Fuga gloriosa de dupla sul-americana trava João Almeida | Ciclismo

    TAMBÉM HÁ DIAS MENOS PENSADOS NA UAE TEAM EMIRATES

    A exibição personalizada de João Almeida na etapa rainha da Volta à Catalunha colocou a concorrência em sentido, mas não foi suficiente para vencer a sua terceira classificação geral. Um pouco a fazer lembrar o caos tático que a Movistar protagonizou em múltiplas decisões, retratadas no documentário “El día menos pensado”, a ligação entre Salou e Cambrils (jornada seis) revelou-se penosa para as ambições do dorsal número um da equipa. Dois dias antes, na etapa três, La Molina coroou Ben O´Connor (AG2R Citroen Team) como vencedor, mas não causou diferenças abruptas na classificação geral e, na perspetiva da UAE Team Emirates, foi ainda mais positiva pela prestação de Juan Ayuso, que se afirmou como uma carta válida para atacar a liderança com João Almeida.

    O presságio era animador e a situação na classificação geral prometia ficar mais clara com a etapa que terminou em Boí Taüll, e assim foi. João Almeida foi superior aos seus adversários, levando dois deles na roda – Sergio Higuita e Nairo Quintana (Team Arkéa Samsic) – depois de um esforço monumental, que abriu espaços e causou estragos na restante concorrência. A ritmo, apenas os dois colombianos conseguiram seguir o caldense e disputar a vitória sobre a linha de meta, porém, sem sucesso.

    A Ben O´Connor sucedeu Nairo Quintana na liderança, ainda que com o mesmo tempo de João Almeida. Tudo indicava que a corrida seria decidida ao segundo, nos sprints intermédios e nas poucas dificuldades de nível elevado que restavam. A camisola de líder, de facto, saltou para o corpo de João Almeida graças a um segundo ganho numa meta volante, contudo, a defesa da mesma não correu nada bem.

    A fuga de Higuita e Carapaz, numa fase tão preliminar da etapa, apanhou João Almeida desprevenido. O grande trabalho de Luke Plapp (Ineos Grenadiers) cortou o grupo e quem beneficiou da má colocação do líder foram dois dos maiores rivais na luta pela geral. A incapacidade da formação do médio oriente em fechar o espaço criado pelas locomotivas do Equador e da Colômbia era evidente, e manteve-se acima de três minutos durante larga parte do dia.

    O grande trabalho de Marc Soler e Rui Costa ajudou a evitar uma diferença ainda maior, no entanto, ficou bem patente a ineficácia da equipa para controlar a etapa. A descida que antecedeu o final em Cambrils foi também um dos pontos altos do dia, isto porque Juan Ayuso atacou e abriu um espaço para o pelotão, que fechava nesse momento algum terreno para os dois da frente.

    Vários cortes acabaram por surgir e a promessa espanhola, no momento em que estava com mais de 30 segundos de vantagem, acabou por recuar, terminando a jornada integrado no grupo de João Almeida, assim como de todos os homens da geral, praticamente a 50 segundos do vencedor Carapaz e Sergio Higuita.

    No final, a justificação para a hecatombe na geral surgiu a partir de problemas no rádio de Juan Ayuso, como o próprio admitiu numa publicação na rede social Facebook, e também na autoavaliação de João Almeida, que admitiu o mau dia e explicou a ação de Juan Ayuso como uma sugestão que partiu do português: “Tinha um pouco de pressão a mais nos pneus e estava a escorregar um pouco nas curvas. Por isso disse ao Ayuso para ir sozinho, pois ele tinha uma boa distância e no final acabou por resultar, já que ele estava no grupo da frente com outros ciclistas e eu fiquei num outro”.

    Com apenas o derradeiro circuito de Barcelona para o final da competição, a geral não sofreu nenhuma mudança de relevo, coroando o colombiano Higuita com as vitórias na classificação geral, juventude e montanha, o campeão olímpico Carapaz com um triunfo em etapa e a segunda posição final e ainda João Almeida, terceiro classificado e vencedor da etapa rainha da 101ª edição da corrida.

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    Ricardo Rebelo
    Ricardo Rebelohttp://www.bolanarede.pt
    O Ricardo é licenciado em Comunicação Social. Natural de Amarante, percorreu praticamente todos os pelados do distrito do Porto enquanto futebolista de formação, mas o sonho de seguir esse caminho deu lugar ao objetivo de se tornar jornalista. Encara a escrita e o desporto como dois dos maiores prazeres da vida, sendo um adepto incondicional de ciclismo desde 2011.