Jamaica – O despertar do gigante que nunca adormeceu

    Os Mundiais de Londres em Agosto passado foram um duro golpe no Atletismo jamaicano, apresentando resultados bastante aquém do normal para o país caribenho, sobretudo na velocidade: apenas um Ouro individual (Omar McLeod nos 110 com barreiras) e dois bronzes individuais (um deles, o de Bolt que a pouco soube; o outro de Ristanna Tracey nos 400 metros com barreiras).

    Alarmes soaram, críticas foram apontadas à estrutura federativa e a atletas pela pouca preparação e até por constantemente falharem em momentos cruciais. De todos os cantos do mundo, ouvimos dizer que a velocidade jamaicana estava em crise e que a saída de cena de Usain Bolt seria o último prego no caixão da mesma. Mas será que as críticas terão sido minimamente realistas?

    A retirada de Bolt foi por muitos apontada como o declínio da velocidade jamaicana
    Fonte: IAAF

    De forma curta e directa: não. Podemos mesmo dizer que foi uma reacção totalmente exagerada e sem o mínimo de noção. Além de McLeod e Tracey, há atletas que falharam em Londres, mas que continuam a fazer parte da elite mundial. No feminino, temos Danielle Williams, que ainda há 3 anos foi campeã mundial nos 100 barreiras e que até atingiu um melhor registo pessoal na temporada passada.

    Shericka Jackson que ainda há bem pouco tempo (2015 e 2016) alcançou o Bronze nos 400 metros, nos Mundiais de Londres e Jogos Olímpicos do Rio. Rushelle Burton, por exemplo, campeã mundial sub-20 nos 100 barreiras em 2016, já baixou dos 12.65 com apenas 20 anos. E Tiffany James alcançou o mesmo título mundial no mesmo ano na Polónia, mas nos 400 metros, tendo feito 21 anos em Janeiro último. E, claro, Elaine Thompson.

    Elaine fez a dobradinha no Rio, alcançando o Ouro nos 100 e 200 metros. Em 2017 tudo apontava para vencer os 100 nos Mundiais de Londres (decidiu não participar nos 200), dominando por completo a temporada outdoor, mas falhando inexplicavelmente na final de Londres (mais tarde viria a vencer a Diamond League). Elaine tem 25 anos e ainda andará por cá muito tempo.

    No masculino, o quadro não difere muito. Yohan Blake poderá estar num limbo, mas aos 28 anos e sendo o homem mais rápido do mundo em actividade, tem que ser um nome ainda a ser tido em linha de conta para os próximos eventos globais. Bolt aposta nele! Na velocidade, temos ainda Julian Forte, com um melhor pessoal de 9.91 nos 100 metros, atingido em finais de Agosto do ano passado, e que aos 25 anos ainda vai bem a tempo de atingir o estrelato que um dia se perspectivou. Akeem Bloomfield é outro nome a ter em conta. Especialista nos 400 metros, alcançou um novo recorde nacional na distância indoor ao corrê-la abaixo dos 45 segundos (44.86), o que indica que em breve deverá baixar dos 44 segundos outdoor. Bloomfield tem 20 anos e compete no circuito universitário norte-americano e, portanto, está no sítio certo para poder alcançar o patamar que o mesmo perspectiva.

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    Pedro Pires
    Pedro Pireshttp://www.bolanarede.pt
    O Pedro é um amante de desporto em geral, passando muito do seu tempo observando desportos tão variados, como futebol, ténis, basquetebol ou desportos de combate. É no entanto no Atletismo que tem a sua paixão maior, muito devido ao facto de ser um desporto bastante simples na aparência, mas bastante complexo na busca pela perfeição, sendo que um milésimo de segundo ou um centimetro faz toda a diferença no final. É administador da página Planeta do Atletismo, que tem como principal objectivo dar a conhecer mais do Atletismo Mundial a todos os seus fãs de língua portuguesa e, principalmente, cativar mais adeptos para a modalidade.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.