João Almeida | Duro nas Caldas, Maglia Rosa em Itália, Sheik nos Emirados

    Em 2020, João Almeida vestiu de rosa em Itália durante 15 dias e deixou o público português em êxtase. A concentração mediática de que foi alvo e a enorme onda de apoio foram denominadores explicáveis do feito do jovem natural das Caldas da Rainha, que terminou a edição do passado Giro D’Italia na quarta posição, aumentando a fasquia dentro daquilo que é o livro de recordes nacionais na competição transalpina.

    Foi a primeira grande volta do ciclista luso. Com apenas 22 anos, sim, com um pouco mais de duas décadas de vida, a prestação deste destemido atleta revolucionou o panorama do ciclismo nacional de diversas maneiras. A mencionar, talvez do ponto de vista do adepto, que, em larga escala, voltou a vibrar com a modalidade de formas que apenas podemos comparar a um passado bem longínquo, ou com o facto de Portugal ter agora um ciclista capaz de lutar por classificações gerais de provas de três semanas, adaptando-se também a competições de uma semana ou clássicas acidentadas, à imagem de Rui Costa.

    João Almeida é já para muitos uma certeza dentro do World Tour. Prematura ou não, esta afirmação será sempre alvo de uma discussão natural. Varia em função da relação entre resultados e expectativas. É como se tivéssemos de escolher entre dois clubes: o clube que ainda coloca João Almeida na lista de ciclistas promissores e reserva algumas cautelas e o clube que não precisa de ver mais nada para colocar o duro das Caldas como uma certeza dentro do pelotão internacional.

    Uma coisa é certa, perto da linha que separa esses dois clubes anda João Almeida. Com cada vez mais holofotes a iluminar o seu percurso, as vestimentas parecem ser um bom prelúdio para enunciar a mais recente exibição do duro das Caldas. De volta aos grandes palcos, desta vez envergou a camisola branca e a camisola verde, terminando no degrau mais baixo do pódio do UAE Tour, a primeira competição do calendário World Tour 2021.

    Superado apenas por Tadej Pogačar e Adam Yates, o líder da Deceuninck Quick-Step voltou a demonstrar-se sólido, audaz, conjugando vários valores essenciais dentro da conceção de um voltista completo. Está claro que o seu processo de desenvolvimento está em marcha, existindo tempo, espaço e todas as condições para ser trabalhado e assim aperfeiçoar lacunas, potenciar qualidades e adquirir experiência. Contudo, há muito tempo que o ciclismo português ansiava por um ciclista com estas características. À imagem do que fez na primeira grande volta em que participou, a regularidade com que brinda qualquer etapa faz de João Almeida uma figura especial e taticamente favorecida.

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    Ricardo Rebelo
    Ricardo Rebelohttp://www.bolanarede.pt
    O Ricardo é licenciado em Comunicação Social. Natural de Amarante, percorreu praticamente todos os pelados do distrito do Porto enquanto futebolista de formação, mas o sonho de seguir esse caminho deu lugar ao objetivo de se tornar jornalista. Encara a escrita e o desporto como dois dos maiores prazeres da vida, sendo um adepto incondicional de ciclismo desde 2011.