O SL Benfica e o FC Porto, a jogarem em casa, chegaram à última jornada da Euro Cup da FIBA com possibilidades de passarem à fase seguinte (Round 32). No entanto, perderam e ficaram pelo caminho.
O FC Porto tinha uma tarefa muito complicada. O Fraport Skyliners da Alemanha é uma boa equipa, entrou bem no jogo e rapidamente ganhou vantagem pontual decisiva. Mais fortes na área pintada, os alemães conseguiram aguentar a natural reacção dos nortenhos, que lançaram com fracas percentagens de lançamentos de campo (17% nos triplos) mas nunca desistiram. Os alemães seguem em frente só com vitórias, enquanto o FC Porto, com um saldo de duas vitórias e quatro derrotas, fica eliminado.
Já o SL Benfica só pode queixar-se de si próprio. Acaba também a participação na prova sofrendo o cesto da derrota frente aos Belgas do Antwerp Giants no último segundo. A jogada de linha lateral aparece após um desconto de tempo e foi bem preparada pelo técnico do Antwerp, que recorreu a uma jogada clássica e de todos conhecida: American play. O mais normal é que, com este movimento colectivo, as equipas consigam libertar uma ou duas linhas de passe (interior e exterior). O que já não é muito normal a este nível foi a resposta da equipa nacional. Com trocas e ajustes conseguiram tapar as linhas de passe principais, mas, para surpresa de todos, o americano Cook perdeu o seu adversário directo e permitiu um passe em diagonal de Carleton Scott para um cesto fácil de Kwane Vaughn.

Com um saldo igual ao do FC Porto, o Benfica tem claramente equipa para ir mais além. Neste tipo de provas os pequenos erros originam quase sempre derrotas. Para ganharem, as equipas necessitam de ser consistentes em todo o encontro, e os lisboetas nunca o foram, andando demasiado tempo a correr atrás do prejuízo. A estatística mais uma vez não mente: o Benfica perdeu 15 bolas, o que originou mais 11 pontos para o adversário, enquanto das perdas de bola deste só conseguiu marcar seis pontos.
Bastava que o norte-americano D. Cook jogasse como normalmente (péssima pontaria: 20% de acerto e cinco perdas de bola) e seguisse o exemplo de Carlos Andrade (17 pontos, com boas percentagens, lançamentos e apenas uma perda de bola) para que os benfiquistas estivessem agora a comemorar mais um feito.
Claro está que o passado internacional do nosso Basquetebol nestas provas não é brilhante. A grande excepção foi no século passado, com a equipa de Lisboa, Mike, J. Jacques e outros que encheram pavilhões e deram vitórias históricas ao clube. A primeira vez que uma equipa nacional conseguiu ultrapassar a fase inicial data já de 1972, e ninguém melhor do que eu se lembra do feito: o SL Benfica eliminou os ingleses do Sutton na Taça Clubes dos Campeões Europeus.

Fonte: SL Benfica
Na altura, o célebre treinador Teotónio Lima já dizia: “Hoje não é difícil convencer os jogadores de que têm de treinar todos os dias. O difícil é convencê-los de que esses treinos terão de ser intensos. Nas competições internacionais vão encontrar a prova provada de que tem de ser assim”. Nos últimos anos, as equipas masculinas abandonaram as competições internacionais, ficando o Basquetebol reduzido às competições locais neste “canto à beira mar plantado”. O FC Porto esteve 12 anos sem participar internacionalmente, enquanto o Benfica já tinha regressado no ano passado.
O que faltou às nossas equipas para seguirem em frente?
Claramente a ambos faltou ritmo e experiência internacional. A competição da LPB é fraca e jogada a um ritmo baixo. Sem oponentes à altura, o Benfica ganha quase sempre, o que desmotiva tudo e todos. Para seguir em frente, o SL Benfica pode ter de fazer alguns ajustes no próximo ano no plantel mas tem tudo para ser mais ambicioso. Já o FC Porto tem uma equipa bem organizada, mais jovem mas que necessita claramente de estrangeiros de valia superior para sonhar com outro patamar.

Fonte: FC Porto
Mesmo em tempo de crise financeira a opção só pode ser a continuidade da aposta internacional. Que o digam José Silva, Pedro Bastos e Miguel Queiroz, do FCP, e Mário Fernandes, João Soares e Tomás Barroso, do SLB, entre outros que em nada ficaram a perder no confronto internacional.
Mais do que regulamentar e proibir os estrangeiros de participarem nas nossas provas, o que temos de promover é o contacto internacional. Os bons jogadores nacionais acabam sempre por jogar e por sobressair como agora ficou claramente provado. A ganhar ficou também a seleção nacional; temos agora um leque mais alargado de jogadores com alguma experiência internacional, o que pode ser útil para os próximos confrontos.
O isolamento nunca leva a lado nenhum…
Imagem de capa: FC Porto