O ciclo que se encerra e as adversárias que enfrenta
A atleta tem sucessivamente referido que encara esta fase final da sua carreira com cautelas, com mais inteligência e com a noção que “não pode ir a todas”. A própria chegou mesmo a fazer um paralelismo com o que Roger Federer faz no ténis, referindo-se ao facto que se irá resguardar durante grande parte do tempo para atacar em forças as competições que lhe interessam, os eventos globais. 2018 foi visto pela atleta como um ano para respirar e para se preparar para os Mundiais de Doha e para os Jogos de Tóquio. Fez poucas provas, nenhuma das de maior importância do calendário, evitando confrontos com as principais rivais. Ainda assim, Felix afirma constantemente que tudo faz parte do plano e que nunca se contentará com nada que não seja a medalha de Ouro quando for a doer. Mas será que a atleta natural de Los Angeles estará pronta para enfrentar a dura concorrência que lhe espera?
A nível internacional, é óbvio que as suas duas maiores e grandes adversárias são Shaunae Mller-Uibo (BAH) e Salwa Eid Naser (BRB). Ambas as atletas já têm um recorde pessoal nos 400 metros melhor do que o de Allyson e fica complicado perceber como é que a norte-americana poderá, aos 33 anos, e numa fase em que os seus resultados e marcas parecem vir a regredir, superar-se e correr a sua prova mais rápida de sempre. Claro que cada prova é diferente e poderá não ser necessário correr tão rápido para se vencer, ainda assim será difícil ser mais rápida que as duas rivais nessa mesma prova e isso parece um cenário cada vez mais complicado à medida que o tempo passa.
Shaunae Miller-Uibo tornou-se a 10ª mais rápida de sempre e a 10ª atleta da história a baixar dos 49 segundos, com os 48.97 da prova do Mónaco. Nesse dia, Salwa Eid Naser correu em 49.08. O melhor pessoal de Felix é de 49.26, alcançado nos Mundiais de Pequim em 2015. Felix terá 33 anos em Doha. Miller-Uibo terá 25 e Naser 21 anos. Parece claro que as probabilidades estão contra a atleta norte-americana, nesta que parece uma luta contra o tempo.
Externamente, ainda não sabemos o que esperar de Caster Semenya (RSA). Se a atleta quiser também apostar nos 400 metros, já deixou excelentes indicações com os 49.62 que correu em Ostrava, na Continental Cup. O mesmo acontece com Shericka Jackson (JAM), Bronze em Pequim e no Rio, mas que em 2018 deu prioridade aos 200 metros.
Mas não é apenas no exterior que Allyson Felix parece enfrentar enormes desafios. A nível nacional, existem várias atletas que em 2018 se apresentaram melhor do que Felix e, mesmo que a atleta se apresente ao seu melhor nível de sempre, terá adversárias entre portas ao seu nível. Para começar, a campeã mundial em título é também norte-americana. Phyllis Francis surpreendeu o mundo ao conquistar o Ouro nos Mundiais de Londres, numa final em circunstâncias bastante atípicas, que ainda assim não impediram Francis de alcançar o seu recorde pessoal em 49.92.
Uma boa notícia para Felix é que Phyllis Francis não precisa de participar nos Nacionais, tendo já um wild card para os Mundiais de Doha, abrindo a possibilidade de termos 4 norte-americanas nesses Campeonatos.