O que une os dois mais recentes recordistas mundiais… e Usain Bolt

    Kipchoge – O ponto de viragem

    O queniano Eliud Kipchoge foi um atleta de sucesso em pista. Com apenas 18 anos, conquistou em Paris o título mundial dos 5.000 metros, batendo nesse dia atletas como Hicham El Guerrouj ou Kenenisa Bekele. Um ano depois, na mesma distância, viria a conquistar o Bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas e em 2007 e 2008 chegariam duas medalhas de Prata, nos Mundiais de Osaka e nos Jogos de Pequim, sendo que foi por cinco vezes consecutivas finalista em Mundiais na distância dos 5.000 metros. Venceu também a World Athletics Final em duas diferentes distâncias (3.000 e 5.000) e conquistou ainda uma medalha de Bronze em Mundiais de Pista Coberta. Uma carreira recheada de medalhas e que, embora, “apenas” com o tal Ouro global aos 18 anos, seria uma carreira de muito sucesso, se por aí se tivesse ficado. 

    A 23 de Junho de 2012 deu-se, provavelmente, o ponto de viragem da carreira de Eliud Kipchoge, que viria a culminar no sucesso absolutamente esmagador na Maratona. Kipchoge procurava a sua terceira presença consecutiva em Jogos Olímpicos, participando na prova de 5.000 metros dos Trials quenianos.

    2012 – O ano em que Kipchoge mudou-se para a estrada. De grande a imortal.
    Fonte: IAAF

    Nesse dia, o atleta que é fã de Aristóteles e que coloca a humildade, o trabalho e a disciplina como prioridades máximas, correu em 13:10.86, sendo apenas 7º classificado. Tal classificação deixou-o de fora dos Jogos Olímpicos de Londres, falhando o seu grande objetivo da época. A passagem para a estrada já estava na sua mente, mas poderia ter ocorrido numa fase mais tardia da sua carreira. Tinha 27 anos quando tomou a decisão de apostar totalmente na estrada e, ainda em 2012, poucas semanas depois dos Jogos de Londres, estreou-se na Meia-Maratona de Lille com um muito promissor tempo de 59:25, na 3ª posição. 

    Em Abril de 2013, estreou-se na Maratona, em Hamburgo, vencendo essa prova com um tempo de 2:05:30. A partir daí, a lenda começou a ganhar forma e a história recente da Maratona começou a confundir-se com ele. Kipchoge apenas perdeu uma Maratona na sua carreira. Foi em Berlim, no seu ano de estreia na distância (2013), ainda assim com um belo tempo de 2:04:05, no segundo lugar. Quem ficou à sua frente nesse dia foi Wilson Kipsang, numa prova em que, para derrotar Kipchoge, Kipsang teve que bater o recorde mundial de então, correndo em 2:03:23. 

    Eliud correu 11 Maratonas até hoje. Venceu 10. Foi também na Maratona que cumpriu o seu sonho de se tornar campeão olímpico, com a vitória no Rio, enfrentando duras condições durante toda a prova e terminando num tempo de 2:08:44. No domingo passado, alcançou o que lhe faltava, ao tornar-se recordista mundial, não deixando margem para qualquer dúvida: Eliud Kipchoge é o maior maratonista da história. Mas antes sentiu a desilusão e o fracasso. 

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    Pedro Pires
    Pedro Pireshttp://www.bolanarede.pt
    O Pedro é um amante de desporto em geral, passando muito do seu tempo observando desportos tão variados, como futebol, ténis, basquetebol ou desportos de combate. É no entanto no Atletismo que tem a sua paixão maior, muito devido ao facto de ser um desporto bastante simples na aparência, mas bastante complexo na busca pela perfeição, sendo que um milésimo de segundo ou um centimetro faz toda a diferença no final. É administador da página Planeta do Atletismo, que tem como principal objectivo dar a conhecer mais do Atletismo Mundial a todos os seus fãs de língua portuguesa e, principalmente, cativar mais adeptos para a modalidade.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.