Afinal Kraft parece ter rival! | Saltos de Esqui

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    Era na sequência de quatro vitórias em outros tantos eventos por parte do austríaco Stephan Kraft, conquistando 400 pontos nas duplas jornadas de Ruka e Lillehammer, que a Taça do Mundo de Saltos de Esqui fazia escala na cidade alemã de Klingenthal. Com o baixinho a ser o homem a bater por parte da concorrência, a grande incógnita residia no facto de saber se alcançaria os seis triunfos seguidos igualando deste modo o desempenho do compatriota e lenda da modalidade, Thomas Morgenstern, que acerca de década e meia o havia conseguido.

    Os homens pássaro rumavam até à Vogtland Arena uma estrutura de 140m, cujo K- Point se situava nos 125 e que via o record estar fixado nos 146.5m da autoria do germânico Michael Uhrmann que o fizera em 2011. O espetáculo prometia ser: excitante, bem “quentinho” e de elevada nota artística!

    Numa dupla jornada onde os fortes nevões e a grande adesão por parte do público foram notas dominantes, aqui ficam os saltadores que mais se evidenciaram , em minha opinião, ao longo desta etapa. De notar as ausências do polaco e grande figura dos saltos de esqui daquele país, na atualidade, Kamil Stoch e ainda do esloveno Ziga Jelar, ambos por opção, ficando a treinar nos respetivos países por forma a colmatar um péssimo começo de temporada.

    5- Ryoyu Kobayashi

    Depois de ter revelado algum desmazelo durante o período de férias, não treinando tão afincadamente como em outros anos, a verdade é que após um começo de época realmente distante da sua verdadeira valia, Klingenthal parece ter servido de click para o fenomenal samurai. Muito regular ao longo de todo o evento conseguiu juntar mais um pódio à já extensa coleção, saltando de forma muito: perfeita, consistente e confiante, caprichando  em termos técnicos aliando grandes distâncias.  Mantendo o nível terá de ser considerado na luta pelo grande globo, sem esquecer os quatro trampolins que já conquistou com direito a póquer! Sólido como uma rocha mostrou que está em crescendo, passando a ideia de que só pode mesmo é melhorar , algo que a concretizar-se colocará os rivais em cheque!

    4- Gregor Deschwanden

    Com um percurso de já mais de uma década entre a principal equipa suíça foi passando os primeiros anos na sombra de Simon Ammann que Deschwanden , como tantos outros, foi crescendo e aprendendo com o fabuloso “Harry Potter”. Sempre bastante regular, falhando poucas vezes a passagem à ronda final, era, contudo, alguém a quem faltava maior confiança, consistência, mas sobretudo dar aquele extra que o catapultasse para outro nível de resultados. Com um sétimo posto já à mais de meia década a ser o  seu resultado de maior destaque de entre a elite, certamente que o público do país do chocolate e dos relógios estaria longe de pensar neste presente de natal bem docinho! Seria no segundo dia e após um primeiro salto de boa valia , que se superaria, e igualando a anterior melhor marca realizada neste trampolim atingiria um novo máximo de carreira um a todos os títulos sublime segundo posto, prestação que  o pode encorajar bastante para os próximos eventos. Será ele capaz de repetir a dose aquando da passagem da Taça do Mundo de Saltos de Esqui, já no próximo fim-de-semana por Engelberg em solo pátrio? Será este um fiel e digno sucessor de nomes como Ammann e Andreas Kuttel? Ou esta terá sido uma exceção que não confirma a regra, com Gregor a voltar ao nível médio baixo que tem caraterizado esta caminhada na “Champions” dos saltos de esqui?

    3- Andreas Wellinger

    Após alguns anos bastante conturbados, fortemente marcados por lesões e também alguma falta de consistência e regularidade, o retorno às performances que o levaram a conquistar o título olímpico deu-se ainda na época anterior, voltando então a saborear o gosto bem reconfortante do triunfo. Ainda que incapaz de o repetir neste regresso da Taça do Mundo de Saltos de Esqui ao ativo, a verdade é que tem sido um Wellinger muito mais: racional, concentrado, focado e regular, sendo mesmo o senhor consistência do circuito! O prodígio bávaro esteve mesmo presente em quatro dos seis pódios, terminando sempre entre os dez melhores das jornadas , algo que o faz ser vice-líder da geral global. Terá ele estofo para manter esta consistência sempre a níveis Top e não deixar escapar o “baixinho” na luta por algo que nunca conquistou, o grande globo?

     2- Stephan Kraft

    Senhor de uma elegância , técnica e perfeição nos seus saltos como não há muitos, foi com sede de vitórias que o genial atleta do país do esqui pareceu começar esta temporada, dando constantes “bigodes” a todos os adversários que tão pouco o conseguiam estorvar. Klingenthal marcaria os primeiros desaires, ainda que relativos, do “baixinho” face aos rivais isto apesar de novo pódio no primeiro dia. Se os quatro trampolins fossem já daí a poucos dias não hesitaria em considerá-lo como o maior candidato a conquistar a terceira águia dourada da carreira, tamanha parece ser a qualidade, exigência e empenho que coloca em cada salto. Fica a dúvida para ser esclarecida em solo helvético: acusará o austríaco o sétimo lugar, primeiro dia  da temporada  sem pódio, em termos de confiança e motivação ou virá novamente ao decima toda a sua experiência, serenidade e foco voltando a coroar-se como o “rei” do campeonato, retirando todo o elã com que os rivais ficaram após o derrotar, finalmente?

    1-Karl Geiger

    Arrancando de forma bastante: apática, tímida e bem discreta a nova temporada, poucos certamente, esperariam a maravilha de fim-de-semana protagonizado pelo experiente e renomado Karl Geiger, ele que havia vivido na temporada cessante uma das mais apagadas de sempre entre a elite dos saltos. Atinando com a estrutura desde cedo, rapidamente se prognosticava que estaria entre os principais candidatos a ser feliz na Vogtland Arena. De facto, não só o seria como amealharia os 200 pontos em disputa, sendo parte integrante de um exército germânico que parece viver um momento de forma e confiança inabalável, com todos a render e a acrescentar, batendo por larga margem os austríacos. Senhor de uma técnica irrepreensível, apresentou-se a um nível estrato-esférico e com voos verdadeiramente épicos mostrou e justificou a razão de tão confortáveis e aparentemente simples triunfos que o levaram às 15 vitórias individuais na Taça do Mundo de Saltos de Esqui. Para bem do campeonato é bom que Geiger se mantenha a este nível, pois se tal não acontecer Kraft poderá encetar uma fuga sem retorno!

    Na corrida ao grande globo e transcorridas seis provas, Kraft mantém uma sólida margem detendo 509 pontos face aos 380 contabilizados por Wellinger, ao passo que Geiger, o herói da semana, sobe a terceiro possuindo 353 pontos.

    Quanto a nós voltamos a ler-nos já na próxima semana em Engelberg, até lá fique bem, sempre na melhor companhia

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    Diogo Rodrigues
    Diogo Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.