A saída do armário da Fórmula E

Antes desta quinta temporada, a Fórmula E era como um adolescente que tentava ser como a irmã mais velha, a Fórmula 1. Porém, a Fórmula E sempre foi mais rebelde, talvez por ser mais imatura, mas também devido às manias de adolescente de ser tecnologicamente mais avançado e preocupado com o ambiente. Sempre que organizava um evento era o caos total, ao contrário da Formula 1 que é sempre muito arrumadinha, e apesar de ser um bocado ‘chatinha’ com as manias ambientais, todos temos um fraquinho pela rebeldia da Fórmula E, contudo, ela acabou de sair da puberdade, e está a lançar-se para um futuro muito interessante.

Nesta temporada vimos muitas mudanças profundas na Fórmula E, desde os carros muito mais exóticos, rápidos e resistentes, a truques curiosos para tornar as corridas mais interessantes como o “Attack Mode”. Estas mudanças deram personalidade própria à Fórmula E, naquela que se tornou a época mais popular e entusiasmante até agora.

Os novos carros da Geração 2, possuem um design muito futurista.
Fonte: Formula E

Até ao último terço da época havia cerca de dez pilotos com uma hipótese realista de conseguir o título. Com uma vitória do décimo classificado, facilmente se saltava para primeiro do campeonato, tal a loucura que se via nas corridas e nas classificações. Nas primeiras oito corridas vimos oito pilotos a vencer de sete equipas diferentes. Isto são números que criavam um ambiente de imprevisibilidade neste campeonato.

Isto foi ajudado por um início de temporada muito inconstante de Jean-Éric Vergne (DS Techeetah). O piloto francês era campeão em título, mas as primeiras corridas da época ficaram marcadas por acidentes e por um claro desespero em chegar à vitória, fazendo ultrapassagens muito mal calculadas que ,demasiadas vezes, acabaram em acidente. Quando voltou ao topo do pódio no Mónaco tudo mudou. Regressou o JEV que venceu no ano passado, e foi a fase mais consistente dele durante a época, sendo que aqui conseguiu afastar-se do candidato mais próximo, Lucas Di Grassi (Audi Sport).

Jean-Éric Vergne foi campeão pela segunda vez consecutiva.
Fonte: Formula E

A época fica marcada pela falta de consistência dos pilotos e dos carros, por exemplo, o carro da Nissan E-Dams sempre foi um dos melhores carros, mas Sebastien Buemi e Oliver Rowland encontravam sempre problemas. O carro da Mahindra começou a época muito bem, com Jerome D’Ambrosio e Pascal Wehrlein a serem considerados candidatos, mas depois do bom inicio de época nunca mais ameaçaram, Sam Bird (Virgin Racing) é outro exemplo de perda de forma.

Olhando para o representante português desta série, António Félix da Costa (BMW I Andretti) foi um dos maiores exemplos desta inconsistência. A época começou da melhor forma, com um carro competitivo e uma vitória na primeira corrida. Na segunda corrida em Marraquexe, o português chocou contra o colega de equipa, e retirou-se da corrida. A partir daqui foi presença constante nos pontos, mas eram poucos, e acabou por não ser o suficiente para trazer o título para casa.

Apesar do bom início de época, não foi o suficiente para Félix da Costa conseguir vencer o campeonato.
Fonte: Formula E

No que toca à qualidade das corridas, as mesmas variavam entre batalhas titânicas pela liderança, como Mitch Evans e Jean Éric Vergne em Berna, ou o caos total como o E-Prix do México e a primeira corrida da final de Nova Iorque. De qualquer das formas, nunca faltava entretenimento para os fãs de desporto motorizado, e este ano, serviu para estabelecer a Fórmula E como um desporto sério com uma identidade própria.

A Fórmula E nunca foi tão grande como agora, e isso é marcado pela presença de grandes marcas do automobilismo mundial. Marcas como Audi, DS, BMW, Nissan e Jaguar são conhecidas pelo mundo inteiro, e para a próxima época, já está confirmada a adição da Mercedes e da Porsche, duas figuras gigantes do desporto motorizado. Isto é compreensível, o futuro do mundo real dos automóveis está dominado neste momento pela aposta na eletrificação, e nesta série, as marcas podem desenvolver as suas tecnologias de mobilidade elétrica e usar o sucesso nas pistas como ferramenta de marketing para promover as mesmas. No fundo, esta foi a época em que a Formula E se tornou mais relevante para o mundo real do que a Formula 1 e isso é um salto de gigante para uma categoria tão jovem.

Uma época cheia de batalhas deliciosas e corridas entusiasmantes.
Fonte: Formula E

O futuro é entusiasmante, esta foi uma época de experimentação, e resultou. Foi criada uma identidade muito própria com os resultados à vista. A popularidade disparou esta época graças à qualidade das corridas, uma possível lição para a Fórmula 1. A Fórmula E acabou de marcar uma posição ao desviar-se de concorrente Fórmula 1, para se tornar um desporto bastante diferente, ao contrário de um substituto. É mais que possível gostar dos dois, e para quem gosta verdadeiramente de corridas e competição, não há muitos desportos motorizados melhores.

Foto De Capa: Formula E

Luís Manuel Barros
Luís Manuel Barros
O Luís tem 21 anos e é de Marco de Canavezes, tem em si uma paixão por automobilismo desde muito novo quando via o Schumacher num carro vermelho a dominar todas as pistas por esse mundo fora. Esse amor pelas 4 rodas é partilhado com o gosto por Wrestling que voltou a acompanhar religiosamente desde 2016.                                                                                                                                                 O Luís escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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