O basquetebol masculino anda mal a nível de competitividade na Liga, com o Benfica a ser o vencedor anunciado a cada início de competição desde que o Porto desistiu da modalidade. Mas, se no basket masculino esta é a realidade, no feminino as coisas estão muito mais animadas.
É verdade que o CAB Madeira vai à frente só com vitórias nos 13 jogos já disputados, mas no passado sábado tive oportunidade de ver o jogo entre o terceiro classificado União Sportiva (CUS) e o CAB, e o equilíbrio foi a nota dominante durante quase todo o jogo, tendo apenas a maior eficácia das madeirenses desequilibrado a seu favor durante o segundo tempo. A organização em campo também consegue ser melhor devido à maior experiência das suas jogadoras, e parece ser esta a receita vencedora do CAB. Além deste jogo, tive oportunidade de ver os jogos entre os CUS e o Boa Viagem (4º classificado) e entre os CUS e o Benfica (5º classificado), sendo que nestas últimas três semanas só não tive a oportunidade de ver o Quinta dos Lombos, actual campeão e segundo classificado neste momento dos cinco primeiros classificados da Liga Feminina.
Entre estas quatro equipas a diferença não é muita, parecendo-me o Benfica a mais fraca, mas ao mesmo tempo a que tem mais garra, o que a fez ganhar por um ponto em São Miguel, recuperando da desvantagem de 10 pontos que existia ao intervalo. A mais forte é sem dúvida o CAB, com um jogo muito bem pensado e coordenado, apesar de me parecer faltar alguma velocidade, que pode vir a ser decisiva no futuro, caso equipas como o Benfica e o Boa Viagem continuem a evoluir o seu nível de jogo. Quanto aos CUS, fica a faltar maior definição no jogo interior, uma maior capacidade de sair da pressão defensiva feita pelas adversárias, em muito causado por alguma intranquilidade por quem leva a bola e uma maior rotatividade de algumas jogadoras, sendo que, por jogo, apenas sete a oito jogadoras entram em campo.
O Boa Viagem parece-me uma equipa muito dependente de uma jogadora só, à imagem do que acontecia o ano passado com o União Sportiva. Myneshia Kenzie tem feito regularmente mais de 15 pontos por jogo e foi a MVP em cinco dos 11 jogos em que participou até agora. A norte americana tem sido o grande factor que as terceirenses apresentam na grande maioria dos jogos, e é isto que se pede a uma estrangeira: que esta venha dar a qualidade que as portuguesas não consigam dar.
Vai ser um campeonato onde muita coisa ainda pode mudar, e os play-offs ainda desafiam mais a lógica de a melhor equipa vencer, visto um mau jogo poder estragar uma temporada. Vamos ver o que nos reserva o resto da temporada, mas que seja tão boa como até agora.
Foto de capa: Rodrigo Fernandes