Portugal 0-0 Espanha: Nulo deu para anunciar a candidatura ibérica ao Mundial 2030

    Esta noite no Estádio José Alvalade jogou-se um dos duelos sempre antecipados do futebol internacional. Apesar do embate de hoje ser a feijões, o dérbi ibérico é um jogo que portugueses e espanhóis fazem sempre questão de não perder. 7 de outubro é ainda um dia que fica na história por assinalar o regresso dos espetadores às bancadas dos estádios em Portugal continental.

    Bastou o pontapé de saída para que os espanhóis assumissem imediatamente o controlo da partida e aos 2 minutos chegou o primeiro momento de perigo para a baliza de Patrício. Gerard Moreno fez gato-sapato dum Rúben Semedo passivo e Espanha só não se viu com uma madrugadora vantagem por causa duma boa defesa do guardião português. Corria o minuto 7 quando a furia roja voltou a ter uma excelente ocasião para inaugurar o marcador; desta vez, Rui Patrício ficou mesmo batido mas Raphael Guerreiro aliviou o remate de Dani Olmo já quase em cima da linha de golo e manteve o nulo.

    O primeiro remate da seleção surge apenas aos 25 minutos, pelos pés de Renato Sanches que chutou do meio da rua mas errou, por muito, o alvo defendido por Kepa Arrizabalaga.

    Portugal foi recuperando o fôlego depois de quase levar um nocaute no início da partida. Apesar da Espanha continuar algo mais soberana, foi por muito pouco que à entrada do minuto 43 Raphael Guerreiro não colocou os portugueses em vantagem. Praticamente sem oposição, rematou muito por cima com o seu pé mais fraco, o direito.

    Ao intervalo não havia golos para contar, mas chega a uma boa notícia: Portugal e Espanha anunciaram a candidatura conjunta para a organização do Mundial 2030.

    Portugal e Espanha fizeram algumas alterações ao intervalo que pareciam jogar mais a favor da equipa das Quinas. Os portugueses entram bastante melhor no segundo tempo e ao minuto 52 uma das entradas promovidas por Fernando Santos, William, teleguiou um passe para Cristiano Ronaldo que, de pé esquerdo, deixou a barra da baliza defendida por Kepa a abanar durante alguns segundos. Foi por pouco que Portugal não inaugurou o marcador.

    Com o tempo chegou a confiança, e com a confiança a balança começou a ficar desequilibrada a favor das Quinas. Ao minuto 65 foi vez de Renato Sanches ter demasiada pontaria. Depois dum passe de trivela de Cristiano Ronaldo, Sanches executa um remate difícil e a vê a bola bater na barra e na linha de golo, mas não a ultrapassou por completo.

    A grande oportunidade da Espanha na 2.ª parte é do Dani Olmo, que aos 71 minutos beneficia dum cruzamento de Adama Traré e tenta apanhar Rui Patrício em contra-pé. O guardião português foi novamente destaque e defendeu com o seu pé esquerdo. Pouco depois, entra João Félix e, numa boa jogada individual, ia fazendo estragos e tentou assistir Trincão, mas Kepa disse presente e antecipou-se bem ao jovem avançado português.

    As Quinas podiam ter saído vitoriosas depois dum lance aos 92 minutos, mas depois dum passe de cabeça de Sanches, Félix vê a bola fugir-lhe entre as pernas e falha em flagrante.

    O final da partida ditou um empate entre as nações hermanas. O grande destaque deste amigável é a repetição duma parceria ibérica para tentar hospedar o Mundial 2030.

     

    A FIGURA

    Rui Patrício – A modesta exibição portuguesa ao longo da 1.ª parte deu oportunidade ao titular da campeã da Europa para brilhar. Sempre soberano entre os postes, Patrício mostrou-se em grande forma e preparado para defrontar qualquer adversário que ouse tentar bater as redes portuguesas. Cada vez mais dá a sensação que Rui Patrício envelhece tão bem como o vinho.

