Dia 1 – Os eventos
Começaram ontem os Campeonatos Mundiais de Pista Coberta, com os 3 primeiros campeões a serem consagrados na noite de Quinta.
No exterior, não se parecia viver um ambiente de grande competição. Ainda que seja uma competição indoor, normalmente a agitação no exterior e o convívio entre fãs e até algumas personalidades costuma ser uma constante. No entanto, as péssimas condições climatéricas impossibilitaram esse extra, o que no entanto, em nada afectou o que se passou dentro do pavilhão, embora tenha afastado alguns espectadores com bilhete para o evento. Recorde-se que o Reino Unido enfrenta condições muito adversas: ontem à saída do Pavilhão, a temperatura era de -3 (já bastante frio para Birmingham), mas com um Real Feel (aquilo que realmente as pessoas sentem, quando somados outros factores, como o vento e humidade) de -13!
Ainda assim, no interior a temperatura esteve quente, tendo subido ao longo da noite, com um concurso de Salto em Altura Masculino morno, decorrendo ao mesmo tempo da Altura no feminino, que foi bem melhor e que até terminou acima dos 2 metros. Mas o grande destaque da noite foi mesmo a prova de 3.000 Metros, com grandes marcas e com o brilho habitual de Genzebe Dibaba. Mas já lá vamos…
Salto em Altura Masculino
Na competição masculina, cedo se percebeu quais seriam os candidatos às medalhas, com apenas 5 atletas a passar a distância de 2.25, algo um pouco surpreendente face aos atletas que tínhamos presentes. Bednarek (POL) falhou aos 2.29 metros e a luta ficou reduzida a 4 para 3 medalhas: Mutaz Essa Barshim (QAT), Danil Lysenko (RUS), Mateusz Przybylko (GER) e Erik Kynard (USA), sendo que os dois primeiros pareciam, como esperado, bem acima da concorrência. Os dois útimos falharam a tentativa a 2.33 e o Bronze acabou por ir para o germânico, que tinha menos falhas. A luta era agora a dois: Barshim falha a 2.36, causando alguma surpresa. De seguida, Lysenko esteve muito próximo, mas também derruba a fasquia. Tudo voltava ao zero na luta pelo Ouro. Mas Barshim falhou também a segunda tentativa. Lysenko também. Havia uma última tentativa para cada um conseguir o Ouro a esta altura. Terceira tentativa: Barshim falha, Lysenko consegue passar e sagra-se campeão mundial! Ele bem que vinha ameaçando na temporada indoor e sabia-se que se Barshim não estivesse verdadeiramente no seu melhor, isto poderia acontecer. Não se pode dizer que Barshim seja um atleta que não apresenta resultados em grandes eventos. Uma medalha é sempre uma medalha. Mas não deixa de ser curioso que é normal nestes eventos que o atleta parece se tornar mais “mortal” e “humano”. Que comece a temporada outdoor, para o extraterrestre regressar.
Salto em Altura Feminino
Aqui a acção durou mais tempo e tivemos mais atletas a irem até mais longe, embora Maryia Lasitskene já mostrasse uma regularidade e facilidade maior no concurso, nunca tenho falhado qualquer tentativa até 1.93m. Alguma surpresa para o mau concurso de Yuliya Levhcenko (UKR), a Prata em Londres, que não passou do 1.89m e ficou-se pela quinta posição. Na mesma altura, já tinha caído Mirela Demireva (BUL), a Prata no Rio. Morgan Lake (GBR), Vashti Cunningham (USA) e Alessia Trost (ITA) não passaram a 1.96m – Lake ficou em 4º, Trost a surpreendente medalha de Bronze, Cunningham no segundo lugar com a Prata e, claro, o primeiro lugar foi para Mariya Lasitskene (RUS) – mais do que esperado – ao saltar 1.96 à primeira (sem falhas no concurso). Lasitskene tentou acima dos 2 metros e saltou mesmo acima dos 2 metros, 2.01 à segunda tentativa. De seguida, tentou 2.07, o que seria um recorde dos campeonatos, mas não era o dia para o recorde cair.
Numa altura em que os atletas russos andam nas bocas do mundo pelos piores motivos, é curioso que sejam dois atletas russos a serem os primeiros campeões mundiais do evento. Não houve direito a hino russo, pois ambos os atletas estão oficialmente a representar uma equipa de “Atletas Neutrais” devido ao castigo russo, mas o elefante esteve na sala – ou no pavilhão – durante o resto da noite. Assim sendo, quem ao dia de hoje domina o medalheiro é a formação dos “Atletas Neutrais Autorizados”!
3.000 Metros Feminino
Uma fantástica corrida de 3.000, tática até metade da prova, com Genzebe Dibaba (ETH) paciente e com a estratégia bem definida no fundo do pelotão, mas a puxar claramente dos galões para conquistar mais um Ouro Mundial! É a rainha da distância, é a rainha do Indoor e em 8:45.05 levou o Ouro para casa, mesmo que as duas outras atletas no pódio tenham corrido o seu melhor esta temporada. Sifan Hassan (HOL) no segundo lugar, apresentou uma tática muito parecida à de Dibaba, mas fê-lo sempre como reacção, um passo atrás, nunca conseguindo surpreender a atleta etíope como 8:45.68. Ainda assim, bela corrida da holandesa, provando a sua enorme evolução desde que mudou de mãos e passou a ser treinada por Alberto Salazar nos EUA. No terceiro lugar, no pódio, com o Bronze, a chegar literalmente em cima de Hassan, ficou a britânica Laura Muir (4:45.78), a alcançar a primeira medalha para o país anfitrião, depois de Morgan Lake ter ficado tão próxima (4º lugar na Altura). Dibaba conseguiu nesta prova o seu terceiro título mundial consecutivo nos 3000M Indoor, num ano em que irá tentar pela primeira vez a dobradinha (com os 1500 – distância onde conseguiu o Ouro em 2012)
O final da prova de 3000 Metros:
https://www.facebook.com/WorldAthleticsClub/videos/1611074162274748/