Volta a Portugal #3: Etapas e vencedores para todos os gostos

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    Nos dias 13, 14 e 15 de agosto, os espetadores da “Grandíssima” foram, respetivamente, brindados com mais uma etapa para velocistas, seguida pelas duas primeiras etapas verdadeiramente definidoras da classificação geral, que trouxeram vencedores inesperados e desaires descontrolados, que precederam um bem merecido dia de descanso na 84.ª edição da Volta a Portugal.

    À TERCEIRA FOI DE VEZ PARA BABOR

    A quarta etapa em linha da Volta à Portugal de 2023 ligou as cidades de Estremoz e Castelo Branco e estava, pela quarta vez consecutiva, destinada aos velocistas.

    A preparação do sprint final contou com a presença de algumas rampas mais duras e, na chegada à meta, localizada num “falso plano”, o checo Daniel Babor (Caja-Rural Seguros RGA), emergiu do meio da confusão de aspirantes ao triunfo como o ganhador da jornada nos metros finais. Depois de ter sido, respetivamente, segundo e terceiro nas duas primeiras etapas, pôde finalmente erguer vitoriosamente os braços. Com o triunfo na quarta etapa, à frente de Andoni López de Abetxuko (Euskaltel-Euskadi) e de João Matias (Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua), assumiu também a liderança da classificação dos pontos.

    Também os portadores das camisolas da montanha e de líder da classificação geral passaram a ser outros no final desta etapa. A camisola de montanha mudou para o corpo de João Macedo (Credibom/ LA Alumínios/ Marcos Car), que beneficiou dos pontos acumulados nas contagens de montanha ao integrar a fuga do dia. Já o líder da classificação geral passou a ser João Matias, que com os quatros segundos de bonificação conseguidos com a sua terceira posição, passou a superar o anterior líder Rafael Reis (Glassdrive Q8 Anicolor).

    O GALEGO MOSTROU QUE VEIO PARA VENCER

    A quinta tirada correspondia à mítica chegada à Torre, sonho para muitos e inferno para muitos outros. A formação dominadora da edição passada, a Glassdrive Q8 Anicolor, quis, desde logo, infernizar a ascensão ao ponto mais alto de Portugal Continental e decidiu “entrar à morte” na subida, com o intuito de arredar muitos da discussão da etapa. Porém, o resultado não foi o previsto e a desorganização criada pelos ataques e contra-ataques dos ciclistas da Glassdrive apenas serviu para desgastar os próprios.

    A movimentação decisiva deu-se a pouco menos de dez quilómetros para a meta quando, no plateau da subida, quatro ciclistas aproveitaram a falta de colaboração no grupo da frente para se isolarem: Txomin Juaristi (Euskaltel-Euskadi), Colin Stussi (Team Vorarlberg), Delio Fernández (APHotels and Resorts-Tavira) e Jesús del Pino (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho). Estes quatro decidiram colaborar, para que aumentassem a sua vantagem em relação aos restantes e pudessem discutir entre si a vitória da etapa e o novo destino da camisola amarela.

    Nos quilómetros finais, o veterano galego Delio Fernández, já com múltiplas presenças na “Grandíssima”, mostrou ao que vem, deixando primeiro para trás Jesús del Pino e acabando, já no último quilómetro, com as esperanças de vitória de Colin Stussi e Txomin Juaristi (segundo e terceiro classificados da etapa, respetivamente), passando a ser o novo detentor da camisola amarela, tal como o líder da classificação da montanha.

    Dos restantes favoritos, que não integraram o movimento dos quatro primeiros da jornada, o primeiro a finalizar a tirada foi o já muito experiente Henrique Casimiro (Efapel Cycling), fechando o top 5.

    GUARDA, CIDADE DA RESILIÊNCIA

    A última etapa antes do dia de descanso ligava a vila de Penamacor à cidade da Guarda e aguardava-se espetáculo proveniente de uma das formações derrotadas do dia anterior, a Glassdrive, que não desiludiu. Na extensa fuga da jornada, colocaram dois excelentes roladores (Rafael Reis e Luís Mendonça), que, auxiliaram o segundo ciclista da equipa mais bem posicionado na classificação geral, Artem Nych, a consolidar a vantagem na estrada que este conseguiu. Este atacou na sequência de uma das subidas mais duras da jornada, após um grande esforço do vencedor da Volta de 2022, Mauricio Moreira, que fraturou o máximo possível o grupo dos favoritos.

