O Madeira SAD chegava à Galiza com uma missão árdua em mãos: anular a derrota caseira por 26-30 que sofreu no dia 12 de janeiro, frente ao Atlético de Guardés. Desta forma, a formação insular sabia que apenas um triunfo por mais de 4 golos (ou uma vantagem de 4 golos, mas que assegurasse a vantagem dos golos fora) seria o suficiente para garantir uma presença inédita nas meias-finais da EHF European Cup.
Os primeiros 30 minutos ficaram assinalados por uma passividade (tanto ofensiva como defensiva) de parte a parte. Já segundo tempo, ambas as equipas assumiram uma postura mais descarada que resultou na melhor meia hora de andebol em toda a eliminatória, com um drama que se estendeu até ao último minuto de jogo. O Madeira SAD acabou por conquistar a vitória por 21-24, mas não foi o suficiente para impedir a eliminação da equipa insular.
5. O JOGO COMEÇA E NINGUÉM ARRISCA
O jogo até começou mal para a formação do Madeira SAD, com uma perda de bola que resultou no primeiro golo do Atlético Guardés. De resto, os primeiros minutos ficaram marcados por um autêntico “deserto” de golos, com uma ofensiva muito pouco eficaz de parte a parte. Se no lado do Atlético Guardés, o mal parecia estar na execução, com a construção a ser bem feita, assentando de novo na colaboração lusa entre Patrícia Lima e Sandra Santiago, o ataque do Madeira SAD falhava, com várias faltas ofensivas e maus remates.
Nos primeiros 6 minutos, apenas um golo foi apontado e foi a favor do Atlético Guardés. O Madeira SAD abriria o seu registo, graças a um livre de 7 metros, apontado por Maria Duarte. Apesar do ritmo ter aumentado um pouco, nenhuma das equipas correu grandes riscos na primeira parte (com uma aposta num modelo defensivo 6-0 tradicional), o jogo nunca descolou na primeira parte, chegando ao intervalo com um resultado de 7-9, a favor do Madeira SAD.
4. A ÚLTIMA DEFESA
A 2 minutos do fim, o Madeira SAD vencia por apenas um golo e a eliminatória parecia mais do que encaminhada para o Atlético Guardés. O Madeira SAD aproveitou dois erros ofensivos do Atlético Guardés para aumentar a margem para três golos de vantagem, com menos de 1 minuto para o fim.
Ana Seabra pediu desconto de tempo num momento em que o resultado era 24-21 e um eventual contra-ataque rápido do Madeira deixaria a eliminatória reaberta para os segundos finais. A equipa de Pontevedra foi mesmo capaz de segurar a bola até aos últimos 9 segundos da partida quando Isabel Góis colocou a bola em Joana Pires que rematou na cara de Marisol Carratu, para uma grande intervenção da guarda-redes argentina, levando a uma explosão de alegria galega no Pabellón A Sangriña. O Atlético Guardés estava apurado para as meias-finais da EHF Europe Cup.
3. O CONTRA-ATAQUE QUE IGUALOU A ELIMINATÓRIA
Quatro golos pareciam uma desvantagem demasiado grande para o Madeira SAD recuperar à entrada para o encontro, sobretudo em território galego. Depois de conseguir chegar ao intervalo com uma vantagem de dois golos, a equipa do Madeira SAD parecia bem encaminhada para relançar a eliminatória. À entrada para o segundo tempo, a formação insular manteve a aposta num 6-0 tradicional, enquanto o Atlético Guardés começou com um 6-0 moderno, sinal de uma pressão mais alta da formação galega.
O Guardés tentava levar, desta forma, o jogo ao “uma para uma”, para o qual António Florido (treinador do Madeira SAD) alertara na antevisão do encontro. A pressão acabou por não se revelar tão frutífera e foi o Madeira SAD que descobriu mais espaço nas alas e nas pontas para marcar.
As madeirenses foram superiores nas transições defesa-ataque, com o maior exemplo a ser o golo apontado por Marilene Domingos, depois de uma defesa enorme de Isabel Góis (que fez uma grande exibição na partida), com a guardiã a colocar a bola seguidamente na ponta esquerda. O Madeira SAD apanhava-se a vencer por 13-9, a maior vantagem no encontro, igualando a eliminatória.
2. O ÚNICO LIVRE DE 7 METROS POR CONCRETIZAR
A nível individual existem vários nomes para destacar de ambos os lados: As irmãs Duarte (Maria e Neide), Isabel Góis, Sandra Santiago, Cristina Cifuentes e Patrícia Lima foram proeminentes em toda a eliminatória. Na partida deste domingo, as faltas foram abundantes de parte a parte e portanto os livres de 7 metros ganharam um protagonismo particular.
Sandra Santiago apontou 10 golos na partida, sete dos quais foram livres de 7 metros, com um papel notório na passagem do Atlético Guardés. O Madeira SAD teve oito ocasiões semelhantes e falhou apenas uma. Maria Duarte, que até ao momento tinha concretizado todos os remates da marca dos 7 metros, falhou um livre a meio do segundo tempo. Teria sido o 17-12, colocando o Madeira SAD na frente da eliminatória pela terceira vez na partida.
Maria Duarte teve, ainda assim, um papel fundamental na partida, com 5 golos apontados (a melhor marcadora da equipa madeirense, em conjunto com a irmã). A central terá mesmo sido a melhor jogadora do Madeira SAD em toda a eliminatória.
1. OS ÚLTIMOS 10 MINUTOS DE PATRÍCIA LIMA NO JOGO
Aos 21 minutos da segunda parte, Patrícia Lima inaugurou a sua conta pessoal, numa partida que não estava a correr de feição à central de 28 anos. Ainda assim, Lima foi fulcral quando Cristina Cifuentes recebeu uma exclusão de dois minutos. Num momento em que o Madeira SAD aproveitou para se meter com dois golos de vantagem, numa situação de 7 para 6.
Patrícia Lima tornou-se essencial para conter uma remontada do Madeira SAD, ao conquistar faltas consecutivas no ataque e na defesa. A central ainda apontou mais dois golos até ao fim do encontro e revelou um autêntico espírito de liderança na caminhada do Atlético Guardés rumo às meias finais, onde irá encontrar o Elche.
O Madeira SAD despede-se da EHF Europe Cup com uma vitória histórica e com uma campanha europeia memorável. Ana Seabra perdeu pela primeira vez, como treinadora principal do Atlético Guardés.
