Um Paris-Nice esclarecedor

    Apesar do alarme social que tem atravessado a Europa, a ASO levou em diante uma das mais importantes provas por etapas do mundo. Respeitando as normas legais, tomando medidas para proteger os envolvidos e anulando a última etapa que se daria num local mais densamente populado, a organização francesa mostrou que, mesmo em tempos de crise, é possível gerir situações com pragmatismo e assertividade de forma a satisfazer todos.

    Mas, este artigo não se foca nisso, mas sim na excelente semana de competição que os atletas nos proporcionaram. Talvez inspirados por saber que será a última prova que farão durante um longo período de tempo, as equipas entraram ao ataque e dispostas a tudo para brilhar.

    Na geral final, foi o campeão alemão, Max Schachmann, quem levou a melhor, liderando de fio a pavio. Com uma equipa forte em seu redor, o especialistas das clássicas venceu a primeira etapa e ganhou mais tempo no dia seguinte e no crono, construindo uma vantagem que conseguiu defender nos dois mais duros últimos dias, alcançando a maior vitória da carreira e dando sinais de que poderá ser alguém a ter em conta em provas por etapas nos próximos tempos.

    Contudo, quem mais impressionou foi a Team Sunweb, vencedora por equipas. Tiesj Benoot venceu a penúltima etapa, a classificação por pontos e terminou em segundo da geral, Soren Kragh Andersen venceu o contrarrelógio e terminou em décimo e Bol, Matthews e Arndt foram outros nomes a aparecer muito bem. Acima de tudo, o conjunto alemão apresentou um coletivo forte, atacante e eficaz, numa exibição muito distante da equipa apagado que havíamos vista nas últimas duas temporadas.

    Nairo Quintana, vencedor da última jornada, foi outro dos ciclistas a sair com a cotação em alta. O trepador colombiano parece estar de volta ao seu melhor e, depois de já ter conquistado o Tour de la Provence e o Tour des Alpes Maritimes et du Var, brilhou agora ao nível World Tour. Uma queda na segunda etapa tirou-lhe a possibilidade de disputar a vitória final, mas uma exibição de qualidade até nas bordures que tantos dissabores lhe causaram no passado apresentam um homem diferente.

    A Bahrain McLaren acabou por sair mais cedo da prova, mas, enquanto por lá esteve, Teuns e Cortina estiveram a excelente nível. O espanhol especialmente, triunfando numa tirada e sendo uma verdadeira locomotiva em momentos da corrida. Estaria claramente em forma para as clássicas se estas se fossem realizar.

    O campeão colombiano, Sergio Higuita, foi um dos homens em destaque
    Fonte: Paris-Nice

    Outros dois ciclistas a merecer destaque são Nizzolo e Higuita. O sprinter foi o mais rápido na etapa dois e somou a segunda vitória do ano, ambas no escalão World Tour, em que há anos não vencia. Depois de um período menos bom na carreira, parece ser o renascer do vencedor da classificação dos Pontos no Giro em 2015 e 2016. Já o “Monstro” colombiano esteve soberbo em todos os terrenos e, com apenas 22 anos, está a ficar um senhor ciclista. Terminou no terceiro posto da Geral e com a branca da Juventude e continua a confirmar todo o potencial que lhe era apontado.

    Finalmente, uma nota também para Julian Alaphilippe. A estrela francesa está a ter um início de época mais discreto, mas no Paris-Nice já mostrou espaços lampejos de estar a apurar a forma para os objetivos mais à frente, sejam eles quais forem dada a presente situação.

    Foto de Capa: Paris-Nice

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