Bruno Magalhães: o sonho continua em 2018

Cabeçalho modalidadesO Campeonato Europeu de Ralis (ERC) terminou no passado fim de semana com Bruno Magalhães a sagrar-se vice-campeão, igualando o melhor resultado de sempre de um português no ERC, quando, em 2003, Miguel Campos foi também segundo.

Bruno Magalhães, já três vezes campeão nacional de ralis, foi acompanhado por Hugo Magalhães ao longo dos oito ralis da temporada e, contra equipas com outros meios, começou da melhor forma possível esta campanha europeia, em março – data da realização do Rali dos Açores, a primeira prova do ERC -, terminando com a vitória. Esta vitória tem vários motivos para ser histórica, desde logo porque o piloto de Lisboa não competia em ralis de terra desde outubro de 2015 e não fazia um rali desde agosto de 2016. Foi uma vitória brilhante e que lhe abriu o caminho para continuar no ERC.

Continuar a campanha europeia foi algo que, durante toda a temporada, foi muito complicado. A dupla lusa teve sempre muitas dificuldades em arranjar apoios, tirando em dois dos oito ralis (Chipre e Letónia). Em Maio, no meu artigo sobre o Rali das Canárias, escrevi o seguinte:

Bruno tem qualidades, está a mostrar agora, mas sem os apoios arrisca-se a ficar parado para a próxima prova, algo que só em Portugal poderia acontecer. Ter uma marca exposta na Eurosport, presente em quase todo o mundo durante mais de 10 minutos por fim de semana de corrida só pode ser negativo, pelo menos é o que devem pensar os responsáveis por cá e, como tal, quero agradecer aos dois patrocinadores que o deixaram sonhar até agora. Pena não existir mais ninguém com a coragem para o ajudar. No estado em que as coisas estão, mesmo que consiga ir a todas as provas, dificilmente conseguirá ser campeão, porque não terá maneira de treinar, enquanto os outros dois pilotos, que já falei, passam a vida a fazê-lo. A dupla Bruno Magalhães/Hugo Magalhães merecia mais, muito mais…

As Canárias foram palco do segundo rali do campeonato, e, no final, Bruno Magalhães continuava na liderança, mas perdeu um dos seus grandes patrocinadores, a Delta, para o que restava da temporada. Um duro golpe nas aspirações da dupla lusitana que se teve de socorrer na Grécia, país do terceiro rali do ERC.

Fonte: ERC
Fonte: ERC

A Seajets tornou-se um parceiro de luxo para os dois portugueses, uma vez que acompanhou a equipa nos restantes seis ralis da temporada, apesar de ter sido sempre difícil para Bruno Magalhães garantir os apoios necessários para estar em todas as provas. Isto prejudica o trabalho da equipa, pois, enquanto Kajetan Kajetanowicz podia passar os dias a treinar, por ter assegurado desde logo toda a temporada, ainda antes do início do campeonato, dado que tinha um forte apoio da M-Sport polaca e um patrocinador com muito dinheiro, a dupla portuguesa tinha de andar a contar trocos para continuar na luta. A meio da temporada, escrevi o seguinte:

Em Portugal, não parece existir interesse na conquista de um título europeu, nunca conquistado, e que apenas por uma vez esteve próximo, quando Miguel Campos, em 2003, foi segundo, num saudoso Peugeot 206 WRC da equipa portuguesa da marca do leão. Acho totalmente inconcebível que em Portugal não se dê apoios a um piloto que é líder de uma competição deste nível a meio do calendário. Assim sendo, tem de ser a empresa grega Seajets a apoiar o nosso piloto, tal como fez nos dois últimos ralis. A juntar à armadora grega estão três secções da ERA, onde destaco a da Expo, por estar sempre ao lado do piloto.

As provas na Polónia e na Republica Checa correram mal, pela falta de treinos e de conhecimento do terreno, apesar do piloto português já ter participado na prova checa em 2014. Seguiu-se Itália, onde mais uma vez esteve até à última para garantir apoios, tendo-se verificado o regresso da Delta, para acompanhar a ERA e a Seajets. O regresso a um lugar no pódio foi muito positivo, mas não o suficiente para encurtar distância para a liderança.

A época e o sonho terminaram na Letónia. Era muito complicado para a dupla Magalhães ser campeã europeia, era preciso vencer, ou pelo menos andar muito perto disto, e esperar que Kajetanowicz tivesse um rali para esquecer. Não aconteceu, e o rali acabou de uma maneira bastante má: um forte acidente contra uma árvore, que danificou fortemente o carro e obrigou Bruno Magalhães a ir ao hospital – felizmente apenas por precaução.

Terminou, assim, uma temporada muito positiva para a dupla Magalhães a nível de resultados, mas infelizmente não tão positiva a nível de apoios e estabilidade. A FPAK (Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting) pouco ou nada fez para ajudar a dupla portuguesa a ser campeã europeia; esperemos que em 2018 tudo isto seja diferente, e, claro, que o piloto português consiga fazer novamente todo o ERC, mas com ainda melhores resultados.

Foto de Capa: ERC

Artigo revisto por: Francisca Carvalho

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O Rodrigo adora desporto desde que se lembra de ser gente. Do Futebol às modalidades ditas amadoras são poucos os desportos de que não gosta. Ele escreve principalmente sobre modalidades, por considerar que merecem ter mais voz. Os Jogos Olímpicos, por ele, eram todos os anos.                                                                                                                                                 O Rodrigo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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