GP Itália: Ricciardo aproveita drama para voltar a vencer

    A CORRIDA: “SHOEYS”, BOTTAS, “CAVALITAS” E POUCO “CAVALLINO”

    A ronda número 14 do campeonato de Fórmula 1 de 2021 viu o regresso do “circo” ao Parque Real de Monza, em Itália. Num fim de semana que também contou com a segunda das três corridas “sprint” da presente temporada, ganha por Valtteri Bottas (Mercedes) e que serviu para definir a grelha de partida para domingo, este podia revelar-se mais um momento decisivo para as contas de ambos os campeonatos.

    Dos 20 pilotos, apenas quatro optaram por começar a corrida em pneus diferentes dos médios, preferindo os duros: Bottas, relegado para a última linha da grelha após penalização, o seu colega de equipa Lewis Hamilton, Robert Kubica (Alfa Romeo) e o vencedor do ano passado, também penalizado, e partindo das boxes, Pierre Gasly (AlphaTauri).

    Com vários dos candidatos desposicionados, oportunidade de ouro para os dois McLaren de Daniel Ricciardo (2.º) e Lando Norris (3.º) para acumular pontos na luta pelo 3.º lugar no campeonato de construtores.

    Na partida, Ricciardo de imediato a passar para a frente da corrida após ultrapassagem a Max Verstappen (Red Bull) na travagem para a primeira curva. Poucos segundos depois, contacto entre os rivais Hamilton e Verstappen na Variante della Roggia, com o holandês a encostar o britânico “às cordas” e a manter o segundo lugar, enquanto o Mercedes caía de novo para o 4.º lugar em que começara.

    Enquanto isso, Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo), que havia feito uma boa partida, sofre toque de Carlos Sainz (Ferrari) e, com danos na dianteira do carro, desce às boxes e cai para último. O incidente força os comissários a activar o “Virtual Safety Car” por uma volta, de modo a recolher os detritos deixados em pista pelo italiano.

    O recomeço revela-se bastante mais tranquilo para a generalidade dos pilotos, menos para o par da AlphaTauri: à passagem da volta cinco, Gasly junta-se ao colega de equipa Yuki Tsunoda nas boxes, e a segunda falha mecânica do dia consuma o fim do Grande Prémio para a equipa italiana.

    Com um quarto da sessão disputado, Ricciardo continuava na frente, enquanto Norris e Hamilton lutavam pelo 3.º posto, Nicholas Latifi (Williams) se ia destacando na luta pelo último lugar pontuável, Bottas ganhava lugares a bom ritmo e o Alpine de Esteban Ocon e o Aston Martin de Sebastian Vettel se envolviam numa luta acesa pelo 12.º lugar, que acabou por valer uma penalização de cinco segundos ao francês.

    Ao fim da volta 22, a McLaren opta por trazer o líder Ricciardo às boxes para mudança de pneus, enquanto Verstappen continua por uma volta extra. A vez de Verstappen chega logo de seguida e… desastre para o holandês. Um erro na troca do pneu dianteiro direito do Red Bull custa nove segundos a Verstappen, que emerge das boxes atrás de uma fila de carros e muito longe de Ricciardo.

    O pesadelo de Verstappen torna-se ainda pior duas voltas depois quando, em mais um dos grandes momentos dramáticos desta temporada, Hamilton sai das boxes após a sua paragem e os dois rivais aparecem lado a lado na travagem para a primeira curva. Hamilton aperta Verstappen que, por fora na curva, não consegue evitar o separador alto e ganha altitude, a traseira do Red Bull a “escalar” a traseira do Mercedes e os dois pilotos a acabar na gravilha, e de fora do Grande Prémio da Itália.

    “Safety Car” em pista, muitos pilotos (como os dois Ferrari) a aproveitar a neutralização de corrida para uma troca de pneus com benefício estratégico e tudo em aberto para o desfecho, com menos de metade da corrida por disputar.

    A ordem do Top 6 era, ao segundo recomeço, Ricciardo, Charles Leclerc (Ferrari), Norris, Sergio Pérez (Red Bull), Sainz e o “homem numa missão” Bottas. Desde logo a corrida entra em ebulição com lutas entre Norris e Leclerc, com o britânico a subir a 2.º, Bottas e Sainz, com o finlandês a subir a 5.º, e os dois Haas de Mick Schumacher e Nikita Mazepin, na cauda do pelotão, a reactivarem a sua animosidade com o russo a precipitar o alemão para um peão que o atira para último.

