária, com Ronaldo a lançar André Silva que, com o interior do pé direito, remata para defesa de Cláudio Bravo.
O Chile, depois de produzir o primeiro lance de real perigo do jogo, volta a acercar-se da baliza lusa através de um forte remate de longe de Beausejour na sequência de um canto. A primeira parte fluía e, depois de uma entrada na partida com mais bola para Portugal, foi o Chile que, e para audível desagrado de Fernando Santos, passou a circular mais e melhor o esférico. Laterais chilenos projetados, Isla na direita e Beausejour na esquerda, a seleção detentora da Copa America tentava usar a largura no ataque e aproveitar a entrada a finalizar dos seus médios. Caso do minuto 28 quando Aranguiz, à entrada da área, cabeceia, vindo de trás, após cruzamento de Isla. Após canto na direita de Bernardo Silva, um cabeceamento por cima, aos 44 minutos, de José Fonte, fechou a cortina da primeira parte no que toca a lances de perigo a rondar as balizas.
Como na 1ª parte, foi o Chile a lançar o primeiro aviso. Alexis a sair da área num movimento de arraste da marcação e Vidal a cabecear por cima após cruzamento de Beausejour. Pouco depois, 58 minutos, um atento e de ótimos reflexos Patrício foi buscar um acrobático remate de Vargas na sequência de um canto. No lance seguinte, Ronaldo chuta forte na grande área, mas à figura de Bravo.
A seleção sul-americana foi-se galvanizando e sentindo-se cada vez mais segura em ataque posicional e, aos 62 minutos, Vidal encontra espaço e, do meio da rua, atira fortíssimo e a rasar a barra da baliza. Pizzi, ontem, falava da importância de evitar livres frontais e o Chile cumpriu em não cair nessa tentação até aos 65 minutos. Aí Ronaldo tentou aproveitar, mas a bola saiu por cima.
Em contra-ataque, CR7 voltou a ameaçar após combinação com Bernardo Silva, num remate que foi desviado e saiu ao lado do golo. Aos 76 minutos, Fernando Santos tira André Silva e faz entrar Nani e aos 83, é Bernardo Silva que dá o lugar a Quaresma. Contas feitas, Portugal ganha alguma capacidade no 1×1, mas perde referência de área que daria maior liberdade de ação a Ronaldo, que, até fim do jogo, teve um cabeceamento, a 5 minutos do fim do tempo regulamentar, por cima da baliza. 90 minutos pautados pelo equilíbrio de jogo e em oportunidades entre as equipas. A começar o prolongamento, André Gomes chuta por cima, à entrada da área, numa segunda bola. 3 minutos depois, Alexis Sánchez cabeceia sozinho, no coração da área, e ao lado, mas muito perto do poste direito de Rui Patrício.
Um prolongamento que revelou um Portugal apagado e sem capacidade de se esticar na frente. Aos 113 minutos, o árbitro não viu uma falta dentro da área cometida por José Fonte sobre Francisco Silva e, a um minuto dos 120, um lance pleno de fortuna para as cores lusitanas: Vidal atira ao poste e Rodríguez, na recarga, acerta na trave. Terminariam os 120 minutos com um Fernando Santos a vociferar “subam, subam!” para a sua equipa, expondo um treinador que exagerou na cautela e a equipa revelou tais sintomas. Nos penáltis, pouco ou nada para contar.
O Chile marcou três golos em força. Portugal preferiu o jeito, mas Cláudio Bravo não se deixou enganar. Fica um sabor muito amargo no final da participação portuguesa na Taça das Confederações. Na final do Euro, quando Portugal precisou de uma referência na frente, ela entrou e resolveu. Hoje, houve referência desde início, mas saiu de cena a meio e não se solucionou o problema. Usei o sobrenome do guardião chileno para o título desta crónica. Para qualificar a exibição portuguesa, apenas apliquei um antónimo de Bravo. Agora é jogar a partida dos perdedores….
Foto de Capa: Mirror