Tribuna VIP: A alegria (e a responsabilidade) da Seleção Nacional

    A Seleção Nacional qualificou-se de forma irrepreensível para o Euro 2024, ainda com três jogos por disputar, mas não é apenas essa qualificação imaculada que nos dá legítimas margens, a nós portugueses, de exigirmos um título à mistura de gerações que fazem das nossa seleção uma das grandes candidatas ao título europeu no próximo ano. Neste apuramento, vimos uma seleção sem rasgo em determinados jogos e uma seleção cheia de alegria e dinâmica noutros. Sim, os adversários não eram de peso, mas os números da qualificação são: 27 golos marcados, dois sofridos. E ainda faltam três jogos. Tivemos competência, seriedade e, a espaços, muita qualidade.

    Vejo nesta seleção uma alegria em campo que me dá boas sensações. Vejo jogadores como Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Rafael Leão, ou João Cancelo, mais confiantes, mais soltos, e, sobretudo, mais sincronizados e ligados entre si. Todos são jogadores de topo que têm de aparecer ao mais alto nível na fase final.

    Já se percebeu que Roberto Martínez tem uma espinha dorsal que vai servir de base na Alemanha, se tudo correr como se espera até ao verão: Diogo Costa, Rúben Dias, Cancelo, Palhinha, Bruno Fernandes, Bernardo e Ronaldo são indiscutíveis. Pepe, bem fisicamente, também entra neste lote. Numa segunda linha, como candidatos ao onze, há qualidade de sobra: Diogo Dalot, António Silva, Gonçalo Inácio, Rúben Neves, Vitinha, Otávio, João Félix, Rafael Leão, Diogo Jota, Gonçalo Ramos. Depois, há um outro leque de jogadores que dá todas as garantias, como Danilo, Pedro Neto ou Ricardo Horta. São nomes que estarão certamente na lista final para o Europeu e aos quais se vão juntar os de alguns que se podem destacar durante a época, como Matheus Nunes ou João Neves. É uma lista invejável e, seguramente, uma das melhores da competição.

    No Europeu que se segue, espero que proposta de jogo seja bem mais ousada do aquela que Portugal apresentou nas últimas fases finais. Às vezes, com medo de assumir o jogo, de carregar sobre o adversário, seja ele qual for. Repito: seja ele qual for. A Seleção Nacional tem de mostrar, com firmeza, que é capaz de vencer qualquer seleção do mundo e não esconder-se atrás do próprio talento.

    Estamos todos curiosos para perceber que seleção teremos num teste mais ‘á serio’, o diante de uma seleção de topo, o que ainda não aconteceu na Era Martínez, mas os sinais que temos, até agora, parece-me prometedores. Claro que há muito espaço para melhorar, sobretudo na gestão do impulso de alguns jogadores, que têm de interiorizar o sentido coletivo do jogo. Mas esse é o trabalho do selecionador. O de juntar um grupo de jogadores titulares nos melhores clubes do mundo e fazer-lhes perceber que nem todos podem ter lugar cativo no onze da seleção.

    Cristiano Ronaldo Fernando Gomes
    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Além disso, é essencial clarificar o papel de Cristiano Ronaldo, visto por Martínez como alguém para começar como titular, e nunca como suplente, e fazer com que as outras estrelas da equipa entendam essa opção. Sempre em prol da equipa e de uma geração que tem de jogar para ganhar o título. Porque, como dizia Bernardo Silva, minutos após a Seleção Nacional carimbar o apuramento para o Euro 2024: «A melhor geração é a que ganha e é neste caso a de 2016. Há que apontar ao mais alto. Neste momento, o mais alto é ganhar o Europeu». Venha ele.

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    João Pedro Óca
    João Pedro Ócahttp://www.bolanarede.pt
    O João Pedro Óca é um alentejano a fazer o gosta mais em Lisboa: jornalismo, sobretudo desportivo, na TVI e na CNN Portugal. Além disso, ainda dá uma perninha como narrador na Eleven.