A época perfeita de uma dupla imbatível | Fórmula 1

    modalidades cabeçalho

    Se antes de começar a época esperava-se mais competitividade, nas primeiras corridas percebeu-se que isso estava longe de ser real. O que assistimos foi uma vitória antecipada sem concorrência. O domínio da Red Bull e do seu “super Max” não deixou mais ninguém sonhar com a vitória.

    Quando pensamos sobre aquilo que foi esta época, é impossível não nos vir à memória as vitórias consecutivas de Max Verstappen e todos os recordes que quebrava a cada grande prémio. Foram exibições sem precedentes que culminaram no maior número de vitórias numa só época, foram 19, num total de 22 corridas, com a particularidade de terem sido 10 consecutivas. Neste ano histórico para o neerlandês, arrecadou o maior número de pontos num ano, ao atingir 575 pontos para a conquista do seu tricampeonato. Foi o terceiro em três anos, algo admirável nesta categoria, sendo apenas superado por Fangio, Vettel e Hamilton, que alcançaram quatro vitórias seguidas, e Schumacher que ganhou cinco campeonatos consecutivos.

    Foi um autêntico passeio no grid de um dos pilotos mais talentosos de sempre que, apesar de não parecer possível, tem tido uma evolução significativa. A sua qualidade técnica nunca foi posta em causa desde os seus tempos de karts, contudo a sua personalidade, por vezes, era vista como um obstáculo para o seu sucesso. Dono de uma personalidade forte, é explosivo e intempestivo e só vê como meta a vitória. No entanto, em 2023, apresentou-se como um piloto mais maduro e flexível, não dando espaço para erros ou precipitações.

    Nesta que foi a sua melhor época da carreira e uma das melhores de sempre na modalidade, não há sinais de abrandamento desta sua soberania nas pistas, tendo em conta a superioridade que a sua equipa tem demonstrado.

    O sucesso de Verstappen não é individual, uma vez que é fruto de uma equipa que tem estado num nível mais elevado do que qualquer outra, a Red Bull. Apesar disso, é certo que os resultados vistosos da equipa austríaca surgem pela inconsistência das restantes, uma vez que não chegou a ser evidente, ao longo da temporada, qual seria a segunda equipa mais forte do campeonato.

    Apesar de terem apresentado um carro com uma velocidade de ponta extraordinária, a consistência foi a grande arma para apenas terem perdido uma corrida ao longo da época.

    No mundial de construtores, a Red Bull Racing passou a ser a recordista quanto ao número de pontos numa única temporada, atingindo 860 pontos.

    Contudo, há quem compare monolugares com base na prestação do segundo piloto da equipa – neste caso, Sergio Perez – podendo este ser um bom indicador para a temporada de 2024, uma vez que o piloto mexicano foi, inúmeras vezes, superado.

    O que restou do “outro” campeonato:

    Chega até a ser injusto fazer um balanço desta temporada quando nela está uma dupla que parte com voltas de vantagem – Red Bull e Max Verstappen. No entanto, e apesar de estatisticamente não existir sequer uma aproximação, o “campeonato” que as restantes equipas disputaram teve momentos bastante relevantes.

    A Mercedes, segunda classificada no mundial de construtores, teve uma época instável e com resultados que ficaram aquém do que seria expectável. Apesar de Lewis Hamilton ter terminado em terceiro lugar – perto de superar Sergio Perez – a equipa alemã não conquistou nenhuma vitória.

    A Ferrari voltou a não mostrar um carro competitivo e consistente para que pudesse lutar pelo primeiro lugar de construtores. O SF-23 apresentou uma forte degradação de pneus comparativamente com as outras equipas, não conseguindo ter um andamento de corrida capaz de fazer frente aos seus adversários.

    A McLaren não podia ter iniciado a época de uma pior forma, contudo deu a volta e fez um final de temporada bastante positivo. Foi beneficiada por ter tido, a meu ver, a melhor dupla de pilotos deste ano, com o estreante Piastri a conseguir acompanhar o ritmo do seu colega de equipa, Lando Norris.

    A Aston Martin foi a grande surpresa do começo de época, ao atingir consecutivos pódios. Em virtude disso, e, para mim, é um dos melhores acontecimentos da temporada, Fernando Alonso voltou a estar rodeado pelos melhores, estando na sua melhor forma.

    A Alpine sofreu vários altos e baixos, e nem a chegada de Pierre Gasly foi capaz de trazer boas exibições.

    A Williams, apesar de ter um carro pouco competitivo e uma dupla de pilotos bastante desequilibrada, conseguiu ser a melhor equipa dos últimos lugares da tabela.

    A Alpha Tauri não teve uma temporada fácil, principalmente, devido ao facto de ter tido quatro pilotos – Tsunoda, DeVries, Ricciardo e Lawson. A inconsistência presente na equipa, juntamente com a fraca prestação do monolugar, resultou em baixos resultados que só melhoraram no final da época.

    A Alfa Romeo demonstrou ter pouca competitividade, não conseguindo estabilidade suficiente para escapar ao final da tabela.

    A Haas não foi além do último lugar, reunindo 12 pontos, mesmo tendo a dupla de pilotos mais experiente do grid.

    Piloto surpresa – Oscar Piastri

    O rookie australiano conseguiu demonstrar muita segurança e domínio do carro, estando ao nível do seu colega de equipa.  Em conjunto com Lando Norris, conseguiu ter resultados suficientemente bons para que a McLaren “salvasse” a sua temporada e terminasse o campeonato em quarto lugar, à frente da Aston Martin.  O que se espera para um rookie é muito mais do que apenas talento, é preciso maturidade para que um piloto se mantenha nesta categoria. Piastri conseguiu corresponder a todas as expectativas, e as suas boas exibições deixaram com água na boca todos os amantes desta modalidade.

    Piloto desilusão – Sergio Perez

    Apesar de ter sido vice-campeão e de ter conseguido vencer duas corridas, as expectativas e o carro competitivo, bem como a sua experiência, faziam esperar uma temporada muito mais promissora, sem que a “sombra” de Verstappen estivesse tão presente. Conduzia um monologar entusiasmante e tudo fazia prever que seria um dos candidatos ao título, contudo, e apesar de ter terminando em segundo lugar, não é justo vê-lo dessa forma, até porque ficou a 290 pontos do seu colega de equipa. Mesmo que seja um bom piloto e ponderado nas suas decisões de corrida, esta temporada não o demonstrou e era esperado muito mais de si.

    Esta foi uma temporada diferente das anteriores, sem que tenha existido emoção quando a um possível vencedor. Este pareceu estar anunciado desde o primeiro semáforo verde e só havia hipóteses para que Max Verstappen mostrasse, mais uma vez, o talento inesgotável que tem.

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    Mafalda Ferreira Costa
    Mafalda Ferreira Costa
    A Mafalda está no último ano da licenciatura em jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social (ESCS). É apaixonada por desporto e vê nele um hábito diário na sua vida. Desde sempre que acompanha futebol e Fórmula 1, tendo-se rendido recentemente ao ténis. Para além do desporto, a escrita é outra das suas paixões e vê no Bola na Rede a fusão perfeita para aliar esses dois mundos.