Entre os dias 11 e 21 de Julho realizou-se na Hungria, em Gyor, o Europeu feminino de andebol sub-19 onde Portugal esteve representado e atingiu a 14ª posição. É um lugar que, tendo em conta a qualidade da equipa, soube a pouco, segundo palavras da selecionadora nacional Aldina Silva.
Analisando a caminhada da seleção nacional facilmente se percebe que não seria tarefa fácil atingir as classificações de topo dada o nível do grupo – a Noruega terminaria em terceiro lugar, a Roménia em quinto e a Suécia em 13º. Contudo, Portugal bateu-se bem frente a todos os adversários e podem ser retiradas várias notas positivas desta competição.
Em primeiro lugar, as atletas portuguesas demonstraram excelentes noções táticas para por em prática a exigente defesa utilizada ao longo do campeonato. Mesmo depois do desgaste originado pelos sete jogos em noves dias, os princípios estavam lá, mesmo que depois o cansaço não permitisse a melhor execução, o que demonstra o excelente trabalho que tem sido realizado nos escalões de formação e deixa sonhar com um futuro risonho do andebol feminino português.
Em segundo lugar, este campeonato foi a afirmação final de Joana Resende como uma das melhores laterais da sua geração. A 1ª linha portuguesa de 2001 foi eleita a melhor marcadora, apontando 55 golos com uma eficácia de 64% em sete jogos disputados. Tanto da linha de sete metros, como dos seis metros, Joana Resende mostrou-se extremamente fiável tendo falhado apenas dois livres de sete metros ao longo de todo o torneio e registado uma eficácia de 100% nos remates dos seis metros.
Ao longo desta época foi claro o talento da atleta portuguesa, que, com dezoito anos, foi peça fundamental das vitórias no campeonato e Taça de Portugal por parte do Colégio de Gaia. Aliando velocidade e excelentes recursos técnicos, tanto no passe como no remate exterior, Joana Resende é, neste momento, uma certeza e não uma promessa do andebol nacional. O próximo passo seria, em teoria, a mudança para o estrangeiro, seguindo os passos da sua colega de seleção Beatriz Sousa, que no passado verão se transferiu do Madeira SAD para França e evoluiu a olhos vistos, tendo sido a quarta melhor marcadora do campeonato com 49 golos em sete partidas.
Por fim, o andebol de formação feminino em Portugal encontra-se neste momento numa excelente fase que pode ser determinante para o futuro da modalidade no nosso país. As seleções nacionais jovens estão agora recheadas de atletas com talento e que desde cedo começam a demonstrar níveis competitivos muito elevados que permitem afirmarem-se em escalões superiores. Este aumento de competitividade providência experiência, que depois é preponderante quando se chega às grandes competições.
Se Portugal continuar o trabalho de desenvolvimento e não tiver medo de arriscar, podemos ter um futuro em que o apuramento para grandes competições não se trata de uma raridade, mas sim uma constante, e o andebol assume o papel de destaque que tanto tem feito por merecer.
Foto De Capa: EHF