Olheiro BnR: Biniam Ghirmay

    Apesar do franco desenvolvimento da última década, o ciclismo africano, junto do asiático, continua a ser um parente pobre na elite da modalidade e poucos são os ciclistas que chegam às melhores equipas do mundo.

    Fruto quer de alguns preconceitos quer de um historial de ciclistas que não conseguiram confirmar todo o potencial que lhes era apontado, continua a ser difícil aos jovens corredores africanos encontrarem um conjunto que aposte neles. Felizmente, e depois de um ano sem que houvesse sequer uma equipa Continental que o fosse buscar, a francesa NIPPO DELKO One Provence trouxe para a Europa o maior prodígio do ciclismo africano atual e um ciclista que foi um dos melhores do mundo entre os juniores, Biniam Ghirmay.

    Campeão continental de fundo e de crono nesse escalão, brilhou também em várias provas europeias. Não foi, contudo, suficiente para arranjar um contrato europeu e a época de 2019 foi passada, essencialmente, ao serviço da seleção da Eritreia. Os resultados foram aparecendo e somou as suas duas primeiras vitórias profissionais, com uma etapa na Tropicale Amissa Bongo e outra no Tour du Rwanda. A primeira foi especialmente reveladora ao dar-se numa prova com uma lista de participantes muito forte.

    Ghirmay (à direita) na apresentação dos equipamentos da sua nova equipa
    Fonte: Team NIPPO DELKO One Provence

    Este ano, contratado pela equipa francesa do escalão ProTeam, o segundo mais elevado, já começou também a justificar a sua aquisição, com vitórias em duas etapas e na classificação dos pontos na Tropicale Amissa Bongo, exibições de qualidade no Tour du Rwanda (faltou uma vitória, mas ficou quatro vezes no podium) e, a mais impressionante de todas, um segundo posto no Trofeo Laigueglia, uma histórica prova italiana, apenas batido pelo super trepador Giulio Ciccone.

    O que mais impressiona em Ghirmay é a sua polivalência. Não é trepador, mas sobe bem. Não é sprinter, mas tem uma ponta de velocidade temível. É, acima de tudo, um homem talhado para as clássicas acidentadas.

    Como dissemos, apesar de não ser um velocista, Biniam Ghirmay é muito rápido e consegue intrometer-se na discussão pelos sprints e isso é também uma grande vantagem para o eritreu quando se vê em grupos reduzidos pela dureza do terreno. Nisso, faz lembrar ciclistas como Matteo Trentin.

    Passa muito bem as pequenas subidas e, por isso, grande parte dos seus melhores resultados são em provas das chamadas colinas. Embora na alta montanha não se sinta no seu terreno, também já deu aqui e ali indicações que tem algum potencial, talvez possa aí vir a tornar-se num ciclista mais ao estilo de Dylan Teuns, que não é um trepador de eleição, mas sobe bem o suficiente para obter resultados em fugas nessas etapas mais duras.

    Seja qual for o tipo de ciclista para o qual Ghirmay evolua, ora focando-se mais na velocidade ou na dureza do terreno, não há dúvida que este tem um enorme potencial e tudo aponta para que se possa afirmar com um dos grandes da história do ciclismo africano.

    Foto de Capa: Team NIPPO DELKO One Provence

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