Os desportos motorizados incluem várias modalidades, todas elas com os seus encantos. Hoje vamos falar sobre ralis, já que o título mundial foi entregue na passada quinta-feira.
O espaço desta semana vai ser mais em jeito de biografia do que de opinião, pois a ocasião assim o exige.
Sébastien Ogier sucede ao super-campeão Sébastien Loeb, o que equivale a dizer que o aluno sucede ao professor. Ambos os pilotos contaram, desde novos, com o apoio da Federação Francesa de Automobilismo (FFSA), que, ao patrocinar a participação em provas dos jovens valores do país, lhes dá visibilidade e experiência.
Ogier nasceu em Gap, no sul de França, a 17 de dezembro de 1983. Após vencer o Troféu 206 de França, em 2007, foi convidado para representar a equipa da FFSA no campeonato júnior do mundial (J-WRC), na temporada seguinte, aos comandos de um Citröen C2 S1600. A primeira época do francês nesta competição não podia ter corrido melhor: obteve três vitórias e um segundo lugar, o que lhe garantiu o título mundial. Para comemorar a conquista, a FFSA proporcionou a Ogier a estreia aos comandos de um WRC – o Citröen C4 WRC. Esta estreia deu-se no Rally da Grã-Bretanha, o qual, apesar de ter terminado em 26º, liderou durante as primeiras cinco especiais.
O ano de 2009 marca a estreia do francês a tempo inteiro no campeonato do mundo (WRC), ao serviço da Citröen Junior Team. O melhor resultado da época é o segundo lugar obtido no Rally da Grécia, considerado um dos mais duros do mundo. A classificação final do campeonato foi o oitavo posto, o melhor entre os pilotos da equipa. Nesse mesmo ano, participa ainda, aos comandos de um Pegeuot 207 S2000, no mítico Rally de Monte Carlo, prova que acaba por vencer.
A temporada de 2010 é considerada a época de afirmação do piloto. Neste ano, Ogier consegue as primeiras vitórias no WRC e acaba a temporada a fazer os ralis de terra na equipa oficial da Citröen, em vez da equipa júnior. A sua primeira vitória é no Rally de Portugal, sendo que ganhou ainda o Rally do Japão, mas já ao serviço da equipa principal. O francês termina o ano de 2010 no quarto posto da classificação.
Em 2011, passa em definitivo para a equipa principal da Citröen, que estreia neste ano o novo DS3 WRC. Ao obter cinco vitórias (Portugal, Jordânia, Grécia, Alemanha e França), acaba a temporada em terceiro. Os resultados obtidos abrem a discussão sobre quem a equipa francesa deve escolher para líder: se o campeão Loeb, ou se a estrela em ascensão Ogier. A escolha caiu no primeiro, e Ogier decide mudar de equipa, entrando para a Volkswagem, que se encontrava a preparar a sua entrada no WRC. Foi, no fundo, um passo atrás para conseguir dar dois em frente.
A temporada de 2012 é passada em testes ao Polo WRC e em prova, ao volante do Skoda Fabia S2000. Num carro mais fraco que os WRC, Ogier consegue mesmo assim acabar em 10º no campeonato.
A temporada de 2013 está a ser totalmente brilhante. A estreia do Polo WRC não podia estar a ser melhor e Ogier já venceu seis provas (Suécia, México, Portugal, Itália, Finlândia e Austrália), além de dois segundos lugares (Monte Carlo e Argentina), que já lhe valeram o título mundial, apesar de ainda faltar disputar duas provas e acabar o Rally de França, cujo desfecho é amanhã. Foi precisamente no seu país natal que Ogier se sagrou campeão mundial, pois a Power Stage foi a primeira especial disputada do rali, em vez da última, como habitualmente acontece.
Ogier chega assim, aos 29 anos, ao seu primeiro título mundial, na categoria principal de ralis. Tendo em conta a situação atual da modalidade, a qualidade do piloto e a qualidade do carro, não é de estranhar que este seja o primeiro de muitos títulos. Mas atenção: o próximo Sébastien já vem aí. Falo de Sébastien Chardonnet, de 24 anos (faz 25 no dia 17 deste mês), que, com o apoio da FFSA, está prestes a vencer o WRC3, competição que se destina aos carros da categoria “R3”.
Artigo revisto por: Francisca Carvalho