    Apesar da impressionante posição de 1-2 da McLaren, neste momento o destaque ia mesmo para Bottas, que “despachava” o outro Ferrari para subir a 4.º e de imediato fazia a volta mais rápida provisória da corrida, para tentar acrescentar mais um importante ponto para o campeonato de construtores, ainda mais importante com Hamilton e Verstappen de fora, e Pérez imediatamente à sua frente.

    À volta 38, boas notícias para Bottas, que via a sua tarefa facilitada quando os comissários atribuíam cinco segundos de penalização a Pérez por ganhar vantagem irregular após saída dos limites de pista. Enquanto isso, Norris acedia à instrução de não atacar Ricciardo, numa altura em que os dois McLarens eram ainda primeiro e segundo, e novo “Virtual Safety Car” à volta 44 após avaria do Haas de Mazepin.

    As últimas oito voltas não trouxeram alterações de relevo e o “Honey Badger” australiano, que não vencia desde 2018, foi mesmo o primeiro a ver a bandeira de xadrez agitada por Lamont Jacobs, velocista e medalhista de ouro italiano. Os “Shoeys” no pódio, servidos por Ricciardo também a Norris e ao chefe de equipa Zak Brown, coroaram uma vitória 1-2 para a McLaren, algo que também não acontecia desde os tempos da parceria entre Hamilton e Jenson Button (2010).

    O resultado dá nova dinâmica ao restante campeonato: com oito corridas por disputar, a McLaren ganha uma vantagem de 13.5 pontos sobre a Ferrari, enquanto Mercedes (362.5 pontos) e Red Bull (344.5) continuam a luta pelo lugar cimeiro.

    Nos pilotos, continuam os mesmos cinco pontos de diferença entre Verstappen e Hamilton no topo, enquanto Bottas (141) e Norris (132) prosseguem a sua disputa pessoal pelo terceiro lugar. A Fórmula 1 entra agora em pausa de uma semana, retomando no fim de semana de 25 e 26 de Setembro no traçado de Sochi, na Rússia.

    PILOTO DO DIA:

    Valtteri Bottas (Mercedes) – Depois da recente notícia do fim da ligação do finlandês à Mercedes no final da actual temporada, Bottas respondeu com uma performance brilhante em Monza.

    Com a vitória no “Sprint” de sábado no bolso, e partindo agora da última linha da grelha, o experiente piloto subiu, subiu e subiu, só parando no último degrau do pódio. Apesar de uma ligeira perda de ritmo nas últimas voltas em pneus médios, a prestação de Bottas no primeiro “stint” foi impressionante e que podia ter sido coroada com a volta mais rápida da corrida, algo que só não aconteceu por culpa de Daniel Ricciardo, que a “roubou” das mãos do finlandês na última volta.

    O australiano também merece palavra de reconhecimento por uma corrida absolutamente sem falhas, e que controlou de fio a pavio.

     

    DESILUSÃO DO DIA:

    Lewis Hamilton (Mercedes) – Ao contrário da performance quase imaculada do seu colega de equipa, o ainda campeão em título e um dos dois maiores candidatos ao título teve uma corrida pouco característica em Monza.

    A partir da 4.ª posição na grelha, e apesar de um arranque sólido, Hamilton viu-se envolvido em lutas iniciais com Verstappen e Norris, ambas com desfecho negativo, teve uma paragem nas boxes lenta que comprometeu a sua posição em pista e nunca chegou a conseguir entrar na segunda metade da corrida: o seu Grande Prémio terminou na gravilha, com o Red Bull de Verstappen “às cavalitas” naquilo que pareceu (mais um) incidente de corrida entre os dois rivais.

    A falta de andamento de Hamilton comparativamente a Verstappen e aos dois McLarens podia explicar-se pela incapacidade do Mercedes em seguir outros carros de perto, exponenciada neste traçado predominantemente rectilíneo, mas Bottas também desmistificou essa teoria com um total de 16 lugares ganhos durante o total de 53 voltas.

     

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    Carlos Eduardo Lopes
    Carlos Eduardo Lopeshttp://www.bolanarede.pt
    Concluída a licenciatura em Comunicação Social, o Carlos mudou-se para Londres em 2013, onde reside e trabalha desde então. Com um pai ex-piloto de ralis e um irmão no campeonato nacional de karts, o rumo profissional do Carlos foi também ele desaguar nas "águas rápidas" da Formula One Management, onde trabalhou cinco anos. Hoje é designer numa empresa de videojogos, mas ainda não consegue perder uma corrida (seja em quatro ou duas rodas).