Velocidade Feminina: Legado ou Maldição?

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    Corria o dia 6 de Agosto de 2017. Talvez a prova mais aguardada da noite eram os 100 metros femininos, com a grande favorita Elaine Thompson (JAM), rodeada de outros nomes pesados da modalidade como Tori Bowie (USA), Ta Lou (CIV) ou Dafne Schippers (HOL). Thompson nunca entrou verdadeiramente em prova (depois de ter passeado nas meias-finais) e a americana Tori Bowie sagrava-se campeã mundial, em Londres, com um tempo de 10.85, a sua melhor marca do ano. Ta Lou alcançava a melhor marca da carreira em 10.86. Quem não acompanha tão de perto a modalidade com certeza que olhou de imediato para a marca de recorde mundial que sempre aparece no final de cada prova e ao ver os 10.49, certamente não se impressionou com o tempo de Bowie. Isto reflecte o peso que o passado, um passado duvidoso, demasiado duvidoso, tem sobre o Altetismo Feminino, em especial no sector da velocidade.

    Nos 100 metros, nomes como Shelly-Ann Fraser-Pryce (JAM) ou Elaine Thompson, o melhor que, até ao momento, conseguiram alcançar foi percorrer os 100 metros 10.70 segundos, sendo que as 3 atletas mais rápidas da história são as americanas Florence Griffith-Joyner (Flo-Jo) com a marca de 10.49 alcançada em 1988, Carmelita Jeter (10.64 em 2009) e Marion Jones que correu em 10.65 no ano de 1998. Se o caso de Marion Jones é por demais famoso e até exista quem defenda que todas as suas marcas devam ser apagadas da história, as duas outras atletas nunca foram oficialmente apanhadas nas malhas do doping.

    Mas as suspeitas nunca deixaram de as rondar. Jeter foi uma boa atleta universitária, sendo que nunca fez marcas deslumbrantes no início da sua carreira profissional. Aos 27 anos, a sua melhor marca pessoal era de 11.48 e subitamente tudo mudou, alcançando os tais 10.64, três anos depois. Suspeito? O caso de Flo-Jo, obviamente mais conhecido, será tratado mais a fundo num artigo futuro. Mas através do vídeo que apresentamos, podemos perceber algumas das suspeitas. Flo-Jo arrancou a temporada de 1988 com a melhor marca pessoal de 10.96, uma boa marca, mas longe dos 10.49 com que bateu nesse ano o recorde mundial. No final dos Jogos Olímpicos de Seul de 88, anunciou o final da sua carreira aos 29 anos de idade, quando já se preparava o novo programa anti-doping que iria entrar em funcionamento no ano seguinte. Suspeito?

    Flo-Jo, recordista mundial dos 100 e 200 Fonte: usatthebiglead
    Flo-Jo, recordista mundial dos 100 e 200
    Fonte: usatthebiglead

    E sabem que detém o recorde mundial dos 200 metros? Flo-Jo, claro! Os 21.34 (também em 88!) são ainda mais impressionantes e parecem imbatíveis pela diferença para as outras grandes marcas da história. A segunda atleta a correr mais rápido foi Marion Jones e longe, com 21.62. Retirando estas duas atletas, a melhor marca pertence à holandesa Dafne Schippers com aquela impressionante prova nos Mundiais de Pequim de há dois anos (em 21.63). Se olharmos apenas para os tempos que separam atletas de elite, como Merlene Ottey (21.64), Allyson Felix (21.69) ou Gwen Torrence (21.72), do tempo de Flo-Jo, as suas marcas até parecem menores e não serão nada de especial para leigos no assunto.

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    Pedro Pires
    Pedro Pireshttp://www.bolanarede.pt
    O Pedro é um amante de desporto em geral, passando muito do seu tempo observando desportos tão variados, como futebol, ténis, basquetebol ou desportos de combate. É no entanto no Atletismo que tem a sua paixão maior, muito devido ao facto de ser um desporto bastante simples na aparência, mas bastante complexo na busca pela perfeição, sendo que um milésimo de segundo ou um centimetro faz toda a diferença no final. É administador da página Planeta do Atletismo, que tem como principal objectivo dar a conhecer mais do Atletismo Mundial a todos os seus fãs de língua portuguesa e, principalmente, cativar mais adeptos para a modalidade.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.