A seleção nacional de Cabo Verde participou, pela primeira vez na sua história, num campeonato do mundo de basquetebol. Tornando-se na nação mais pequena de sempre a participar num mundial, os tubarões azuis “mergulharam”, assim, em “oceanos” até agora desconhecidos.
Para chegar a este palco tão desejado, a seleção cabo-verdiana foi a terceira melhor classificada na 2.ª ronda da qualificação para o mundial (África). Este objetivo foi apenas cumprido no dia 26 de fevereiro, quando venceram a Costa do Marfim por 79-64. A figura desta partida foi Ivan Almeida, jogador do SL Benfica, que apontou 20 pontos e cinco ressaltos.
O sorteio ditou que fariam parte do grupo F, juntamente com a Eslovênia, a Geórgia e a Venezuela. Os eslovenos partiam, claramente, como favoritos do grupo. Falo de uma seleção que já conquistou a Europa em 2017. Como se isso não bastasse, contavam, ainda, com uma superestrela mundial como seu comandante: Luka Doncic, jogador dos Dallas Mavericks.
Na sua estreia, Cabo Verde enfrentou a seleção da Geórgia, onde saiu derrotado por 60-85. Foi claramente uma entrada com o pé esquerdo neste mundial. Acredito que o nervosismo e a falta de experiência nestes palcos foram fatores que afetaram negativamente os jogadores cabo-verdianos. Apesar da derrota por largos números, a história estava feita. Agora, era altura de continuar a caminhada.
Eis que a resposta foi dada da melhor maneira – no jogo seguinte, os tubarões azuis escreveram a história que todos queriam ver escrita: a primeira vitória no mundial. Foi frente à Venezuela que a seleção africana pôde festejar a vitória mais histórica do seu basquetebol. Numa partida que terminou 75-81, Betinho Gomes, jogador do Benfica, foi a figura da partida, apontando 22 pontos.
No último jogo do grupo enfrentaram a Eslovênia, que, como referi anteriormente, era a favorita do grupo. A vitória sorriu mesmo aos europeus, com um resultado de 92-77. Foi uma partida onde os cabo-verdianos debateram-se bem, nomeadamente na primeira parte. A partir do terceiro tempo, os eslovenos começaram a dilatar a sua vantagem, dificultando a tarefa aos africanos. Apesar do resultado algo volumoso, este jogo provou novamente a qualidade de Cabo Verde, que, a meu ver, não deu um jogo fácil à Eslovênia.
Já sem hipóteses de avançar na competição, Cabo Verde realizou, ainda, mais duas partidas. Perdeu contra a Finlândia da estrela da NBA, Lauri Markkanen, por 77-100. E saiu também derrotado frente ao Japão por 80-71.
Os meus destaques desta seleção vão para Betinho Gomes e Edy Tavares. Betinho é jogador do Benfica. Esta época vai cumprir o seu quinto ano de águia ao peito. Foi a principal arma ofensiva de Cabo Verde, contando com uma média de 15 pontos por jogo na fase de grupos. No total das cinco partidas, regista uma média de 13 pontos por jogo. Contando com o seu valor ofensivo, juntou ainda a experiência e consistência para assumir um papel muito importante.
Edy Tavares era a estrela desta equipa. O poste atua no Real Madrid e foi considerado o MVP da Final Four da EuroLiga de 2023. Para além do sucesso que tem obtido ao serviço dos merengues, o internacional cabo-verdiano já conta com passagens na NBA. A sua principal característica é a enorme capacidade defensiva que traz para o jogo. Um protetor do cesto e um ressaltador de enorme qualidade. No mundial contou com uma média de 12 ressaltos e de dois blocos por jogo. Indiscutivelmente um jogador de muito valor.
Fica para a história a participação da nação mais pequena de sempre a jogar num mundial. Apesar do registo negativo, o orgulho sobressai e os olhos já estão postos no futuro.
Edy Tavares: “Orgulhoso mas nunca satisfeito. Amanhã novo objetivo”
Betinho Gomes: “Só temos de estar orgulhosos deste grande feito e saber que motivamos a futura geração a acreditar que tudo é possível com trabalho e dedicação.”