Futuro complicado
Por aquilo que já conseguimos internacionalmente, nos escalões de formação, fruto do trabalho dos clubes, Associações e Federação, a aposta no basquetebol feminino faz todo o sentido.
Ao contrário do que sucede no masculino conseguimos, ainda, recrutar as jovens com potencial atlético e com talento para o basquetebol.
O trabalho desenvolvido nos “Cars” femininos deveria ser incentivado, já que aí as jovens treinam muito, com intensidade, e ficam mais bem preparadas para as exigências da competição internacional. Mesmo com todas as limitações económicas, o fecho dos “Cars” tem custos elevados a nível desportivo num futuro imediato.
A ausência de um plano agressivo de Marketing na FPB também não ajuda nada a modalidade. Nunca fomos fortes a aproveitar o que tínhamos de bom. Os exemplos são por todos conhecidos: o 9.º lugar no Campeonato da Europa de seniores masculinos em 2007, a presença destacada da Ticha Penicheiro na WNBA e os jogos da NBA em sinal aberto, entre outros, nunca foram bem explorados, e temo que este ponto alto da modalidade siga o mesmo caminho.
No basquetebol é recorrente que nos queixemos da falta de visibilidade mediática. Claro que mais uma vez a cobertura deste Campeonato do Mundo foi ignorada.
Se por um lado é injusto este tratamento da modalidade, por outro lado também é verdade que revelamos uma incapacidade gritante no domínio do marketing e na passagem das nossa mensagens e imagens. Sem promoção do que fazemos bem como podemos motivar os atletas actuais e como podemos captar mais jovens para a prática do jogo?
Mais uma vez ficou provado, nesta competição exigente, que necessitamos de mais e melhores jogadoras.
A concorrência com as outras modalidades é grande e o futebol não dorme. Se nos masculinos já recrutam quase todos os talentos a nível nacional, no sector feminino preparam-se para fazer o mesmo. Curiosamente, o líder da FPF é um homem do basquetebol (Fernando Gomes, antigo praticante de qualidade do FC Porto e ex-dirigente da modalidade). Os seus objectivos são claros e apontam, no plano estratégico, até 2020, para duplicar o número de praticantes femininos, e elevar a posição de Portugal no ranking da FIFA até aos 25 primeiros lugares (ocupa actualmente o 40.º lugar). O Sporting Clube de Portugal, que desistiu da equipa de seniores femininos no basquetebol, aposta agora também em força no futebol.
O projecto Girls First já está no terreno e junta milhares de crianças das escolas do primeiro ciclo de muitas cidades, e não se esquece também da TV, onde vão transmitir não só os jogos das selecções nacionais como também as principais provas de clubes em Portugal.
Assim, se mais uma vez nos distrairmos vamos perder tudo o que de bom já conseguimos…