O Mundial 2030 vai ser um evento marcante por diversas razões. Marcará o centenário do primeiro mundial realizado, marcará o regresso de uma grande competição a Portugal e será a primeira competição intercontinental realizada pela FIFA.
Ora, a organização da competição está adjudicada a Portugal, Espanha e Marrocos, mas os primeiros três jogos serão realizados no Uruguai, Argentina e Paraguai, em forma de celebração do centenário.
São 23 os estádios propostos para receberem os 101 jogos do Mundial. Na América do Sul foram escolhidos o Estádio Centenário (Uruguai), o Estádio Monumental Antonio Vespucio Liberti (Argentina) e o Estádio Conmebol (Paraguai).
Marrocos propôs cinco estádios: Stade de Marrakech, Stade Prince Moulay, Stade Adrar, Stade Ibn-Batouta, Estádio de Fez e Grand Stade de Casablanca.
Já Espanha é o país que concorre com o maior número de estádios. São eles: Balaídos, El Molinón, Riazor, San Mamés, Anoeta, La Romareda, Camp Nou, RCDE Stadium, Santiago Bernabéu, Cívitas Metropolitano, Nuevo Mestalla, Nueva Condomina, La Cartuja, La Rosaleda e Gran Canaria.
Portugal “vai a jogo” com apenas três estádios: Estádio da Luz, Estádio José Alvalade e Estádio do Dragão.
Apesar da extensa lista, alguns destes estádios não chegarão realmente a receber jogos da competição. Outros serão alvo de remodelações, visto que a FIFA impõe a obrigação de todos os recintos possuírem, no mínimo, quarenta mil lugares.
A grande questão relacionada com Portugal é o facto de apresentar “apenas” três estádios. Claramente são os únicos que garantem o cumprimento da regra imposta pela FIFA. Mas, então, para que serviu o Euro 2004?
Para acolher o Europeu, em 2004, Portugal investiu na construção e remodelação de vários estádios e infraestruturas que, naquele momento, cumprissem com as exigências da UEFA.
Temos vários exemplos: Estádio Municipal de Braga, Estádio do Bessa, Estádio D. Afonso Henriques, Estádio Municipal de Aveiro, Estádio Dr. Magalhães Pessoa, Estádio Municipal de Coimbra e o Estádio do Algarve. A estes acrescem, sem esquecer, os três já referidos acima.
Desta lista, apenas o Estádio D. Afonso Henriques sofreu remodelações. Todos os outros foram construídos de raiz, no que se traduziu num custo de quase 700 milhões de euros.
Posto isto, a capacidade destes estádios ronda os 30 mil lugares, ficando a dez mil assentos do pretendido pela FIFA. Então, de 2004 a 2030 vão 26 anos. Um estádio torna-se obsoleto em 26 anos? Creio que não.
É verdade que a realização de uma prova UEFA e de uma prova FIFA tem dimensões e contexto muito diferentes. O facto de FIFA e UEFA poderem chegar a um consenso poderia beneficiar os países que se propõem a receber este tipo de competições.
Apesar do grande investimento para o Europeu, verdade se diga que alguns destes estádios estiveram ou estão inabitados ou apenas recebem jogos pontualmente.
O facto de Marrocos apresentar mais possíveis estádios é preocupante. Pela expressão que temos no futebol mundial, pelas capacidades financeiras e apoios que temos. Por um lado, é bastante benéfico para o futebol em si, em termos de diversidade de estádios com grande capacidade e condições. Por outro lado, o lado português, devia ser um abre olhos para a realidade.
Muitos estádios precisam de melhorias e isso seria benéfico em vários aspetos. Essas melhorias fariam com que mais estádios tivessem oportunidade de acolher mais jogos. Consigo, os jogos trariam mais pessoas, e estas teriam um impacto grande no turismo e na economia. A pouco e pouco, estamos a centralizar o nosso futebol em apenas três estádios, o que não é positivo para o desenvolvimento deste.