Os Portugueses
O 4º lugar de Mariana Machado nos Mundiais Juniores de Tampere é um enorme feito da atleta de Braga, sendo o grande destaque da participação portuguesa na Finlândia. Já se sabia que Mariana estava a ter uma época de grande qualidade, com a obtenção do recorde nacional júnior – em 4:13.31 – sendo à entrada para estes Mundiais a 5ª melhor a nível mundial. Em Tampere mostrou que não teme os grandes desafios e, aos seus 17 anos (fará 18 em Novembro), foi à cidade finlandesa realizar uma grande prova e correr em 4:14.93, o seu segundo melhor tempo de sempre, nunca, ao longo da prova, demonstrando qualquer medo de andar no grupo da frente. A medalha de Mariana Machada iguala o feito de Carla Sacramento na mesma distância (foi 4ª em Plovdiv, em 1990) e desde 2006 que Portugal não alcançava uma posição tão elevada (quando Patrícia Mamona foi 4ª no Triplo Salto). Mais uma vez, Mariana Machado, que é filha de Albertina Machado, assume-se como uma das maiores esperanças portuguesas no meio-fundo.
Na restante comitiva, existem outros bons resultados a destacar. Dois atletas conseguiram recordes pessoais e outras marcas de enorme valia foram obtidas na Finlândia. Marcelo Pereira (1:49.49 nos 800 metros) e Catarina Lourenço (24.03 (+0.2) nos 200 metros) foram os atletas que bateram as suas melhores marcas e, com isso, conseguiram o apuramento para as fases seguintes, no caso, as meias-finais. A atleta da Fundação Salesianos entrou para 2018 com um melhor pessoal de 24.54 (+0.3) e, certamente, por essa altura não imaginava a bela prestação que viria a ter nos Mundiais.
Outro atleta que conseguiu passar para a fase seguinte foi Emanuel Sousa que viria a ser 12.º classificado na final do Disco. A segunda melhor prestação portuguesa nos Campeonatos foi, no entanto, o nono lugar do declatonista Manuel Dias! Esteve muito próximo de bater o seu próprio recorde (que é também a melhor marca nacional com os engenhos juniores), fez 7212 pontos e conseguiu recordes pessoais no Salto em Altura (1.83 metros), no Salto Com Vara (4.60 metros), no Lançamento do Dardo (46.82 metros) e nos 400 metros (em 49.81!).
Ainda assim, nem tudo foi um mar de rosas na nossa prestação. É verdade que alguns atletas valem mais (e as suas posições nos rankings mundiais e as marcas alcançadas anteriormente são prova disso) do que o que fizeram em Tampere, mas cada caso é um caso e existem muitos fatores que podem explicar isso. Através das conversas com vários atletas e através também de uma simples observação das redes sociais (onde podemos ver as comitivas estrangeiras constantemente em estágios internacionais ou em torneios com concorrência de elite), percebemos que a nossa exposição a eventos internacionais e a contextos mais competitivos continua a ser deficitária. Muitos atletas têm a sua primeira grande experiência no estrangeiro logo em campeonatos europeus ou mundiais, o que acaba por ser um choque e até acabam por voltar dessas experiências mais desencorajados do que quando partiram. As nossas palavras para esses atletas é para que continuem a trabalhar. Eles sabem o que valem e os resultados obtidos não mentem. Cada atleta tem os seus timings e as suas fases de desenvolvimento e é importante não saltar etapas. Estar presente em fases finais de grandes campeonatos já demonstra que fazem parte de uma elite.