Nas restantes provas, as surpresas e os vencedores de países pouco habituados a estas andanças foram também uma constante. O Japão venceu a prova de 3000 metros no feminino, com a habitual tática de fugir para a frente da prova, esperando que o avanço chegue para bater as etíopes. Desta vez chegou e Nozomi Tanaka sagrou-se campeã mundial em 8:54.01, numa prova com 15 (!) recordes pessoais. Mas não pensem que a Etiópia saiu sem motivos para sorrir. Além de ter batido os rivais quenianos onde mais dói (o Quénia tinha 15 Ouros consecutivos nos Obstáculos masculinos e viu o etíope Nigate disparar para o Ouro), a marca da etíope Diribe Welteji nos 800 metros é daquelas que pode durar como recorde dos campeonatos. Correu em 1:59.74, baixando a barreira dos 2 minutos. Detalhe? Ela tem apenas 16 anos!
É impossível deixarmos a meia e longa distância, sem referirmos duas das provas mais emotivas dos campeonatos. Os 1500 e os 5000 masculinos tinham dois enormes favoritos, um deles campeão mundial sénior de Pista Coberta (Samuel Tefera nos 1500), o outro vencedor de importantes meetings da Diamond League (Selemon Barega nos 5000). Ambos ficaram surpreendentemente fora do pódio e o jovem norueguês Jakob Ingebrigtsen esteve nos dois! Uma Prata (nos 1500) e um Bronze (nos 5000), este último com direito a recorde europeu. Os vencedores foram os dois quenianos. Zakayo Pingua nos 5000 e Georges Manangoi – o irmão do campeão mundial sénior – nos 1500!
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A final dos 1500!
Nos saltos, a tradição cubana não desiludiu no Triplo (Jordan Diaz bateu o recorde dos campeonatos, com 17.15), mas viu perder o Ouro no Comprimento para um…japonês! Yuki Hashioka foi o autor do feito, com um salto de 8.03 metros! Já no feminino, além das vencedoras surpreendentes na Vara (Amálie Svabikova, da Rep. Checa, ao saltar 4.51, novo recorde nacional) e no Comprimento (a alemã Riecke com 6.51 metros), temos que falar do enorme salto de Aleksandra Nacheva no Triplo (com 14.18 metros), embora a Bulgária seja tudo menos um país invulgar de ver por aqui.
Nos lançamentos, no feminino, destacamos o Ouro e a confirmação do pleno de títulos para Alexandra Emilianov no Disco (desta vez, 57.89 chegou) e para os Ouros no masculino para países tão distintos quanto a África do Sul (Blignaut venceu no Peso com 22.07 metros), a Jamaica (Kai Chang com um lançamento de 62.36 metros no Disco) , a Grã Bretanha (recorde nacional de Jake Norris com os 80.65 metros do Martelo) e o Dardo para a já habitual Austrália (Lowis com 75.31 metros). Por esta amostra, percebe-se a diversidade de medalhados e vencedores que existiram nestes mundiais. E por falar em diversidade, o que falar da última prova destes Mundiais? O Ouro 4×400 masculino foi para a…Itália! Nunca tal tinha acontecido em qualquer escalão!
No medalheiro, a grande notícia foi mesmo a “derrota” dos EUA. Foram o país com mais medalhas (18 no total), mas não lideraram o medalheiro (ficaram em terceiro) pois apenas obtiveram 3 medalhas de Ouro, sendo que só uma foi de um Ouro individual (e numa chegada ao limite na velocidade de barreiras, com o Ouro de Tia Jones).A comitiva norte-americana trazia grandes promessas e favoritos em várias disciplinas que acabaram por não cumprir com as expectativas que traziam. Por exemplo, nos 100 e 200 metros os norte-americanos eram os favoritos para os quatro Ouros e não obtiveram um único, sendo que o mesmo se passou com outros atletas que traziam marcas bem acima da concorrência, como é o caso de Tara Davis no Comprimento (foi Bronze). O país com mais Ouros foi o Quénia com seis, seguido pela Jamaica com quatro.
Foto de Capa: FPA