Allyson Felix – Ainda haverá espaço para mais?

    Shakima Wimbley apenas baixou por uma vez dos 50 segundos na sua carreira. Mas fê-lo em 49.52 na final dos Nacionais Norte-Americanos em 2018, deixando muita gente impressionada. A sua marca significou o tempo mais rápido em todo o mundo, se não contarmos com Miller-Uibo e Naser, sendo a norte-americana mais rápida da temporada. Antes, no início do ano, Wimbley conquistou a medalha de Prata na distância indoor em Birmingham e, em 2019, poderemos ouvir falar muito mais dela a nível internacional na volta ao ar livre.

    Nos Mundiais de Pista Coberta em que Wimbley foi segunda, quem se tornou campeã mundial indoor foi Courtney Okolo. A atleta norte-americana foi brilhante na temporada indoor, venceu esse título, mas não conseguiu transportar essa forma para o ar livre. Curiosamente, Okolo correu mais rápido em pista coberta (50.55) do que ao ar livre (50.65), o que por um lado demonstra que o seu ano não foi extraordinário ao ar livre, mas que também demonstra que continua a ter muito mais dentro de si e que vale bem mais do que correu na temporada 2018. O quanto representam ao ar livre esses 50.55 de Março? Não o sabemos dizer, mas sabemos dizer que em 2016 correu em 49.71.

    A jovem Kendall Ellis, de 22 anos, foi outra atleta que teve em grande destaque em 2018. Em Pista Coberta, correu em 50.34, o tempo mais rápido do ano e o novo recorde nacional norte-americano, na sua última temporada no College. Mais tarde, ao ar livre, baixou pela primeira vez na carreira dos 50 segundos, ao correr em 49.99, mas a história não ficaria por aí. Apesar de ter perdido o título colegial para Irby (já lá vamos), fê-lo correndo em 50.19 e apenas duas horas depois correu uma das mais impressionantes legs das estafetas 4×400. Veio de muito longe para vencer, fê-lo em 50.05, com a pista em muito difíceis condições e depois daquela prova prévia de 400 metros! O vídeo é um dos melhores momentos de Atletismo de 2018.

    Lynna Irby ainda irá completar os 20 anos em Dezembro, mas, caso não existisse uma tal de Sydney, era provavelmente o nome mais falado no momento entre as jovens norte-americanas. Com uma temperatura de 12 graus centígrados, correu o seu tempo mais rápido de sempre na final dos Universitários norte-americanos em 49.80, com a pista bastante molhada e tornou-se a teenager norte-americana mais rápida de sempre.

    O facto de ter nascido em Dezembro e não uns dias depois, não permite considerá-la a recordista nacional júnior, mas esse formalismo não impede de percebermos a dimensão da marca de Irby. Meia hora depois correu os 200 metros em 22.92 (com vento muito negativo de -2.3), sendo terceira. Não há dúvidas do diamante que aqui está pronto a brilhar ao mais alto nível.

    Depois há Sydney McLaughlin. Não está ainda bem claro em que prova ou provas a jovem prodígio irá apostar em 2019. A prioridade deverão ser os 400 metros com barreiras, a sua especialidade ao momento e onde procura fazer história, tendo já confessado que espera bater o recorde mundial da distância. Ainda assim, é impossível excluir da equação dos 400 metros, a jovem que assinou, na semana passada, um contrato (que se diz milionário) com a New Balance.

    A forma como a NB anunciou Sydney demonstra o que da mesma se espera nos EUA
    Fonte: New Balance

    Em 2018, na temporada universitária norte-americana, correu apenas uma vez a distância de 400 metros. Resultado? Entrou pela primeira vez nos 50 segundos e logo em 50.07, em Março, uma marca que a colocou imediatamente como a segunda melhor júnior da história norte-americana, apenas atrás de Sanya Richards-Ross! Antes na temporada de pista coberta, participou em apenas 3 competições de 400 metros. Resultados? 50.36, o recorde mundial júnior de pista coberta e a apenas 0.02 do recorde nacional sénior! Poucas dúvidas há que Sydney irá também procurar fazer história na distância sem barreiras. Se será já em 2019 ou não, é uma incógnita, mas caso o faça, é um nome que poderá intimidar já qualquer adversária.

    Existem ainda os nomes de Jessica Beard e Quanera Hayes, que podem intrometer-se nos lugares que parecem destinados a Felix e às mais novas. Beard correu o seu melhor pessoal este ano bem próximo de baixar dos 50 segundos (50.08), ela que como sénior apenas tem medalhas coletivas nas Estafetas (em Mundiais), mas que como júnior foi Prata mundial. Já Hayes, praticamente não andou por cá este ano, mas os seus 49.72 que lhe deram a vitória nos Nacionais Norte-Americanos em 2017 não podem ser esquecidos. No seu palmarés também tem medalhas globais nas Estafetas e uma medalha de Bronze individual nos 400 metros dos Mundiais Indoor de Portland.

    Phyllis Francis (26 anos) PB: 49.92 / SB 2018: 50.07 (**Wild Card para Doha/Atual campeã mundial)

    Shakima Wimbley (23 anos) PB: 49.52 / SB 2018: 49.52 (atual campeã nacional norte-americana)

    Lynna Irby (20 anos) PB: 49.80 / SB 2018: 49.80

    Kendall Ellis (22 anos) PB: 49.99 / SB 2018: 49.99

    Courtney Okolo (24 anos) PB: 49.71 SB 2018: 50.65 (atual campeã mundial indoor)

    Sydney McLaughlin (19 anos) PB: 50.07 / SB 2018: 50.07

    Jessica Beard (29 anos) PB: 50.08 / SB 2018: 50.08

    Quanera Hayes (26 anos) PB: 49.72 / SB 2018: 53.23

    Nota: Foram referidas as idades ao dia 1 de Janeiro de 2019

    Com tanto talento jovem a despontar nos EUA, com duas gerações a parecerem cada vez mais fortes na sua afirmação, a presença de Felix em Doha não parece ser um dado garantido. A atleta terá que suar, superar-se, ultrapassar atletas mais de uma década mais jovens do que ela, para poder estar no mais alto dos palcos e para lutar pela medalha que deseja. Se isso acontecerá ou não, não o saberemos. Certo é que nada do que aconteça daqui para a frente irá beliscar o enorme legado de Allyson Felix, a sua contribuição para o Atletismo e em especial para o desenvolvimento do Atletismo feminino nos EUA. Aliás, se Felix for derrotada por muitas das atletas acima referidas será derrotada por atletas que a consideram o seu ídolo e a sua inspiração. Haverá forma melhor de deixar o desporto do que deixando-o percebendo de imediato o seu impacto no mesmo?

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    Pedro Pires
    Pedro Pireshttp://www.bolanarede.pt
    O Pedro é um amante de desporto em geral, passando muito do seu tempo observando desportos tão variados, como futebol, ténis, basquetebol ou desportos de combate. É no entanto no Atletismo que tem a sua paixão maior, muito devido ao facto de ser um desporto bastante simples na aparência, mas bastante complexo na busca pela perfeição, sendo que um milésimo de segundo ou um centimetro faz toda a diferença no final. É administador da página Planeta do Atletismo, que tem como principal objectivo dar a conhecer mais do Atletismo Mundial a todos os seus fãs de língua portuguesa e, principalmente, cativar mais adeptos para a modalidade.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.