    O FORA DE JOGO

    Rúben Semedo – Na sua derradeira estreia de Quinas ao peito, o defesa português de 26 anos mereceu a confiança de Fernando Santos diante dum respeitável adversário e demorou a encontrar o seu rumo ao longo do jogo. Logo no início, ia oferecendo um golo de bandeja a Gerard Moreno, não fosse Rui Patrício a travar o avançado espanhol. Ao longo de toda a 1.ª parte mostrou-se nervoso, cometeu erros não forçados e ia desequilibrando o jogo a favor dos espanhóis algumas vezes. A 2.ª parte é mais sossegada, fruto da nítida melhoria do jogo português e da entrada de Rúben Dias, que trouxe muita segurança ao eixo defensivo. Tem de melhorar.

     

    ANÁLISE TÁTICA – PORTUGAL

    Contra aquilo a que nos tem habituado, Fernando Santos apresentou a seleção nacional através dum 4-3-3 onde André Silva era apoiado por Cristiano e Trincão nas alas. Talvez pela falta de rotinas desta tática, Portugal apresentou muitas dificuldades para ligar os setores e praticou um futebol completamente banal ao longo da 1.ª parte, onde manteve o nulo somente pela concentração de Rui Patrício e competência de Raphael Guerreiro. Na segunda parte, o engenheiro faz entrar William, Bernardo e Rúben Dias e o jogo mudou de figura. Portugal conseguiu ganhar alguma bola, e foi ao longo do resto da partida a equipa mais perigosa. Praticou um futebol direto, procurou Cristiano e só não marcou porque houve duas bolas na barra.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Rui Patrício (8)

    João Cancelo (6)

    Pepe (6)

    Rúben Semedo (4)

    Raphael Guerreiro (6)

    Rúben Neves (6)

    João Moutinho (4)

    Renato Sanches (7)

    Cristiano Ronaldo (7)

    Francisco Trincão (5)

    André Silva (4)

    SUBS UTILIZADOS 

    William Carvalho (6)

    Rúben Dias (7)

    Bernardo Silva (7)

    Nélson Semedo (6)

    João Félix (6)

    Diogo Jota (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – ESPANHA

    Não obstante uma equipa de “segundas linhas” apresentada no Estádio José Alvalade, Luis Enrique manteve-se fiel ao 4-3-3 a que está habituado e começou desde cedo a criar muitas dificuldades à turma portuguesa. Com um futebol rápido, a um toque e esclarecido, a roja parecia bailar para onde queria ao longo de toda a primeira parte. Na segunda metade da partida a história foi diferente. A saída de Rodrigo ao intervalo calhou mal à seleção espanhola, e as entradas de Rúben Dias, William e Bernardo Silva trouxeram outro perfume ao jogo português. Enrique faz entrar, já tarde, Adama Traoré, um jogador que fez a diferença quer na defesa quer no ataque espanhol.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES 

    Kepa (6)

    Sergi Roberto (6)

    Diego Llorente (6)

    Eric García (6)

    Reguilón (6)

    Dani Ceballos (5)

    Sergio Busquets (6)

    Sergio Canales (6)

    Rodrigo (7)

    Gerard Moreno (7)

    Dani Olmo (7)

    SUBS UTILIZADOS

    José Luis Gayà (6) 

    Merino (5)

    José Campaña (5)

    Rodri (6)

    Adama Traoré (7)

    Sérgio Ramos (-)

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    Diogo Dá Mesquita
    Diogo Dá Mesquitahttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo é licenciado em Jornalismo pela Universidade Católica. Também tirou o curso de árbitro na Associação de Futebol de Lisboa. Tinha 8 anos quando começou a perceber a emoção que o desporto movia. No espaço de quinze dias, observou a família a chorar de alegria o golo do Miguel Garcia em Alkmaar, a tristeza da derrota em Alvalade contra o CSKA o ensurdecedor apoio dos adeptos do Liverpool enquanto perdiam a final da Liga dos Campeões por 3-0. Hoje, e cada vez mais apaixonado por futebol, continua a desenhar o seu percurso para tentar devolver a esta indústria tudo o que dela já recebeu.                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.