Se a paixão fosse um homem, seria Frank Williams | Fórmula 1

    Frank Williams

    Nove campeonatos de construtores, sete campeonatos de pilotos, 114 vitórias. Isto são os números que estão agarrados ao nome Frank Williams neste momento, mas não passam disso, números.

    O legado que Sir Frank Williams nos deixou vai muito para lá de simples números, tem a ver com tragédia, glória, paixão, e uma resiliência a nível desportivo como pessoal como não há igual na história da Fórmula 1.

    O já lendário trajeto de Frank Williams na Fórmula 1 começa em 1969, quando ao lado do seu grande amigo, Piers Courage, chega ao pináculo do desporto motorizado, com um chassis da Brabham, sob o nome “Frank Williams Racing Cars”.

    Esta foi a primeira tentativa de Frank entrar na Fórmula 1, tendo ele sido desde muito jovem um apaixonado pela velocidade.

    Contudo, a primeira de várias tragédias vividas por Frank Williams acontecia em 1970, no Grande Prémio dos Países Baixos, onde o seu grande amigo Courage morre num acidente.

    Segundo contam os que eram próximos, este acontecimento abalou Frank Williams, contudo, como que um deja vu daquilo que seria a vida do britânico, ele insistiu em continuar a lutar pelo seu sonho.

    NEsta fase, as dificuldades financeiras da equipa eram claras, reza a história, que Williams ligava para patrocinadores e fornecedores desde uma cabine telefónica, pois tinham cortado as linhas telefónicas da garagem da equipa, por falta de pagamento. Williams tentou segurar a equipa até não dar mais, sendo esta comprada por Walter Wolff em 1976.

    Talvez esta venda tenha chegado como uma benção, pois no ano seguinte, Frank Williams começa a histórica parceria com Patrick Head, e forma a equipa que todos conhecemos hoje, Williams Grand Prix Engineering.

    O sucesso não demora a chegar, e para Frank Williams, a primeira vitória da equipa em 1979 no Grande Prémio da Grã-Bretanha com Clay Regazzoni ao volante, foi o culminar de uma década de luta.

    Mas o principal prémio estava ao virar a esquina, quando Alan Jones vence o campeonato de pilotos, e a Williams o de construtores, na temporada de 1980.

    A década de 80 foi a afirmação da Williams como um dos maiores poderes da Fórmula 1, mesmo com temporadas menos conseguidas, a equipa consegue mais 3 campeonatos de construtores e dois de pilotos.

    Contudo, é também durante uma destas temporadas de glória, que mais uma tragédia cai sobre Frank Williams, o acidente que o deixou tetraplégico em 1986. Durante uma viagem de carro para o circuito de Paul Ricard, o chefe de equipa, conhecido pela sua condução vigorosa, perdeu o controlo do carro onde seguia.

    Este acidente deixou o Williams, um ávido atleta que adorava correr, preso a uma cadeira de rodas, e a necessitar de cuidados contínuos, mas, como uma verdadeira mostra de toda a paixão e resiliência que vivia neste homem, meros meses depois, Frank Williams regressa ao paddock, e à gestão da equipa.

    A década de 90 foi mais uma de sucesso para a Williams, e a primeira metade dos anos 2000, também o foi, sempre com Frank Williams ao leme do barco. No entanto, em 1994, acontece mais um episódio negro na história do eterno chefe de equipa, com a morte de Ayrton Senna, ao volante de um Williams, em Ímola.

    Até 2012, quando passou a tutela da equipa para a filha Claire Williams, Sir Frank foi uma presença assídua no paddock, mesmo perante as dificuldades e sofrimento que sentia devido às consequências do acidente de 86.

    A ligação da família Williams à Fórmula 1, terminou em setembro de 2020, quando esta foi vendida, contudo, o nome continua na grelha, e como uma das equipas mais acarinhadas pelos fãs.

    No dia 28 de novembro de 2021, Frank Williams deixou-nos, mas há algo que fica. Falo do impacto que deixou na Fórmula 1 nos anos de domínio, falo na capacidade de lutar contra tudo e contra todos nos momentos mais inglórios, mas acima de tudo, falo numa mensagem que vai muito além do desporto.

    Se Sir Frank Williams, perante tudo o que  vida lhe atirou para cima, conseguiu, e lutou, o que te impede? O que te pára de lutar?

    Este é um dos maiores exemplos de vida que tínhamos no mundo da Fórmula 1, um homem, que bem depois desta data, estará entre os deuses da Fórmula 1, e servirá de inspiração para todos os que conheçam a sua história.

    A Sir Frank Williams, um muito obrigado, pelos carros, pelos pilotos, pela genialidade, mas acima de tudo, por ser um exemplo a seguir.

    Foto de Capa: Formula 1

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    Luís Manuel Barros
    Luís Manuel Barros
    O Luís tem 21 anos e é de Marco de Canavezes, tem em si uma paixão por automobilismo desde muito novo quando via o Schumacher num carro vermelho a dominar todas as pistas por esse mundo fora. Esse amor pelas 4 rodas é partilhado com o gosto por Wrestling que voltou a acompanhar religiosamente desde 2016.                                                                                                                                                 O Luís escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.