O líder da Deceuninck Quick-Step entrou com dois pés direitos em competição, colocando-se numa posição abonatória depois de um verdadeiro caos, causado pelo vento lateral dos terrenos descobertos da primeira etapa e que fragmentaram o pelotão em vários grupos.
The crosswinds on the desert roads defined Stage 1 of the UAE Tour, as it formed gaps and echelons within the peloton. These crosswinds removed many riders from contention of both the stage win and the overall victory, which will alter how they race in the coming days. #UAETour pic.twitter.com/bgQS6DZRrJ
— Ride Cycling News (@RideCyclingNews) February 22, 2021
Mais de metade dos potenciais adversários diretos do português ficaram nas lonas devido às ferozes mexidas do pelotão, que usufruiu das condições adversas da etapa para selecionar um lote bastante restrito de ciclistas candidatos à vitória final. João Almeida, a par de Adam Yates e Tadej Pogačar, foram os mais beneficiados e saíram ainda mais favoritos depois de concluída a primeira tirada, ganha por Mathieu Van der Poel.
É justamente neste cenário que se enquadra uma das qualidades mais fulcrais no ciclismo de João Almeida: a capacidade de posicionamento. Em raras exceções, como a falta de capacidade física, o luso surge sempre na dianteira do grupo principal, sempre resguardado pelos seus colegas de equipa, que têm uma tarefa fundamental.
Passa muito por aí, pela capacidade da sua equipa, enquanto um todo, de prestar o apoio essencial ao líder de equipa, de conter ciclistas capazes de ditar ritmos alucinantes e assim criar bordures, ou, pelo contrário, prever surpresas do género. A mesma História não se conta por linhas acentuadas, digamos assim. Nas altas montanhas, é sabido que a Deceuninck Quick-Step não dispõe do mesmo poder de fogo, porém, até aí se observa essa mais-valia presente em João Almeida.
A “gracinha” da primeira etapa colocou a camisola dos pontos no seu corpo, e, já agora, o dístico da quarta posição na geral também. O ciclista luso partia assim com aspirações de chegar ao primeiro lugar da geral na segunda etapa: um contrarrelógio de 13 quilómetros. Para a jornada não havia outro prognóstico que não a vitória de Filippo Ganna, que se veio a confirmar. A luta pelo primeiro posto era sim com Tadej Pogačar, atual campeão da Volta a França. O português bateu-se como um leão e cedeu apenas seis segundos para o esloveno, ficando na sexta posição da tirada e na segunda da geral.
That was an impressive ride, @JooAlmeida98 👊
Bota Lume 🔥 pic.twitter.com/W79HXR5jxt— Deceuninck-QuickStep (@deceuninck_qst) February 22, 2021
As qualidades de João Almeida em esforços individuais são um dos seus estandartes. Uma extensão a rondar os 30 ou 40 quilómetros em terreno plano ou acidentado parece ser a silhueta mais adequada ao português. Não se trata de um rolador exímio, no entanto, a sua capacidade para moldar o seu esforço leva-o a adaptar-se a prólogos, a contrarrelógios de curta duração ou até a contrarrelógios com uma dureza extrema.