GP Bélgica: O truque está em ser perfeito

    Cabeçalho modalidadesO circuito de Spa-Francorchamps é longo. Dá tempo e espaço para recuperar de erros que possam ser cometidos. Contudo, se algo acontece nas primeiras curvas de uma corrida, é preciso percorrer 7 quilómetros para chegar novamente perto das boxes. É preciso cautela para ser bem sucedido em Spa. Ou então fazer o que Lewis Hamilton fez hoje: não cometer erros.

    O piloto inglês começou a fazer história logo na qualificação. Foi o mais rápido, ganhou a pole, e igualou Michael Schumacher enquanto recordista de pole-positions na Fórmula 1: 68. Terminou com o tempo canhão de 1m42.553 – o melhor de sempre no circuito belga. Valtteri Bottas ainda andou perto de confirmar a dobradinha da Mercedes na grelha mas Vettel não deixou, acabando a qualificação a dois décimos de Hamilton. O finlandês caiu para a segunda linha do grid, seguido de perto por Raikkonen. A terceira linha foi, sem surpresas, dos dois Red Bull.

    A partida foi tranquila e Lewis Hamilton conseguiu segurar a liderança. Alonso tirou do bolso a carta da experiência e ganhou quatro posições, saltando de 11.º para 7.º. Ainda assim, a falta de potência do motor Honda fez com que rapidamente voltasse a cair para décimo. A reacção do espanhol diz tudo: “simplesmente constrangedor. Mas agora já não me importo muito com as diferenças. Isto é só um teste”. Quando um piloto já não se preocupa com os problemas do carro, algo está muito errado na equipa. Acabou por abandonar na vigésima sexta volta.

    Na oitava volta, Verstappen volta a ser atraiçoado pela sorte – o jovem piloto teve de abandonar devido a problemas no motor do Red Bull. Lá à frente, Hamilton consegue cavar uma boa distância para Vettel numa primeira ocasião, mas o alemão puxa dos galões e faz a melhor volta da pista, chegando bem perto do Mercedes. Até que o safety-car chegou: para manter a rotina, os dois Force India voltaram a causar o caos. Esteban Ocon e Sergio Perez tocaram-se e o saldo final foi uma asa partida e um pneu furado. Ocon arrasou o colega de equipa via rádio e a Force India já fala em tomar medidas preventivas para que algo assim não volte a acontecer. Durante o safety-car, os dois da frente param mas com estratégias diferentes – o Mercedes monta pneus macios e o Ferrari ultra macios. Vettel, mais confortável, ataca e tenta mesmo a ultrapassagem, mas Hamilton esteve irrepreensível no GP de deste domingo. Tranquilo, sem grandes hesitações, o piloto inglês fechou o ângulo e impediu que o Ferrari passasse.

    A Red Bull volta a ter uma corrida agridoce: um pódio e um abandono Fonte: Red Bull Racing
    A Red Bull volta a ter uma corrida agridoce: um pódio e um abandono
    Fonte: Red Bull Racing

    Até ao fim, Vettel nunca desistiu e foi sempre mais rápido nas curvas. Hamilton tinha superioridade na velocidade de ponta nas rectas. O piloto da Mercedes aguentou bem a pressão e soube controlar a corrida e a vantagem até ao fim, confirmando a vitória no seu 200.º Grande Prémio. O último lugar do pódio ficou para Daniel Ricciardo: o australiano soube aproveitar o período de velocidade controlada e mudou de pneus, o que lhe deu uma grande vantagem sobre Bottas e Raikkonen. Passou os dois e beneficiou da penalização do piloto da Ferrari, que não desacelerou com as duas bandeiras amarelas no ar. Mesmo com este castigo, Raikkonen ainda conseguiu ficar à frente de um apagado Valtteri Bottas.

    Nota negativa para os abandonos de Fernando Alonso e Max Verstappen. O espanhol resignou-se à falta de potência do McLaren e a falta de competitividade do experiente piloto é uma má notícia para a F1. O holandês tem sofrido inúmeros baldes de água fria devido à inconsistência do Red Bull – apesar de já ter abandonado por erro próprio –, e depois de uma primeira temporada cheia de promessas, esta está a ser uma verdadeira desilusão. Nota positiva para mais um pódio de Daniel Ricciardo. Na Red Bull, se um chora, o outro sorri. Grande destaque para a prestação de Lewis Hamilton, que mostrou o porquê de ser considerado o melhor piloto da última década.

    O choque entre Esteban Ocon e Sergio Perez merece notoriedade, no prisma negativo, claro. Os dois pilotos da Force India voltaram a envolver-se num conflito que levou, inclusive, à desistência de Perez. Ocon criticou severamente o colega de equipa pelo rádio e é visível a má relação dos dois. Hamilton e Rosberg davam-se mal, é um facto; mas nunca chegou a este ponto. A Force India tem de agir e proteger-se de danos mais graves.

    Lewis Hamilton venceu no regresso da pausa de verão e está apenas a sete pontos de Sebastian Vettel. O inglês só precisa de vencer o próximo GP para saltar para a liderança da classificação geral. A Fórmula 1 volta já no próximo fim-de-semana, de 1 a 3 de Setembro, no Grande Prémio de Monza.

    Foto de Capa: Mercedes-AMG

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    Mariana Fernandes
    Mariana Fernandes
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