IAAF muda de nome mas mantém-se sem rumo

    Como havia sido anunciado no início do ano, a IAAF (International Association of Athletics Federations) completou mesmo a sua transformação para World Athletics. O novo nome da associação trouxe com ele uma nova imagem e pretende com isso atrair um publico mais jovem. No entanto, os problemas da IAAF mantêm-se e nas últimas semanas os mesmos não têm dado tréguas.

    Desde duras críticas de atletas que levaram inclusive à criação de uma nova Associação de Atletas (totalmente independente à IAAF) a uma pouco consensual escolha para atleta masculino do ano, a organização prova que continua a ser a mesma IAAF de sempre: até existe vontade de mudar, mas continua sem conseguir encontrar o seu rumo.

    A NOVA IAAF, WORLD ATHLETICS

    Fonte: World Athletics

    Este é o novo nome e logótipo da organização mais importante do nosso desporto. O rebranding foi justificado pela IAAF como uma tentativa de se aproximar do público mais jovem, com um nome mais memorável, mais facilmente identificável com o nosso desporto, sendo que o logo também reflete essa nova identidade.

    Nada contra a alteração, embora seja, na minha opinião, uma alteração com pouco significado. World Athletics é, é verdade, mais fácil de ser associado com Atletismo, embora não achemos que a maioria das pessoas não soubesse o que era a IAAF. Todos nós falamos da FIFA, da UEFA, do UFC, do ATP, do WTA ou da FIA e poucos realmente sabemos o significado de cada uma dessas letras. Se IAAF não era facilmente reconhecida por casuals, terá mais a ver com outros fatores do que propriamente as quatro letras em si, mas damos de barato esta alteração.

    Embora não nos pareça que os jovens se vão interessar por Atletismo da noite para o dia apenas porque a IAAF já não se chama IAAF, compreendemos que esta mudança tenha mais a ver com as polémicas que têm assombrado a organização nos últimos anos do que com qualquer outra coisa.

    Inúmeros falhas no antidoping, colossal caso de doping patrocinado pelo governo russo, escolhas polémicas para sedes de Campeonatos Mundiais, o modo como a situação dos atletas com diferenças de desenvolvimento sexual foi tratada, enormes acusações de corrupção que levaram a que o anterior Presidente esteja inclusive sentado no banco dos réus… A lista é grande e cada um dos itens daria para um artigo próprio. Acontece que para mudar não basta parecer. E em tão pouco tempo já dá para perceber que tudo não passa de uma tentativa de maquilhar os problemas.

    THE ATHLETICS ASSOCIATION – O GRITO DE REVOLTA DOS ATLETAS

    Christian Taylor é o rosto da revolta
    Fonte: IAAF

    Verdade seja dita, existe algo onde a IAAF mexeu e alterou muito: a Diamond League. Não, a World Athletics não teve coragem para diminuir o número de meetings como havia anunciado com pompa e circunstância. Quando a lista final foi divulgada, percebeu-se que todos os diretores de meetings não só convenceram a organização a manter os seus meetings, como ainda teremos a inclusão de um novo para a temporada 2020!

    Além de Xangai, teremos um novo meeting na China (que ainda nem sequer sabemos onde será…), Parte de um acordo importante da World Athletics com o Wanda Group que permitiu o “maior encaixe da história do Atletismo” à organização e que inclui direitos televisivos para a Diamond League e para nova Continental Tour (já lá vamos), assim como a alteração de nome para Wanda Diamond League para os próximos dez anos. O calendário foi ligeiramente alterado, mas nada mudou para muito melhor – Doha quase um mês antes do 2.º meeting, três meetings na mesma semana…

    A Diamond League 2020
    Fonte: World Athletics

    Mas se a redução de meetings acabou por não tomar forma, a ideia da IAAF de reduzir os meetings a 90 minutos de transmissão televisiva e a exclusão de quatro disciplinas foi mesmo para a frente. A IAAF (ou World Athletics, vocês vão-se habituar e nós também) confirmou que a distância máxima na maior competição anual de atletismo será os 3.000 metros e confirmou que os 200 metros, os 3.000 Obstáculos, o Triplo Salto e o Lançamento do Disco não farão parte da edição 2020 da Diamond League.

    As disciplinas aparecerão em alguns meetings (os 200 e os 3.000 obstáculos em cinco provas masculinas e cinco femininas; o Triplo e o Disco… apenas em uma masculina e uma feminina!), mas não terão direito a final, não existindo, portanto, qualificação por pontos e nem sequer prémio final monetário.

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    Pedro Pires
    Pedro Pireshttp://www.bolanarede.pt
    O Pedro é um amante de desporto em geral, passando muito do seu tempo observando desportos tão variados, como futebol, ténis, basquetebol ou desportos de combate. É no entanto no Atletismo que tem a sua paixão maior, muito devido ao facto de ser um desporto bastante simples na aparência, mas bastante complexo na busca pela perfeição, sendo que um milésimo de segundo ou um centimetro faz toda a diferença no final. É administador da página Planeta do Atletismo, que tem como principal objectivo dar a conhecer mais do Atletismo Mundial a todos os seus fãs de língua portuguesa e, principalmente, cativar mais adeptos para a modalidade.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.