    Do grupo dos favoritos, apenas Luis Ángel Maté (Euskaltel-Euskadi) seguiu Nych na sua movimentação. Nos quilómetros finais, os dois distanciaram-se dos demais ciclistas da fuga do dia que ainda integravam o grupo dianteiro e disputaram a vitória de etapa entre si.

    No final, venceu a resiliência: a do já veterano espanhol Maté, que ganhou uma etapa 12 anos após a sua última, que havia sido na França; e a do gigante da Sibéria Nych, que, mesmo segundo na etapa, mostrou que a Glassdrive ainda está em jogo e que passou a ser o mais recente líder da classificação geral da prova.

    Houve igualmente nova mudança na classificação da montanha, com a nova liderança a ser de César Fonte (Rádio Popular-Paredes-Boavista).

    AS CONTAS DA GERAL

    A quatro etapas do término da 84.ª edição da Volta a Portugal, Artem Nych e a Glassdrive Q8 Anicolor estão no comando da prova. A equipa é completa e o líder terá como gregários o melhor contrarrelogista em prova, Rafael Reis, e o vencedor da competição em 2022, o uruguaio Mauricio Moreira, entre outros. Já Frederico Figueiredo, um dos melhores trepadores em prova e o melhor da edição passada, encontrando-se a menos de dois minutos da liderança, pode-se revelar como uma peça fundamental da estratégia da formação de Rúben Pereira.

    A equipa mais bem representada no top 10 e, que em termos coletivos, mais deve ser temida é a da Euskaltel-Euskadi, que possui Txomin Juaristi e Luis Ángel Maté a sensivelmente 40 segundos e a aproximadamente um minuto de Nych, respetivamente. Os bascos terão mais do que uma palavra a dizer na disputa pelo trono da Volta e contam também com Mikel Iturria para as etapas de montanha, nono classificado, a menos de três minutos da liderança.

    Há ainda que destacar outros dois candidatos portugueses de equipas lusas. Em primeiro lugar, há Henrique Casimiro (Efapel Cycling), que se tem exibido numa excelente forma e que contará para as últimas jornadas com uma equipa inteiramente dedicada às suas ambições, estando a pouco mais de um minuto da liderança. Em segundo lugar, há António Carvalho (ABTF Betão-Feirense), líder da equipa, que pretende, finalmente, vencer a prova que ajudou muitos a conquistar enquanto gregário de luxo, contando com Afonso Eulálio para o acompanhar nas subidas e tendo de abater até Viana do Castelo uma diferença de um minuto e meio.

    Por último, há que mencionar os dois ciclistas atualmente posicionados nos lugares mais baixos do pódio. Por um lado, há Colin Stussi, da Vorarlberg, que é uma cara desconhecida no calendário nacional, mas que se tem mostrado um candidato legítimo à vitória final, contando para isso com Óscar Cabedo como gregário de luxo. Por outro lado, há o vencedor da etapa da Torre, Delio Fernández, que vai tentar mostrar que a exibição na Torre não foi um acaso, mas uma demonstração do seu ótimo estado de forma, e assim vencer a “Grandíssima”.

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    Miguel Monteiro
    Miguel Monteirohttp://www.bolanarede.pt
    O Miguel é um estudante universitário natural do Porto, cuja paixão pelo desporto, fomentada na infância pelos cromos de Futebol que recebia e colava nas cadernetas, considera ser algo indescritível. Espetador assíduo de uma multiplicidade de desportos, tentou também a sua sorte em algumas modalidades, sem grande sucesso, tendo encontrado agora na análise desportiva uma oportunidade para cultivar o seu amor pelo desporto e para partilhar com os demais as suas opiniões, nomeadamente de Ciclismo, modalidade pela qual nutre um carinho especial.