Velocidade Feminina: Legado ou Maldição?

    Nos 400 metros, o caso muda de protagonista, e aqui os apelos para a remoção das melhores marcas mundiais ainda maiores são, uma vez que ficou já provado o peso do doping no programa alemão (da RDA) e onde Marita Koch tem 4 das 5 melhores marcas de sempre, com a melhor a ser de 47.60! Nomes como Allyson Felix? Bem…o seu melhor é 49.26…

    Marion Jones quando assumiu o doping Fonte: usatthebiglead
    Marion Jones quando assumiu o doping
    Fonte: usatthebiglead

    Claro que os casos não se esgotam na velocidade e as distâncias seguintes também têm os seus casos suspeitos. No entanto é na velocidade que a diferença de milésimas mais diferença faz e mais difícil é de encurtar diferenças, estando limpo. Veja-se que nem atletas que comprovadamente se doparam, como Marion Jones conseguiram chegar perto destas melhores marcas da história. Talvez porque o que foi possível na década de 80 não mais seja possível fazer hoje em dia, mesmo para quem utilize substâncias proibidas como forma de obter vantagens competitivas.

    O peso deste legado no Atletismo Feminino é enorme. É uma sombra, uma sombra negra que paira sobre as marcas alcançadas, uma sombra que não pára de assombrar as atletas actuais. O valor publicitário das atletas é consideravelmente mais baixo do que o que poderia ser caso estivéssemos a falar de atletas que pudessem bater recordes mundiais, o seu reconhecimento pelo grande público não é tão grande e são essas grandes atletas mundiais as que mais sofrem com os excessos cometidos previamente por outras atletas, principalmente na década de 80. Um dia, a sprinter Veronica Campbell-Brown (JAM) no topo da sua carreira disse algo que acaba por fazer todo o sentido na nossa opinião:

    “É desapontante não alcançar o respeito que os homens alcançam. Eles são capazes de chegar próximos ou bater o recorde mundial e as pessoas ficam excitadas com essa possibilidade. Infelizmente, eu não tenho esse luxo”.

    Falamos de recordes que farão 30 anos em 2018. Desde essa data, a mesma distância no masculino (100 metros) viu o seu recorde mundial ser batido 11 vezes. Claro que, por si só, isso nada deveria significar. Não sabemos quanto tempo durarão os recordes de Bolt, mas estamos a falar de casos que ocorreram numa época específica com muito menos regulamentação e onde os indícios são bastante claros, implicando de forma directa treinadores, familiares e programas nacionais de dopagem.

    Será que algum dia o mundo do desporto em geral reconhecerá a grandeza de Elaine Thompson ou Sanya Richards-Ross? É uma pergunta sem resposta na actualidade.

    Foto de Capa: DW.com

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    Pedro Pires
    Pedro Pireshttp://www.bolanarede.pt
    O Pedro é um amante de desporto em geral, passando muito do seu tempo observando desportos tão variados, como futebol, ténis, basquetebol ou desportos de combate. É no entanto no Atletismo que tem a sua paixão maior, muito devido ao facto de ser um desporto bastante simples na aparência, mas bastante complexo na busca pela perfeição, sendo que um milésimo de segundo ou um centimetro faz toda a diferença no final. É administador da página Planeta do Atletismo, que tem como principal objectivo dar a conhecer mais do Atletismo Mundial a todos os seus fãs de língua portuguesa e, principalmente, cativar mais adeptos para a modalidade.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.