Campeonatos Mundiais Indoor (Birmingham 2018): Resumo do 1º dia e Antevisão do 2º

Dia 1 – Os eventos
Começaram ontem os Campeonatos Mundiais de Pista Coberta, com os 3 primeiros campeões a serem consagrados na noite de Quinta.
No exterior, não se parecia viver um ambiente de grande competição. Ainda que seja uma competição indoor, normalmente a agitação no exterior e o convívio entre fãs e até algumas personalidades costuma ser uma constante. No entanto, as péssimas condições climatéricas impossibilitaram esse extra, o que no entanto, em nada afectou o que se passou dentro do pavilhão, embora tenha afastado alguns espectadores com bilhete para o evento. Recorde-se que o Reino Unido enfrenta condições muito adversas: ontem à saída do Pavilhão, a temperatura era de -3 (já bastante frio para Birmingham), mas com um Real Feel (aquilo que realmente as pessoas sentem, quando somados outros factores, como o vento e humidade) de -13!

Ainda assim, no interior a temperatura esteve quente, tendo subido ao longo da noite, com um concurso de Salto em Altura Masculino morno, decorrendo ao mesmo tempo da Altura no feminino, que foi bem melhor e que até terminou acima dos 2 metros. Mas o grande destaque da noite foi mesmo a prova de 3.000 Metros, com grandes marcas e com o brilho habitual de Genzebe Dibaba. Mas já lá vamos…

Salto em Altura Masculino

Fonte: IAAF

Na competição masculina, cedo se percebeu quais seriam os candidatos às medalhas, com apenas 5 atletas a passar a distância de 2.25, algo um pouco surpreendente face aos atletas que tínhamos presentes. Bednarek (POL) falhou aos 2.29 metros e a luta ficou reduzida a 4 para 3 medalhas: Mutaz Essa Barshim (QAT), Danil Lysenko (RUS), Mateusz Przybylko (GER) e Erik Kynard (USA), sendo que os dois primeiros pareciam, como esperado, bem acima da concorrência. Os dois útimos falharam a tentativa a 2.33 e o Bronze acabou por ir para o germânico, que tinha menos falhas. A luta era agora a dois: Barshim falha a 2.36, causando alguma surpresa. De seguida, Lysenko esteve muito próximo, mas também derruba a fasquia. Tudo voltava ao zero na luta pelo Ouro. Mas Barshim falhou também a segunda tentativa. Lysenko também. Havia uma última tentativa para cada um conseguir o Ouro a esta altura. Terceira tentativa: Barshim falha, Lysenko consegue passar e sagra-se campeão mundial! Ele bem que vinha ameaçando na temporada indoor e sabia-se que se Barshim não estivesse verdadeiramente no seu melhor, isto poderia acontecer. Não se pode dizer que Barshim seja um atleta que não apresenta resultados em grandes eventos. Uma medalha é sempre uma medalha. Mas não deixa de ser curioso que é normal nestes eventos que o atleta parece se tornar mais “mortal” e “humano”. Que comece a temporada outdoor, para o extraterrestre regressar.

Salto em Altura Feminino

Fonte: IAAF

Aqui a acção durou mais tempo e tivemos mais atletas a irem até mais longe, embora Maryia Lasitskene já mostrasse uma regularidade e facilidade maior no concurso, nunca tenho falhado qualquer tentativa até 1.93m. Alguma surpresa para o mau concurso de Yuliya Levhcenko (UKR), a Prata em Londres, que não passou do 1.89m e ficou-se pela quinta posição. Na mesma altura, já tinha caído Mirela Demireva (BUL), a Prata no Rio. Morgan Lake (GBR), Vashti Cunningham (USA) e Alessia Trost (ITA) não passaram a 1.96m – Lake ficou em 4º, Trost a surpreendente medalha de Bronze, Cunningham no segundo lugar com a Prata e, claro, o primeiro lugar foi para Mariya Lasitskene (RUS) – mais do que esperado – ao saltar 1.96 à primeira (sem falhas no concurso). Lasitskene tentou acima dos 2 metros e saltou mesmo acima dos 2 metros, 2.01 à segunda tentativa. De seguida, tentou 2.07, o que seria um recorde dos campeonatos, mas não era o dia para o recorde cair.

Numa altura em que os atletas russos andam nas bocas do mundo pelos piores motivos, é curioso que sejam dois atletas russos a serem os primeiros campeões mundiais do evento. Não houve direito a hino russo, pois ambos os atletas estão oficialmente a representar uma equipa de “Atletas Neutrais” devido ao castigo russo, mas o elefante esteve na sala – ou no pavilhão – durante o resto da noite. Assim sendo, quem ao dia de hoje domina o medalheiro é a formação dos “Atletas Neutrais Autorizados”!

3.000 Metros Feminino

Fonte: IAAF

Uma fantástica corrida de 3.000, tática até metade da prova, com Genzebe Dibaba (ETH) paciente e com a estratégia bem definida no fundo do pelotão, mas a puxar claramente dos galões para conquistar mais um Ouro Mundial! É a rainha da distância, é a rainha do Indoor e em 8:45.05 levou o Ouro para casa, mesmo que as duas outras atletas no pódio tenham corrido o seu melhor esta temporada. Sifan Hassan (HOL) no segundo lugar, apresentou uma tática muito parecida à de Dibaba, mas fê-lo sempre como reacção, um passo atrás, nunca conseguindo surpreender a atleta etíope como 8:45.68. Ainda assim, bela corrida da holandesa, provando a sua enorme evolução desde que mudou de mãos e passou a ser treinada por Alberto Salazar nos EUA. No terceiro lugar, no pódio, com o Bronze, a chegar literalmente em cima de Hassan, ficou a britânica Laura Muir (4:45.78), a alcançar a primeira medalha para o país anfitrião, depois de Morgan Lake ter ficado tão próxima (4º lugar na Altura). Dibaba conseguiu nesta prova o seu terceiro título mundial consecutivo nos 3000M Indoor, num ano em que irá tentar pela primeira vez a dobradinha (com os 1500 – distância onde conseguiu o Ouro em 2012)

O final da prova de 3000 Metros:

https://www.facebook.com/WorldAthleticsClub/videos/1611074162274748/

Pedro Pires
Pedro Pireshttp://www.bolanarede.pt
O Pedro é um amante de desporto em geral, passando muito do seu tempo observando desportos tão variados, como futebol, ténis, basquetebol ou desportos de combate. É no entanto no Atletismo que tem a sua paixão maior, muito devido ao facto de ser um desporto bastante simples na aparência, mas bastante complexo na busca pela perfeição, sendo que um milésimo de segundo ou um centimetro faz toda a diferença no final. É administador da página Planeta do Atletismo, que tem como principal objectivo dar a conhecer mais do Atletismo Mundial a todos os seus fãs de língua portuguesa e, principalmente, cativar mais adeptos para a modalidade.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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